terça-feira, 31 de março de 2009

audio-video-sitios de pesquisa

Olá a todos!


DO SUJEITO CORPORAL AO SUJEITO PÓS ORGÂNICO

Uma palestra com o psicanalista Benilton Bezerra Jr. sobre as discussões suscitadas pelos recentes avanços da ciência. Ele está dividido em seis partes, as seguintes estão no canto da tela.

A SEXUALIDADE

Outra palestra com o também psicanalista Flávio Gikovate sobre a sexualidade, que diz respeito à questão do corpo e talvez possa servir de adubo para reflexões futuras.

Filosofia com café

Este é um blog que tem vários vídeos sobre vários temas diversos (redundante mas explica bem).

Bons estudos!

Sugestão do aluno Reinaldo

Professor,

Estava lendo este texto, seria interessante dividi-lo com o resto da turma através do blog.

Acho que traria reflexões sobre o tema que discutiremos na próxima segunda-feira em aula.

http://www.adepol-se.org.br/Artigos.asp?identificacao=22

Atenciosamente,-- Reinaldo Bittencourt
Turma 05 de "Estudos Sobre a Contemporaneidade"

quinta-feira, 26 de março de 2009

Grupos da turma de segunda

Corpo, comportamento e expressão
Angela, Alan Alves, Flávia, Lucas, Luana, Brisa, Anni, Ezequias, Simone e Jessica

Identidade, subjetividade e diversidade
Beatriz, Gabriela, Tiago, Lais, Reinaldo, Larissa, Felipe, Rodrigoe Valdinei

Poder, direitos, cidadania
Cleber, Antonio Jr, Davi, Vagner, Araíldes, Gabriel Carvalho, Marília, Paula, Hugo Magno, Pedro Barreto e Eliseu

Ciência, Inovação e Tecnologia
Fernanda, Marcia, Rendel, Antonio Carlos, Braz, Leonardo, Lucas, ìcaro e Yvenio

Comunicação, redes e globalização
Giovana, Normélia, Alan, Deusilene, Marina, Leandro, Dionício, Jovino, Tassio e Arthur

Textos deixados na xerox e explicações sobre as atribuições dos grupos

Olá querid@s.

Nossa pasta na Facom está com os textos obrigatórios dos três primeiros grupos de temas. Também coloquei um texto complementar no grupo dois que ajuda muito para entender as discussões sobre subjetividade. Já percebi que essa é uma grande lacuna de quase todos.

Reitero que é fundamental que todos leiam os textos obrigatórios para que possamos verdadeiramente avançar nas discussões em sala de aula.

Para que não fiquem dúvidas, repito as explicações sobre os grupos:

O grupo que verbaliza deve: ler com muita atenção o texto obrigatório, estudá-lo com dedicação e com pesquisas adicionais, para destacar os seus aspectos mais importantes para serem discutidos em sala de aula. além disso, deve trazer exemplos, casos, que possuem alguma relação com as idéias e conceitos centrais do texto. Essa relação não precisa ser, necessariamente, um esforço para comprovar o que o autor disse, mas pode também apontar as limitações, problemas do texto do autor.

O grupo que observa deve: apontar os pontos positivos e as falhas nas interpretações realizadas pelo grupo que verbaliza e também dos demais colegas.


Ao final, devemos responder a seguinte questão: por que é ou foi importante realizar essa discussão em nosso curso? as leituras e discussões fizeram com que entendêssemos melhor a contemporaneidade?


Eis as referências dos textos:

Sobre corpo - percepção, movimento e expressão

Textos obrigatórios

MAFFESOLI, Michel. A conquista do presente. Rio de Janeiro: Rocco, 1982, cap oitavo - Teatralização da vida cotidiana, p.131-143.

COUTO, Edvaldo. O Homem-Satélite Estética e mutações do corpo na sociedade
tecnológica. Ideaçao, Feira de Santana, n. 3, p.201-205, jan./jun. 1999

ou trecho do livro do mesmo autor, capítulo O homem-satétile (que tb está na pasta da xerox).

Sobre subjetividade, identidade, diversidade

Texto obrigatório

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Jeneiro: DP&A, 2006 (não é todo o livrinho, alguns capítulos)

Texto complementar:

WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). Identidade e diferença. A perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis, Vozes, 2007, p. 7 a 72

(OBS: texto é meio longo, mas ótimo para ler e compreender as discussões sobre o tema, em especial as explicações sobre subjetividade).

Sobre poder, direitos, cidadania

Texto obrigatório

DEJOURS, Christophe. A Banalização da Injustiça Social. São Paulo: FGV, 2002. (capítulos 8 e 10)

terça-feira, 24 de março de 2009

Texto Lucas

Lucas mandou a seguinte mensagem para ser postada aqui, em relação ao meu post "novas questões"

As palavras constroem a nossa realidade, digo, construímos a nós e a realidade à nossa volta ao articular e conceber as conexões das palavras que levamos conosco. Podemos, portanto, ser o que quisermos, e isso para o bem ou para o mal, temos essa prerrogativa de seres humanos e por isso devemos buscar o nosso olhar, ou melhor, construirmos o nosso próprio olhar sobre quem mesmo somos nós e assumirmo-nos como sujeitos de nossa própria experiência. Precisamos imergir, pular do barco turístico e mergulhar o mais profundo que pudermos, nos deparando em alguns momentos com a falta de ar e com criaturas estranhas, por vezes até ameaçadoras. Assim ficaremos à vontade nesse mundo, como um ermitão que criou guerras e sente o mar como sua própria casa, em paz com a sua existência.

lucas.

O mar é tudo.

Aviso - turma segunda

pessoas, quem quiser o texto mais completo do professor edvaldo couto, a ser discutido a aula da próxima segunda, pode enviar um mail para colling@oi.com.br
estou com o texto em pdf

lucas ficou de deixar uma cópia na pasta hoje (terça)

abrs

domingo, 22 de março de 2009

mais um texto sobre o que falamos em aula - caderno mais, da folha, de hoje

O reino da contradição

EXCOMUNHÃO DA EQUIPE QUE REALIZOU ABORTO EM MENINA VIOLENTADA EM PERNAMBUCO REDUZ AUTORIDADE MORAL DA IGREJA BRASILEIRA
O Brasil poderia ter um papel central na busca de soluções para o problema

