segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Na FSP de hoje

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES

DA REPORTAGEM LOCAL

Era o dia 7 de agosto, Lucas Santtana passeava de bicicleta pelo bairro do Leblon, na zona sul carioca, quando o celular tocou. Um amigo ligava para avisar que seu mais recente CD, "Sem Nostalgia", ainda a caminho das lojas, estava recebendo comentários faixa a faixa, naquele instante, no Twitter.

O miniblog, que só aceita intervenções de até 140 caracteres, não é o espaço mais bem bolado para o exercício da crítica musical. Por isso mesmo Lucas gostou ainda mais da notícia. Usar ferramentas e instrumentos de maneira criativa é uma das coisas que admira. E foi o que procurou fazer em "Sem Nostalgia", disco raro, cool e inventivo, já entre os melhores do ano, que terá show de lançamento paulista na sexta-feira, no Sesc Pompeia.

O CD é feito apenas com voz e violões -acompanhados por sons ambientais, programações eletrônicas e "arranjos de insetos". Cinco das 12 canções têm letras em inglês -e três delas são parcerias com Arto Lindsay. O onipresente músico Curumin e Ricardo Dias Gomes, da banda Cê, estão entre os convidados.

O responsável pelas "tuitadas" foi o jornalista Pedro Alexandre Sanches, ex-crítico da Folha, que mantém um blog e escreve sobre música para diversas publicações. Seus comentários sobre o CD atraíram fãs e propiciaram uma troca de posts entre ele e Lucas."Estabeleceu-se um acontecimento raríssimo. Artista e crítico conversaram quase em tempo real e publicamente sobre esse encontro -em geral um desencontro- da produção com a análise da produção", conta Sanches.

Ao final de uma hora, tempo que durou o divertido experimento, o crítico havia acrescentado mais de cem seguidores à sua lista- "provavelmente gente que seguia Lucas no Twitter". Provavelmente. O músico é assíduo frequentador da blogosfera e responsável pelo diginois.com.br, lançado em 2006, que oferece músicas e CDs para ouvir, baixar e remixar. "Sem Nostalgia" inclusive.

Na banda de GilNascido em Salvador, em 1970, Lucas é filho de Renato Sant'Ana, importante produtor musical, que criou, em 1961, o lendário espetáculo "Nós, Por Exemplo", com participação de Tom Zé, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Djalma Corrêa. Na Polygram, em fase áurea, produziu diversos LPs, entre os quais "Refavela", de Gil