KENNETH SERBINESPECIAL PARA A FOLHA
A excomunhão de profissionais de saúde que ajudaram a menina de nove anos de Pernambuco que sofreu abuso sexual a se submeter a um aborto de fetos gêmeos, realizado no dia 4 passado, revelou a contradição da Igreja Católica ao tentar orientar o mundo nas questões sexuais e reprodutivas.Quando enfatizou publicamente a exclusão automática dos profissionais de saúde sob a lei canônica, dom José Cardoso Sobrinho, arcebispo de Olinda e Recife, foi completamente contra os sentimentos cristãos de compaixão expressos pelos brasileiros, desde os cidadãos comuns até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.Poderes de RomaE finalmente confirmados pelo próprio Vaticano, que raramente critica seus bispos de maneira tão direta quanto o fez na edição de 14/3 de "L'Osservatore Romano".Mas a questão é que o Vaticano permitiu e até instigou muitos outros atos semelhantes de insensibilidade de dom José desde que ele chegou a Olinda e Recife em 1985.Os poderes de Roma o escolheram expressamente para desmantelar o trabalho e combater as ideias do maior e mais amado bispo moderno do Brasil, dom Hélder Câmara [1909-99], fundador da Igreja dos Pobres [movimento lançado por religiosos participantes do Concílio Vaticano 2º, em 1962] e um líder de grande sensibilidade em relação aos oprimidos.Dom José sobreviveu no cargo em meio a rumores de sua demissão e avaliações de muitos na igreja brasileira de que era inadequado para o posto -um simples burocrata jurídico que havia subido na instituição por causa de sua lealdade à hierarquia.Ironicamente, as declarações de Cardoso Sobrinho sobre o aborto vieram no rastro das comemorações do centésimo aniversário do nascimento de dom Hélder.Por um lado, o episódio ilustra como a igreja defende a vida em todas as frentes, opondo-se a guerras injustas, tortura, pena de morte, assassinato, eutanásia, pesquisa de células-tronco e aborto.Memória da pedofiliaPor outro, demonstra grande inflexibilidade baseada na lógica do poder em uma imensa instituição dirigida por (pelo menos nominalmente) homens solteiros incapazes de compreender visceralmente os desafios e as responsabilidades de uma família.Nas trincheiras da vida cotidiana no Brasil e na ausência de reformas, mulheres de todas as idades e origens continuarão fazendo aborto pelas inúmeras razões que levaram as mulheres a praticá-lo em todas as eras.Mesmo nos Estados Unidos, onde o acesso à educação sexual e ao controle natal e as rendas são maiores, as mulheres continuam abortando em altos índices.Uma contradição ainda mais profunda ficou aparente nas reações de dom José e da hierarquia ao fato de que a menina de Pernambuco foi vítima de um padrasto pedófilo que abusava dela desde os seis anos.A igreja brasileira encobriu sua própria história de tolerância a padres pedófilos e outros incidentes de abuso sexual clerical.Mais uma vez os bispos do Brasil falharam em admitir essa realidade, em contraste com a igreja americana, que pagou bilhões de dólares em indenizações às vítimas e estabeleceu programas especiais para combater o problema. Essa atitude reduz a autoridade moral da igreja brasileira sobre o aborto e sobre outras questões.Com o tema "Fraternidade e Segurança Pública", a Campanha da Fraternidade [da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB] deste ano menciona o problema dos pedófilos não religiosos no Brasil, mas não entra em detalhes.De fato, quando viajei ao Brasil em agosto passado para o lançamento de meu livro "Padres, Celibato e Conflito Social" (Companhia das Letras), que detalha o problema de sacerdotes que cometem abusos sexuais, não pude apresentar meu trabalho na sede da CNBB, em Brasília, por causa da excessiva sensibilidade que cerca a questão sexual.E isso apesar de que um dos objetivos do meu livro fosse ajudar a igreja a refletir sobre o problema de maneira histórica e objetiva. Silêncio conspícuo Resta ver como a igreja brasileira irá reagir a essa última manifestação da questão do aborto.É interessante notar que, como maior país católico do mundo, o Brasil poderia ter um papel central na busca de soluções criativas para o problema. Depois de iniciar o segundo governo Lula com um apelo histórico para o debate sobre o aborto e insistindo no tema durante a visita do papa Bento 16, em 2007, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, havia estado conspicuamente silencioso até sua repreensão pública a dom José.Lula e Temporão poderiam usar a indignação moral sentida por muitos brasileiros nesse incidente para relançar a ideia de um diálogo nacional sobre o aborto. Liderança No diálogo com a igreja e outros grupos religiosos -desde organizações de adoção até a Igreja Universal do Reino de Deus, que defende o direito da mulher a escolher-, o Brasil poderia criar uma legislação e programas únicos e assumir uma posição de liderança na América Latina e no mundo.Todos, incluindo dom José e os demais bispos brasileiros, poderiam começar assistindo a um filme da jovem diretora brasileira Carla Gallo ["O Aborto dos Outros", 2008], que retrata o caso de uma adolescente que engravida em consequência de um estupro e decide recorrer ao aborto legal.Como o caso da menina de Pernambuco, o filme demonstra que a realidade está longe das páginas da lei canônica e como é terrível a decisão de abortar.
KENNETH SERBIN é professor de história na Universidade de San Diego (Califórnia) e pesquisa a história do aborto no Brasil. Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves.

matéria sobre warhol publicada hoje na folha

como ganhar dinheiro hein???


Paris vê os ricos e famosos de Warhol

Na década de 60, Andy Warhol (1928-1987) cobrava US$ 25 mil para fazer retratos dos ricos e famosos que o procuravam. Começava por fotografá-los com sua polaróide e depois trabalhava a foto com cores por meio de uma técnica especial de serigrafia sobre tela.Os retratos eram feitos em múltiplas cores, e o retratado podia levar o primeiro por US$ 25 mil e os seguintes por US$ 15 mil cada um. Em geral, os milionários compravam vários.O marchand norte-americano Paul Polsky, autor do livro "I Bought Andy Warhol" (eu comprei Andy Warhol; ed. Bloomsbury, importado), ressalta que "a repetição é um elemento muito importante da estética de Warhol".Considerado um gênio da arte e dos negócios, o artista pop mais conhecido do século 20 gostava de dinheiro e do "grand monde", como os franceses costumam chamar o mundo dos ricos e poderosos.Trinta anos após uma grande retrospectiva feita nos Estados Unidos, o Grand Palais, em Paris, inaugurou na última quarta-feira a maior exposição do artista.Chamada "Le Grand Monde d'Andy Warhol" (o grande mundo de Andy Warhol), a mostra tem 143 obras e é dedicada aos retratos feitos por Warhol durante toda a sua carreira. Logo, as célebres latas de sopa Campbell e as garrafas de Coca-Cola estão ausentes.Mas podemos ver o magnífico "Última Ceia", de 1987, que não mostra os 12 discípulos ceando com Jesus, mas apenas um retrato de Cristo multiplicado 112 vezes.Indústria da arte"Com essa série de "portraits", Warhol retratou toda a sociedade, pondo em prática uma nova forma de produção artística, em série, quase industrial", escreve na apresentação da exposição o historiador de arte e curador Alain Cueff.Nomes como Mao Tsé-tung, Marilyn Monroe, Liz Taylor, Lênin ou Jacqueline Kennedy não chegaram a posar para a polaróide de Warhol. Ele os retratou a partir de fotos de outros fotógrafos.Na realidade, tudo começou com o retrato de Marilyn Monroe, feito em 1962, logo após a morte da atriz. O marchand do artista, Leo Castelli, o vendeu por US$ 1.800 ao colecionador Leon Kraushar, que o guardou até sua morte, em 1967, quando foi comprado por um alemão por US$ 25 mil.Em 1998, o retrato de Marilyn por Warhol foi revendido pela Sotheby's por US$ 17,3 milhões, um recorde na época para uma obra contemporânea. Atualmente, os preços dos retratos do artista começaram a cair, oscilando entre US$ 250 mil e US$ 800 mil.Obra retiradaAté sua morte, em 1987, Andy Warhol havia feito retratos de estrelas do cinema, como Liz Taylor, Brigitte Bardot e Jane Fonda; de astros do rock, como Madonna e Mick Jagger; de políticos, como Willy Brandt, o xá da Pérsia e Edward Kennedy; e de personagens do jet-set internacional, como Gianni Agnelli, Caroline de Mônaco ou a princesa Lee Radziwill, irmã de Jackie Onassis.A montagem da exposição foi perturbada pela polêmica entre o companheiro de Yves Saint Laurent (1936-2008), Pierre Bergé, e o curador Cueff. Os quatro retratos de Yves Saint Laurent feitos por Warhol haviam sido emprestados por Bergé para a exposição.Como foram colocados na sala Glamour, onde há retratos de outros estilistas como Giorgio Armani, Sonia Rykiel e Hélène Rochas, Bergé preferiu retirá-los por não concordar que Saint Laurent fosse visto como um simples "couturier" (costureiro), e não como um artista.Ele queria ver Saint Laurent ao lado dos retratos de Man Ray, Roy Lichtenstein e David Hockney. O curador não conseguiu convencer Bergé a deixar o quadro onde fora colocado. Na véspera da inauguração, Bergé mandou retirar Saint Laurent do Grand Palais.Apesar dessa lacuna, a mostra é uma síntese formidável da obra de um grande artista, muitas vezes confundido com sua imagem de mundano, cínico e cúmplice da superficialidade que cerca as celebridades.Não foi o próprio Andy Warhol quem disse que, no futuro, todo mundo teria 15 minutos de fama?

sábado, 21 de março de 2009

Mais um texto

Mais um texto publicado na Folha de hoje que tem a ver com as nossas discussões dessa semana.
É de Antonio Cícero.

A ética e a religião



EMBORA TALVEZ já se tenha falado até demais sobre o episódio da excomunhão da mãe que autorizou o aborto da filha de 9 anos que havia sido estuprada pelo padrasto, bem como dos médicos que a fizeram abortar, quero ainda chamar atenção para uma coisa. É que a condenação quase unânime, pela opinião pública, tanto ao arcebispo que anunciou a excomunhão quanto à Igreja Católica foi de natureza moral.Em outras palavras, considerou-se, de maneira geral, que a Igreja estava moralmente errada ao condenar esse aborto; ao dar mais importância à sobrevivência do feto do que à vida e ao bem-estar da criança de nove anos; ao excomungar a mãe, que pôs a vida e o bem-estar da filha que ama acima da vida do neto ainda nem sequer nascido, e que havia sido concebido em circunstâncias traumáticas tanto para ela quanto para a filha; e ao excomungar os médicos que agiram segundo a sua ética profissional e de acordo com as leis do país. Ora, é evidente que essa condenação moral à Igreja não é de origem religiosa.Pois bem, as religiões se consideram a fonte de toda ética. É assim que, sempre que a imprensa destaca um crime hediondo, o aumento dos índices de criminalidade ou um episódio de corrupção de políticos, os moralistas religiosos aproveitam para se manifestar na imprensa.Em artigos ou cartas de leitores, eles apontam, como a causa da proliferação de tais acontecimentos lamentáveis, o descaso contemporâneo de grande parte da população pela religião e, consequentemente, pelos valores cristãos.Ultimamente esse descaso tem sido associado -quando não atribuído- ao relativismo. O exemplo foi dado pelo cardeal Ratzinger que, às vésperas de se tornar o papa Bento 16, advertiu que "estamos a caminho de uma ditadura do relativismo que não reconhece coisa nenhuma como certa".Supõe-se, assim, que uma pessoa que ache, por exemplo, que não há certo ou errado absolutos, mas que tudo depende da cultura a que cada qual pertence, relativiza, ipso facto, as regras morais e as leis que imperam na sua própria cultura, o que lhe torna mais fácil contemplar a violação dessas regras e leis.Digamos que isso seja verdade. Dado esse "diagnóstico", o "remédio" prescrito pelos moralistas é, evidentemente, a volta às "certezas absolutas" da religião.Mas como, se as "certezas absolutas" das religiões caíram exatamente porque jamais foram realmente certas?A verdade é que não é possível racionalmente voltar para aquém do relativismo. O relativista cultural, por exemplo, sabe que foi por uma série de circunstâncias aleatórias que ele veio a ser, digamos, cristão; sabe, portanto, que, se tivessem sido outras as circunstâncias, ele teria sido, talvez, muçulmano ou budista.Basta-lhe saber isso para reconhecer o caráter contingente -e por isso relativo- de todas as religiões, inclusive da sua. Como, então, fingir que as "verdades" dela sejam superiores às das outras, ou às do irreligioso? É claro que ele poderia declará-las superiores exatamente por serem as suas: os outros que tenham outras verdades. Mas o que seria isso senão exatamente... relativismo?Contudo, se não se pode voltar para aquém do relativismo, por que não ir além dele?Não será, exatamente o reconhecimento de que é possível que a verdade não esteja comigo, mas sim com o outro, o princípio de uma ética universal? Por esse princípio, obrigo-me (seja quem eu for) a respeitar a liberdade do outro (seja quem ele for) até o ponto em que a sua liberdade não tolha a minha.Esse princípio se manifesta também na chamada "regra de ouro", que diz "não faças ao outro o que não queres que te façam".Tal regra não pertence a esta ou àquela religião positiva. Exprimindo simplesmente um procedimento racional de reciprocidade na convivência social, ela foi, por meio das mais diferentes formulações, expressa não apenas por cristãos, mas por zoroastristas, confucianistas, judeus, hinduístas, budistas, ateus etc. É desse modo que o relativismo é superado pelo reconhecimento de um princípio absoluto puramente racional e negativo.Voltando agora ao episódio mencionado da excomunhão, podemos dizer que é esse princípio puramente racional e negativo que, em última análise, permite-nos julgar os preceitos das religiões positivas; e que são estas que, ao mesclar regras irracionais e particulares a princípios éticos racionais, logo universais, acabam por relativizar e enfraquecer estes últimos.

quinta-feira, 19 de março de 2009

para rodrigo

rodrigo, deixei os textos para vc scanear e hoje de tarde (quinta) eles ainda estavam na secretaria do ihac. procure fábio ou jarbas, os textos estão com eles.

dica

texto publicado na folha de hoje, que pode servir para nossas futuras reflexões

CONTARDO CALLIGARIS

Coisa de homens

Os atiradores parecem agir na tentativa desesperada de se levarem a sério

DUAS notícias na Folha de quinta passada. Em Wendlingen, Alemanha, Tim Kretschmer, 17, saiu de casa com uma Beretta 9 mm e 200 cartuchos. O pai do jovem colecionava armas, todas legais e bem guardadas, salvo a fatídica pistola, que estava na gaveta de um criado mudo. Kretschmer matou 15 pessoas, no colégio do qual ele tinha sido aluno, ao longo da estrada e numa revenda de carros, onde ele, enfim, suicidou-se. Em sua grandíssima maioria, os alvos eram femininos. Kretschmer não tinha um rancor especial pela escola onde se formara e, campeão de tênis de mesa, não era marginalizado socialmente. Em Kinston, Alabama, EUA, Michael McLendon, 28, matou dez pessoas, começando pela mãe. McLendon (com dois fuzis, uma pistola e uma espingarda) eliminou uma lista de parentes que, aparentemente, ele detestava. As autoridades declararam: "Ele não tinha sido demitido, não houve rompimento amoroso. Ele não tinha ficha criminal nem história de distúrbios mentais". Os assassinatos em massa já são uma tradição nos EUA (desde o massacre de Columbine, em 1999) e na Alemanha (desde o massacre de Erfurt, em 2002). Mas a epidemia começou na Escócia, em 1996, com a morte de 16 crianças e um professor (mais o assassino, suicida).E houve duas manifestações na Finlândia (nove mortos em 2007 e 11 em 2008). Isso sem contar o Iêmen, em 1997, com a morte de seis crianças e dois adultos. Claro, a mídia facilita a identificação por contaminação: de país em país, o comportamento extremo de alguém se torna "exemplar" para outros. Mas isso não nos diz a razão da série, apenas explica sua possibilidade. A cada vez, a gente se pergunta o que pode levar alguém a sair matando. Uma patologia? Um evento inadmissível? A sensação de uma exclusão irremediável? A história de cada atirador é diferente. Alguns eram de classe média, outros de classes menos favorecidas. Alguns pareciam ter um brilhante futuro, outros acabavam convencidos de que o mundo não era lugar para eles. Entre esses, havia os que execravam sua exclusão e os que a curtiam como se fosse um privilégio. Alguns sofriam de depressões ou transtornos mais graves, mas não todos. Será, então, que a série de horrores corresponde a um traço cultural? E lá vamos nós, reinventando banalidades sobre o "horror" moderno. Seja como for, diante dos massacres, é difícil não procurar denominadores comuns. Por exemplo, esses gestos homicidas e suicidas são propositalmente públicos. Não se trata de alvejar os passantes a partir de uma janela escondida: a matança é teatral. Como se, para os atiradores, encarnar o anjo da morte (dos outros e deles mesmos) fosse uma demonstração, uma prova, que deve valer aos olhos de todos. Uma prova de quê? Pois é, os atiradores são sempre homens. O que eles querem provar? A identidade da gente é um tecido de imagens incertas; nesse jogo de espelhos, há poucos atos "reais", que possam dizer a que viemos sem que seu sentido dependa do olhar dos outros. Como dizia um psicanalista famoso, é possível que haja só dois atos dessa qualidade: dar à luz e morrer. Claro, para os "meninos" só sobraria morrer. Mas acrescento: morrer e, talvez, matar. Atrás da singularidade de suas razões, os atiradores parecem agir numa tentativa desesperada de se levarem a sério e de serem, enfim, levados a sério. Algo assim: "O mundo me desprezará, mas, diante de meu ato, não poderá negar que sou um "macho de respeito'". Faz décadas que a masculinidade está doente: sofre de uma incerteza aguda sobre o que a demonstraria de maneira irrefutável. As máscaras masculinas herdadas do século 19 (do provedor de paletó ao garimpeiro) não bastam mais. Qual é a nova fronteira que é preciso desbravar para "ser" homem? Na aurora da modernidade, Hegel escrevia que o desprendimento em encarar a morte era a marca do mestre. Depois de dois séculos higienistas, que fizeram a apologia da sobrevivência a qualquer custo, nestas décadas em que arriscar a vida num esporte extremo é apenas um entretenimento televisivo, talvez, aos olhos de alguns, a verdadeira marca do mestre pareça ser o desprendimento em matar. Num dos romances de Jean-Patrick Manchette (não lembro mais qual), um jovem circula de carro pelo bulevar periférico de Paris. Ele carrega uma pistola e, enquanto dirige, sussurra: "Eu vou lhes mostrar que sou gente grande".
ccalligari@uol.com.br

dica ao grupo de corpo

oi pessoas, em especial os grupos de corpo

uma dica interessante é ver as fotos da artista orlan em www.orlan.net

ela esteve em salvador ano passado e faz sua arte no próprio corpo, mudando-o periodicamente.

digitem também o nome dela no google imagens e encontrarão muitas imagens, algumas delas bem chocantes.

abrs

novas questões

oi pessoas, tudo bem?
vcs podem enviar comentários ou tb postar textos aqui. os comentários são livres e para postar textos basta mandar um mail para colling@oi.com.br e eu cadastro o interessado no blog, ok?

sobre as questões que fiquei de postar aqui: algumas dizem respeito mais a determinada turma, mas todas, de uma forma ou de outra, foram levantadas em nossas aulas.

sobre o cuidado de si: perceberam como temos dificuldade de aceitar essa idéia do cuidado de si?Isso não confirma ainda mais a tese de que não temos um cuidado de si, que todo dia renunciamos a nós mesmos? e que renunciamos tb a experimentar o mundo? e que quase só fizemos o que os outros (pessoas ou instituições) querem? cadê a nossa singularidade (que é bem diferente de individualidade)?

sobre aborto: um aluno me provocou (pq eu dei a entender que sou a favor do aborto) e perguntou: professor, vc nasceu pq? tipo, e se sua mãe tivesse abortado, vc não estaria aqui. é verdade, mas a questão polêmica, que envolve o aborto, é saber quando, em que momento, a partir de que momento, o esperma se transforma, no útero da mulher, em uma nova vida. essa resposta é crucial, e existem várias respostas. senão, eu poderia perguntar: então, toda vez que o homem goza, ele está praticando vários abortos, uma vez que o esperma é sinal de vida? ora, é assim que pensa a Igreja Católica e outras denominações, que condenam o sexo sem a finalidade de procriação...
em tempo: eu não sou a favor do aborto em toda e qq situação, em qq período da gestação. nem as pessoas mais favoráveis ao aborto são a favor nesse sentido, até pq a vida da mulher passa a correr sérios riscos.

sobre a complexidade: nas nossas falas, e aqui em tb me incluo, estamos contemplando a complexidade ou simplificando nossas "opiniões", que se reduzem ao contra e a favor, como disse Bondía, em seu texto?

por hoje é isso

abrs e até a próxima


só um aviso: os grupos que quiserem usar data-show ou vídeo devem mandar um mail para que eu possa fazer a reserva, com antecedência de 24 horas, ok?? colling@oi.com.br

terça-feira, 17 de março de 2009

textos sobre corpo, comportamento e expressão

oi pessoas

optei por colocar apenas um texto para o tema corpo, comportamento e expressão. será o texto de maffesoli, a teatralização da vida cotidiana, capítulo oitavo do livro A conquista do presente. Esse texto está na xerox, na Facom, na minha pasta. Eu ia selecionar um trecho do livro do Canevacci, mas mudei de idéia. No lugar disso, sugiro a leitura desse pequeno texto, bem instigante para o debate e exemplos, que está no http://www.uefs.br/nef/edvaldo3.pdf

um abraço, leandro

PS: as nossas discussões, tanto na aula da última sexta quanto na aula da última segunda, ficaram martelando na minha cabeça. amanhã vou formular umas questões para continuarmos pensando sobre o que foi dito. muitas vezes, depois de avaliar, pensar com mais calma, as idéias ficam mais claras. uma das coisas que me surpreende é o seguinte: como eu posso me permitir apreender algo novo se eu não permito questionar os meus pensamentos anteriores, paradigmas e dogmas??? amanhã eu continuo.

domingo, 15 de março de 2009

Divisão dos grupos da turma de sexta-feira

Grupo 1 – corpo, comportamento e expressão (Paulo Ricardo, Henrique, Fortunato, Alexandre, Carlos, Edivam, Luiz Gustavo, Bruna, Marcelo Nogueira e Mário)

Grupo 2 – Subjetividade, identidade e diversidade (Hannah, Alisson, Dalila, Edlon, Paulo César, Rayman, Fábio, Heloisa, André Cordeiro e João)

Grupo 3. Poder, direitos e cidadania (Marcelo Magalhães, Leonardo, Eduardo, Daniele, Alberto Pereira, Larissa, Eriton, Ciro, Damodara e Alan)

Grupo 4. Ciência, Inovação tecnológica e mercados (Alberto Soares, Fernanda, André Dória, Calise, Luana, Ricardo, Pedro, Taís, Vinícius e Lorene)

Grupo 5. Comunicação, redes e globalização (Otoniel, Tess, Tamyres, Diego, Jailson, Laís, Lucas Néri, Nauro, Lucas Pereira, Nilton e Antonio)

warhol


oi


nessa semana falei rapidamente de andy warhol em sala


quem quiser saber dele, uma boa dica é o site do museu dele (http://www.warhol.org/)


acima, uma de suas obras mais conhecidas


dicas

oi pessoas

no jornal a tarde deste domingo encontrei dois textos que possuem relação com o que discutimos nas aulas da semana passada. Um deles, publicado nas páginas de ciência, trata sobre as reações corporais e a mente. é sobre uma pesquisa realizada com mulheres heterossexuais, que produziram lubrificação vaginal mesmo vendo vídeos de sexo entre lésbicas e entre animais. observem as explicações dos psicólogos ouvidos mais no final da reportagem.

outro texto está na revista muito, sobre o trabalho de dois artistas plásticos residentes aqui na bahia. o trabalho e as declarações deles têm tudo a ver com as discussões sobre experiência realizadas em sala, a partir dos dois textos indicados no programa. os artistas citam, inclusive, o filósofo paul virilio, que defende a desaceleração do mundo. não consegui copiar e colar os dois textos para postar aqui.

um bom domingo

sexta-feira, 13 de março de 2009

aviso

oi pessoas

o texto do Edgar Morin, a ser discutido nas aulas da próxima semana (16 e 20 de março) está na xerox da faculdade de comunicação, que fica aberta até às 20h - 20h30.

o primeiro texto sobre corpo tb está lá. é de maffesoli. mas ainda vou colocar outro texto, que só não coloquei ainda pq o livro ainda não está na minha mão. espero fazer isso na segunda-feira.

um abraço, leandro

segunda-feira, 9 de março de 2009

Leituras adicionais

Oi pessoas.

Antes de tratar sobre a experiência no contemporâneo, tema das aulas desta semana, irei fazer uma contextualização (bem panorâmica) sobre o contemporâneo em si, através de uma discussão sobre modernidade e pós-modernidade.

Há muitos livros sobre o assunto. Quem quiser se aprofundar, sugiro, por exemplo, ler o livro Cultura pós-moderna, que está disponível na internet no http://books.google.com/books?id=38M1tSxJVgEC&pg=PA44&lpg=PA44&dq=%22cultura+p%C3%B3s-moderna%22+books&source=bl&ots=bZ1-2KVkM7&sig=657iAjvCoRy-pPJb8JTlIhVNAyQ&hl=pt-BR&ei=0lS1SeOHJKGbtwe2xe3qDA&sa=X&oi=book_result&resnum=1&ct=result#PPP1,M1

abrs, leandro

domingo, 8 de março de 2009

Para pensar quando discutirmos subjetividade

Oi pessoas.
Na turma da sexta-feira de noite, falamos um pouco sobre natureza x cultura.
Lembrei disso ao ler esse texto publicado na Folha de S.Paulo de hoje.
É um bom texto para discutirmos quando trataremos de subjetividade.
Um abraço, Leandro


FERREIRA GULLAR

Quando dois mais dois são cinco

O certo seria manter as novas gerações a salvo das drogas. Se papai e mamãe deixarem

COSTUMO DIZER que, como não tenho memória, não posso ser um homem culto. Restam coisas que, a troco mais de refletir que lembrar, tenho-as como certezas ou suposições. Por exemplo, acho que muitas das opções que fazemos têm causa em nossa constituição genética, e a cada dia vejo isso confirmado pelos cientistas.Agora mesmo, leio no jornal que a tendência a encarar os problemas com otimismo está na combinação de determinados genes. Li, faz alguns anos, sobre uma experiência científica feita com cem pessoas para saber como reagiriam em face da ordem de matar alguém. Dessas, 94 se negaram a aceitar a ordem e as seis que a aceitaram tinham determinada área do cérebro -onde as decisões são tomadas- menor.Sei que não é simples assim, pois outros fatores também atuam, mas é impossível ignorar tais constatações, mesmo porque os fatos com frequência as confirmam. Por exemplo, como explicar que uma pessoa rica se empenhe em roubar? Se, por necessidade não é, só pode ser por vocação: nasceu ladrão.Posso estar simplificando, mas essas observações não são de todo descabidas. Não é, porém, precisamente disso que quero falar, mas da legalização da maconha, questão que de vez em quando volta à baila.Fui levado a essas reflexões por um fato que se deu comigo. Aos 13 anos, viciado em bilhar, fui levado a experimentar a diamba, nome da maconha no Maranhão. Comigo estavam Esmagado e Maninho, pivetes como eu. Ao puxar a fumaça, senti um gosto horrível de mato velho e cuspi; Esmagado tampouco gostou; já Maninho ficou puxando fumo com os outros, gostou, viciou-se, passou para a cocaína e terminou internado num hospital psiquiátrico, onde morreria prematuramente. Já contei essa história aqui e alguém me escreveu alegando que o caso de Maninho era uma exceção.Cito outros. Muitos jovens da geração dos anos 60 e 70 entregaram-se à maconha, depois à cocaína e ao LSD. Foi uma onda, que se apoiou no charme dos Beatles e dos Rolling Stones. Muitos se deixaram levar por ela, mas a maioria saltou fora em seguida. Alguns, não. É que, no caso destes, as drogas atendiam a uma necessidade psicológica, que as tornavam imprescindíveis. Herança genética, talvez.Hoje, como naquela época, há os que se drogam por necessidade e os que o fazem para entrar na onda, sendo estes -o público consumidor flutuante- possivelmente a maioria. A verdade é que, juntos, por motivações diferentes, mantêm o mercado das drogas funcionando. E esse mercado, por ilegal que é, tem como regra básica a violência armada e como sentença frequente a pena de morte. Quem mais sofre as consequências da guerra entre traficantes são os moradores das favelas e dos bairros pobres.Essa talvez seja a principal razão que leva muita gente a defender as legalização das drogas, na expectativa de que, com isso, terminaria o tráfico e a consequente violência. Tenho minhas dúvidas. Não imagino os Fernandinhos Beira-Mar pagando ICMS, ISS e imposto de renda sobre o ganho anual de milhões de reais, que o mercado clandestino lhes possibilita. Outra questão: se o comércio de cigarros e pedras preciosas é legal, por que então há tráfico de cigarros e pedras preciosas no Brasil? Enfim, duvido que a legalização das drogas vá por termo ao tráfico que hoje tem amplitude mundial, envolvendo o comércio ilegal de armas e a estrutura operacional de um verdadeiro Estado paralelo.Há quem defenda a discriminação apenas da maconha, considerada droga leve. Mas com que propósito, se for verdade que a legalização não acabará com o tráfico? Faz sentido se for para preservar de punição os dependentes patológicos que, de fato, têm que ter tratamento médico. E os outros, que entram nisso por simples prazer, muitos deles arrastando os próprios filhos menores que, às vezes, são seduzidos pela marginalidade? Não faz um mês, a polícia carioca prendeu um jovem de classe média alta, morador de uma cobertura na Lagoa Rodrigo de Freitas, que se tornara traficante de drogas e armas. Ele confessou que, desde garoto, fumava maconha com os pais, em casa, numa boa.Sua alma, sua palma. Não pretendo dar conselhos a marmanjos que já escolheram o seu lado na sociedade. Maconha, como se sabe, não faz bem a ninguém. Fora os graves problemas que pode causar, mantém a pessoa entorpecida, apática, pouco apta ao trabalho. O certo seria dar assistência aos dependentes e tentar, na medida do possível, manter as novas gerações a salvo das drogas. Se papai e mamãe deixarem.

terça-feira, 3 de março de 2009

Primeiro texto

Pessoas, segue abaixo o texto de nossa aula de segunda. Não foi possível scanear.
Leiam e reflitam sobre o assunto. Levem dúvidas, questões e casos para serem discutidos em sala. Um abraço, Leandro


5.1 Experiência e comunicação

Comunicação e experiência


Durante da Guerra do Golfo, o público politicamente correto mostrou-se chocado com a transformação hight tech do conflito num autêntico videogame transmitido, ao vivo, para todo o planeta. Hipocrisia à parte, isto pode ter servido para mostrar, de uma vez por todas, que a guerra é também uma forma de comunicação e, por essa razão, repousa no mesmo jogo de sentido que torna perceptíveis, compreensíveis e até mesmo aceitáveis os mais diversos acontecimentos que compõem o vasto repertório da experiência humana.

No passado, só éramos atingidos por um conflito remoto, através de um relato oral ou escrito; hoje, podemos compartilhar a visão que se tem da cabine de comando dos bombardeios envolvidos no combate. Temos, agora, um informação mais detalhada das operações de guerra e os acontecimentos nos atingem mais veloz e intensamente. De qualquer modo, tanto num caso como no outro, estes fatos de que tomamos conhecimento vêm acrescentar-se ao nosso repertório anterior, incorporando-se ao patrimônio do que consideramos “nossa experiência”.

No entanto, quando pergunto a meus alunos se a Guerra do Golfo ou a invasão do Iraque faz parte da sua experiência, a perplexidade que surpreendo em seus semblantes me sugere que eles consideram, tacitamente, esse tipo de “acontecimento mediático”, por princípio, estranho à própria idéia de experiência mesmo que sejam forçados a admitir que tais fatos são compreensíveis e assimiláveis e, portanto, fazem sentido para eles, tanto quanto aqui que experimentam diretamente. A tradição que herdaram de seus pais – querendo ou não – os induz a considerarem como sua experiência apenas aqueles acontecimentos que ocorrer em sua vizinhança, possuem um “nome” e um sentido familiares e, em maior ou menor grau, “afetam” a sua experiência.

De um modo geral, sabemos que o sentido não é uma “coisa” dada, nem uma “idéia” arbitrária. Ao contrário, só há idéias e coisas, enquanto fazem sentido para nós. Na verdade, o “fazer sentido” é o modo de vigência próprio aos fenômenos que compõem a nossa experiência simbólica e com eles partilha a ambígua condição da instituição, isto é, de algo que é o resultado sempre provisório de um movimento instituinte, que a cada movimento se sedimenta numa referência instituída, sobre a qual agirá novamente esse impulso de expressão da experiência vivida, que nos conduz em direção ao outro e em direção ao futuro, à medida que projeta para além a seta da significação.

O que chamamos de “nossa experiência” é, pois, indissociável desta ação de significar pela qual atribuímos sentido, obedecendo, portanto, sua dinâmica circular. De fato, qualquer experiência singular é automaticamente conduzida ao campo constituído pelas experiências prévias, mas só se acrescenta efetivamente ao repertório típico desse campo se desvia da redundância e escapa ao estereótipo grupal, de modo a promover uma real transformação do “sujeito” que a vivencia.

Comunicação e subjetividade

O que, na experiência contemporânea, se encontra profundamente posto em questão é justamente a própria noção moderna de subjetividade, com seus atributos de permanência, autodeterminação, autonomia e auto-transparência. Os mecanismos e processos da atual comunicação mediática explicitam o caráter institucional da própria subjetividade, exibindo suas fissuras e suas recomposições frente aos movimentos de estrutura sócio-histórica de compreensão a que ela está sujeita. Eles contribuem, dessa forma, para questionar ainda mais o mito que essa época construiu em torno da noção de “liberdade”, explicitando a vinculação simbólica das formas de perceber, falar e atuar que se traduz numa disposição cultural identitária que é partilhada num determinado grupo como um padrão de referência comum para o conjunto das experiências de seus membros. Ao mesmo tempo, eles nos obrigam a admitir – apesar da insegurança em que isso nos possa lançar – que, mesmo a nossa experiência mais enraizada na tradição grupal é, hoje, sobredeterminada por um horizonte de sentido de caráter planetário.

Existir, ser-no-mundo, significa poder abrir-se a possibilidades. Mas o “possível” reflete uma condição simbólica prévia, capaz de acolher os acontecimentos de uma vida como fatos significativos. Operando como uma matriz de sentido, a tradição age – sobre nós e através de nós -, não só como um repertório de objetos e procedimentos, mas como uma estrutura inconsciente, assimilada através do longo adestramento que caracteriza o processo de socialização. O que cada um de nós designa como a “sua” experiência depende, portanto, do modo como recortamos aqueles acontecimentos de nossa existência atual, sobre o fundo latente, mas ativo, constituído pelo campo simbólico a que estamos vinculados.

O advento das formas atuais de comunicação apenas amplia e aprofunda esse campo, fazendo emergir claramente a condição perspectiva de toda a experiência e revelando o caráter “virtual” da realidade em que sempre estivemos imersos, posto que as ocorrências do mundo, da linguagem e da história só se tornam acessíveis, só “fazem sentido”, quando recolhidos por um logos instituído como padrão atuando silenciosamente por trás de nossos gestos e pensamentos.

A interação com – e através – dos media mostra claramente que a nossa sensibilidade opera com sentidos que ela não controla e que só existem para nós como possibilidades instituídas por um conjunto de práticas sociais convocadas por “sujeitos” que só se constituem, enquanto tais, ao acioná-las. Ao mesmo tempo, mostra que esta sensibilidade não é uma condição passiva de receptividade capaz apenas de captar a ocorrência das “coisas” simplesmente dadas de antemão, pois está claro que ela pode envolver processos de apreensão distintos, acionados quando solicitada por estímulos provenientes de diferentes meios. Dessa forma, a comunicação contemporânea mostra a relação intrínseca entre a experiência e os modos de significação, revelando, ao mesmo tempo, o caráter sócio-histórico e a dimensão poética – formadora e estruturadora – de nossa própria percepção do mundo sensível, posto que esse “mundo” com que nos deparamos em nossas vidas revela-se um ambiente continuamente transformado por nossa atuação mesma.

O que as formas atuais de comunicação não cessam de pôr em evidência é, portanto, o fato de que o vínculo social que efetivamente torna possíveis nossas ações, segundo um padrão de identidade coletiva, é a forma como partilhamos nossas experiências, em cada época e cada lugar, através dos modos e meios de significação disponíveis àquelas práticas expressivas que articulam nossa condição existencial de compreensão.

Comunicação e objetividade

Mas não é só no terreno dos princípios universais ou no âmbito do mais imediato senso comum que floresce esse desconforto diante dos fenômenos da comunicação contemporânea. Ele se desenvolve igualmente entre os teóricos da comunicação, cujas análises, apesar das diferenças de ênfase e recorte, geralmente silenciam sobre o papel dos media na formação e na transformação dos modos de significação que conferem sentido coletivo a nossas experiências.

Embevecidos com seus algoritmos formais ou embriagados por princípios de universalidade questionável, alguns desses sábios elegem os aspectos quantitativos da comunicação contemporânea como seu elemento específico, procurando estudar suas formas atuais apenas para compreender aspectos como a sua “importância”, o seu “alcance”, as suas “conseqüências”, a sua “reprodutibilidade técnica”, seu vínculo com a “indústria cultural”, sua dependência com relação à “cultura de massas” ou sua suposta capacidade de manipular política e ideologicamente a “opinião pública”.

A questão da comunicação mediática – conforme se apresentou, inicialmente, na sociologia americana da década de 1940 – talvez já contivesse, como vício de origem, um acento obviamente instrumental. Mas este viés foi também reforçado por concepções não-sociológicas, como as da teoria da informação e da semiótica, que sempre tenderam a submeter os processos mediáticos a um padrão de inteligibilidade fundado nas experiências de interação interpessoal.

Ao que tudo indica, essa subestimação do caráter específico das formas contemporâneas de comunicação revela uma certa nostalgia do diálogo direto, da presença viva e imediata do interlocutor, numa relação vis-à-vis, como se, nesse contexto, a própria língua não funcionasse como um médium. Se insistirmos em conceber a comunicação, no mundo contemporâneo, apenas como uma variante historicamente datada do eterno jogo entre diálogos e discursos, seremos naturalmente levados a crer que a situação atual das sociedades ocidentais é marcada pela “predominância dos discursos sobre os diálogos”. Da mesma forma, se encararmos o diálogo apenas como a síntese de informações novas a partir de informações disponíveis e acreditarmos que os discursos atingem a todos igualmente, não poderemos provavelmente escapar à conclusão de que, frente à redundância das informações que temos a nosso alcance, estaremos fadados a assistir passivamente à “decomposição do tecido social do ocidente”, caracterizada pela redução do verdadeiro diálogo à condição do simples feedback.

O mito da “idade de ouro” mediática

Tais concepções fazem com que tenhamos, inevitavelmente, na mais baixa conta as produções simbólicas da atualidade, uma vez que as avaliamos por um critério que, por não ser o da nossa época, lhes vira as costas. Por essa razão, devemos desconfiar seriamente dos diagnósticos pessimistas daqueles que escondem o seu temor diante da experiência viva da comunicação, sob o surrado disfarce da “objetividade” científica.

Como é que a extrapolação das condições da comunicação interpessoal para o âmbito da comunicação social – característica das “teorias da comunicação” – pode ser compreendida hoje como uma conseqüência quase natural do privilégio da expressão verbal no Ocidente, provavelmente associada à afirmação da identidade cultural de um tipo de comunidade – o Estado nacional – através da escrita alfabética e da imprensa. Se tal processo foi, num primeiro momento, justificável, ele se mostra, hoje, como algo francamente insustentável, uma vez que a comunicação mediática se dá não “aquém” ou “além”, mas através do horizonte lingüístico.

Todavia, não devemos substituir esse logocentrismo e essa atitude reativa frente aos media por uma apologia igualmente ingênua da “nova” comunicação, concebida, à maneira de Walter Benjamin, como a força instauradora de uma nova forma de percepção produzida pelo shock provocado pelas atuais técnicas de reprodução sobre a atividade do espectador. Se a sensibilidade atual passa por uma profunda transformação, isto não se deve apenas às mudanças históricas em sua condição empírica, mas ao fato mesmo de que ela nunca foi a mera “capacidade de receber representações, graças à maneira como somos afetados pelos objetos”, como queria Kant. Se os atuais meios de comunicação possibilitam uma outra experiência civilizatória, isto se dá, não porque eles sejam capazes de “instaurar” uma nova estrutura neurofisiológica de percepção, e sim porque desestabilizam e refazem a economia de equilíbrio entre as formas de ver, dize e agir vigente na modernidade, alterando profundamente o que chamamos nosso “meio ambiente”.

O sentido dos media

Marshall McLuhan – um pensador tão original quanto mal interpretado – advertia seus leitores quanto à insuficiência da simples contextualização histórica dos meios de comunicação para a compreensão apropriada de sua “natureza”, chamando sua atenção para o fato de que esse contexto é constituído e experimentado através desses próprios meios.

Ao invés de tentar compreender o sentido dos media analisando as “impressões” por eles provocadas ou seus “efeitos” sobre um ambiente estático, McLuhan propõe que se considere o próprio ambiente não como simples envoltório das ações humanas, e sim como um processo ativo, permanentemente submetido à intervenção de tecnologias que não seriam mais que extensões do homem. Tal abordagem permite-lhe estudar o papel dos novos meios a partir do tipo de envolvimento que eles promovem, provocando diferentes comportamentos e diferentes modos de atribuição de sentido e valor aos objetos e processos do mundo simbólico.

Descrevendo a ruptura das tecnologias elétricas em relação à seqüência linear típica da palavra impressa, ele sugere que a eletricidade não só permite um novo tipo de experiência simultânea e um novo conceito de simultaneidade, como realmente põe em xeque a universalidade do padrão de articulação causal que subjaz ao desdobramento da cadeia verbal. Este processo equivaleria, assim, à passagem “do mundo das seqüências e dos encadeamentos para o mundo das estruturas e das configurações criativas”, compensando o empobrecimento perceptivo provocado pela longa predominância da escrita fonética – responsável, segundo o autor, pela homogeneização dos códigos, pelo isolamento dos indivíduos e pela alteração do equilíbrio interno dos sentidos humanos, nitidamente caracterizada pela hipertrofia da visão no horizonte da galáxia de Gutenberg.

Além disso, ao afirmar que o “meio é a mensagem”, McLuhan mostra que o “conteúdo” de um meio é também um meio – e não uma “idéia” abstrata e desencarnada – e, o que é ainda mais importante, que cada meio comunica seu próprio funcionamento, de modo prático, através de procedimentos que não são apenas executados pelo usuário, mas reconstituem sua própria gestualidade.

Com isso, não pretendemos sugerir que a vida contemporânea nos empurre, a todos, para caótica experiência de um mundo de incerteza quântica, mas, ao contrário, que ela talvez possa redimensionar a nossa velha convicção de que a força de nossas certezas provisórias nasce mesmo de uma fonte remota, partilhada com outros homens de modo prático, simbólico e afetivo. Hoje assistimos a uma considerável expansão deste “solo ancestral” – que tão facilmente identificávamos com as tradições do nosso próprio grupo -, e o vemos deixar de ser o nosso único ponto de apoio para se entrelaçar com esse rico tecido formado pelo intenso movimento de semiose planetária – que cada vez mais se oferece como uma espécie de plasma audiovisual, às disposições autopoéticas dos elementos que florescem nas diferentes condições das mais diversas culturas.

Se existir, num sentido propriamente humano, consiste em transcender uma condição dada e projetar-se para além de “si”, essa abertura passa hoje pela rede semiótica própria da “cultura mediática”, pois só posso me abrir à articulação de um projeto diante de possibilidades que se apresentam a mim, não por estarem espacialmente “próximas”, mas por estarem presentes como alternativas de sentido disponíveis no horizonte temporal das minhas ações.

Uma real possibilidade existencial ultrapassa a meda condição de “coisa” dada e opaca, não está sitiada num “agora” pontual, isolado e irrepetível, mas me situa numa condição extática. Mergulho nela como ser historial que vai ao encontro de seu tempo próprio e este gesto atual só faz sentido porque meu presente virtualmente condensa o vigor de ter sido e a riqueza por vir. A experiência de existir, de ser-no-mundo coincide, pois, com a problemática aceitação desse paradoxo ou desse mistério da sedimentação do espaço e do tempo num sentido. Ela reúne o homem e o mundo, igualando-os como potências imaginantes que se correspondem num quiasma de força e forma, cuja reversibilidade se traduz continuadamente nesse movimento circular, estranhamente íntimo, pelo qual somos instados pelo ser – no que chamamos nossa experiência – e atendemos à instistente urgência de sua solicitação – através do movimento de expressão pelo qual lhe atribuímos um sentido.

Se uma reflexão sobre a existência, inspirada em autores como Heidegger e Merleau-Ponty, pode nos ensinar a conviver melhor com a nossa época – mostrando que “o tempo temporaliza” e revelando sua dinâmica própria como a articulação e a diferenciação latente do passado e do futuro no campo do presente, é porque nós já o havíamos compreendido, na prática – através do modo como experimentamos, sem sobressaltos, a contínua reconfiguração rítmica do tempo e do espaço, seja no universo de imagens plasmado pelo cinema, pela TV e pelas tecnologias digitais da atualidade, seja no âmbito da literatura e das belas artes – a música, a dança, o teatro, a poesia e as artes visuais (injustamente, as únicas a serem designadas como artes “plásticas”).

Já deveríamos, a essa altura, ter superado o velho temor de perder a “identidade” no confronto entre as nossas experiências diretas e imediatas e o fenômeno mediático, adivinhando que o caráter ativo e formativo da nossa sensibilidade não poderia, afinal, deixar de incidir também sobre as dimensões matriciais do tempo e do espaço.

Conceber, tratar e experimentar o espaço e o próprio tempo como matéria plástica: eis aí o horizonte que mal descortinamos e que a comunicação contemporânea nos oferece como a mais rica das possibilidades.

VALVERDE, Monclar. Experiência e comunicação. In: VALVERDE, Monclar. Estética da Comunicação. Salvador: Quarteto, 2007 (Item 5.1), p. 239-248.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Programa do componente

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE HUMANIDADES, ARTES E CIÊNCIAS – IHAC
COMPONENTE CURRICULAR: ESTUDOS SOBRE A CONTEMPORANEIDADE

DOCENTES: CARLOS BONFIM/CARLOS MILANI/CARMEM TEIXEIRA/EDILENE MATOS/ELAINE NORBERTO/JOAQUIM VIANA NETO/LEANDRO COLLING/LUIZ ALBERTO ALMEIDA/MILTON JÚLIO DE CARVALHO/MONCLAR VALVERDE
RITA DE CÁSSIA MATOS E SÉRGIO FARIAS.

PROGRAMA

Ementa: Estudo panorâmico das sociedades contemporâneas, na sua diversidade, globalidade e sustentabilidade, identificando suas origens históricas e estruturas simbólicas, contemplando interpretações dos diferentes saberes. Estudo do modo como se estruturam e desenvolvem tais unidades sociais em seus vínculos com o Estado, a cultura e os indivíduos, com destaque para as formas de organização do trabalho. Estudo dos processos psíquicos e psicossociais que estruturam e organizam a singularidade de cada sujeito, compreendendo como tais processos afetam sua construção de significados, sua relação com os outros e sua ação sobre o mundo.

OBJETIVO: Problematizar a noção de contemporaneidade, por um viés interdisciplinar, a partir de temas selecionados.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

1. Contemporaneidade
1.1. Experiência: condições naturais, culturais e históricas
2. Interdisciplinaridade
2.1. Como ela se estabelece em cada um dos campos cognitivos?
2.2. Dimensões sincrônicas e diacrônicas da interdisciplinaridade (estática e dinâmica)

3. Temas:

3.1. Corpo, comportamento, expressão;
3.2. Subjetividade, identidade, diversidade;
3.3. Poder, direitos, cidadania;
3.4. Ciência, inovação tecnológica e mercados;
3.5. Comunicação, redes, globalização.


METODOLOGIA:

As aulas serão expositivas e dialogadas, permitindo a assimilação hierarquizada dos conteúdos, do particular para o geral e do concreto para o abstrato. Para tanto, as aulas serão dinamizadas com de técnicas variadas, tais como: mesas redondas com grupos de alunos, leitura de textos e análise de recorte de jornais, apresentação de partes de filmes, documentários, músicas, estruturação de glossário de termos, painel duplo, duplas rotativas, G.V.G.O., entre outras, a critério do professor.
Alguns dos encontros serão destinados a rotatividade dos próprios docentes do IHAC entre as turmas, para a apresentação de seminários (momentos de concentração) sobre cada um dos temas a serem desenvolvidos ao longo do curso.

Toda a estrutura metodológica deve contemplar as 27 capacidades e habilidades necessárias para a formação do Bacharel em Interdisciplinaridade, agrupadas e sintetizadas em três direções complementares, sendo a primeira: pensar, identificar, planejar e resolver problemas, investigar e se exprimir. A segunda: autonomia e capacidade de trabalhar em grupo. E finalmente, a terceira: capacidade de atuação e situações novas e em contextos diversos.

AVALIAÇÃO:

A avaliação poderá ser composta por até 03 medidas, cada uma com base na verificação de diferentes competências: 01 avaliação oral através de metodologia específica indicada pelo professor; 01 avaliação escrita (ensaio, paper) sobre os seminários temáticos e/ou sobre pesquisas realizadas pelos alunos e 01 avaliação livre, a critério de cada professor.

TEXTOS INDICADOS

Sobre o sentido da experiência contemporânea:
Textos Básicos:

BONDIA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Revista Brasileira de Educação. Nº 19, Jan/Fev/Mar/Abr de 2002, p. 2-9. (disponível em http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE19/RBDE19_04_JORGE_LARROSA_BONDIA.pdf)
MIRANDA, José A. Bragança de. Analítica da Actualidade. Lisboa: Vega, 1994.
VALVERDE, Monclar. Experiência e comunicação. In VALVERDE, Monclar. Estética da Comunicação. Salvador: Quarteto, 2007 (Item 5.1), p. 239-248.

Sobre Interdisciplinaridade

Textos Básicos:

BAIRON, Sérgio. Interdisciplinaridade (Educação, história da cultura e hipermídia) São Paulo: Futura, 2002.
FAZENDA, Ivani. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. São Paulo: Papirus, 1995.
MORIN, Edgar. Educação e Complexidade: os sete saberes e outros ensaios. São Paulo: Cortez, 2002.

Sobre corpo - percepção, movimento e expressão

Textos Básicos:

CANEVACCI, Massimo. Culturas eXtremas – mutações juvenis nos corpos das metrópoles. Rio de Janeiro. DP&A, 2005.
MAFFESOLI, Michel. A conquista do presente. Rio de Janeiro: Rocco, 1982, cap oitavo - Teatralização da vida cotidiana, p.131-143.
VALVERDE, Monclar. Corpo e sensibilidade. In VALVERDE, Monclar. Estética da Comunicação. Salvador: Quarteto, 2007 (Item 5.1), p. 249-262.

Textos Complementares:

GICOVATE, Silvana Vazquez. CORPO - espaço de significações e saberes. Londrina: Ed. UEL, 2001 (50 p.).
IANNI, Octávio. Enigmas da modernidade-mundo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, Cap VIII - Razão e Imaginação, p.169-182.
SELIGMANN-SILVA, Marcio. Novos escritos dos cárceres: os limites do corpo. In OLIVIERI, Alberto; VIANA NETO, Joaquim (Orgs). O Corpo da Imagem, a Imagem do Corpo – Revista Cultura Visual, n. 6. Salvador: Edufba, 2005, p.66-82.

Sobre subjetividade, identidade, diversidade

Textos Básicos:

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Jeneiro: DP&A, 2006.
WARNIER, J.P. A erosão das culturas singulares e Uma abundância de criações culturais. In: A mundialização da cultura. (trad. Viviane Ribeiro). Bauru: EDUSC, 2003.

Textos Complementares:

COSTA, Marisa Vorraber. Sujeitos e subjetividades nas tramas da linguagem e da cultura. In: CANDAU, Vera Maria. 2000. Cultura, linguagem e subjetividade no ensinar e aprender. Rio de Janeiro: DP&A, p. 29-46
ROLNIK, Suely. Toxicômanos de identidade: subjetividade em tempo de globalização. In: LINS, Daniel (org.) 1997. Cultura e subjetividade: saberes nômades. Campinas: Papirus.
MORIN, Edgar. A noção de sujeito. In: Schinitman, D.F. (org) Novos Paradigmas, Cultura e Subjetividade.

Sobre poder, direitos, cidadania

Textos básicos:

ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém. São Paulo: Cia das Letras, 2004.
BAUMANN, Zygmunt. Emancipação. In: Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
DEJOURS, Christophe. A Banalização da Injustiça Social. São Paulo: FGV, 2002
FOUCAUL, Michel. Por uma genealogia do poder e Sobre a Justiça Popular. In: Microfísica do Poder. Rio de janeiro: Graal, 1979.

Textos Complementares:

DAGNINO, Evelina. Os movimentos sociais e a emergência de uma nova noção de cidadania. IN: DAGNINO, E. (org.). Os anos 90: política e sociedade no Brasil. São Paulo, Brasiliense, 1994, pp.103-118.
JANINE RIBEIRO, Renato. A Sociedade contra o Social, o alto custo da vida pública no Brasil. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2000.

Sobre ciência, inovação tecnológica e mercados

Texto Básico:

TIGRE, Paulo Bastos. Gestão da Inovação: A economia da tecnologia no Brasil. Editora Elsevier, 2006.

Textos Complementares:

DAVIDOW, William H. Marketing de Alta Tecnologia. Editora Campus, 1991.
SHANE, Scott A. Sobre Solo Fértil. Editora: Bookman, 2005.

Sobre comunicação, redes, globalização e mercados

Textos Básicos:

BOUGNOUX, D. Introdução às ciências da comunicação. Trad. Maria Leonor Loureiro. Bauru, SP: EDUSC, 1999. (Capítulos 1 e 2)
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo, Paz e Terra, 1999.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. Do pensamento único à consciência universal, 9ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2002.
Textos Complementares:
DELEUZE, G., e GUATTARI, F. Mille Plateaux. Paris: Éditions de Minuit, 1980. Primeiro Platô, Rizoma disponível na rede.
JAMESON, Fredric. A cultura do dinheiro. Petrópolis: Vozes, 2000.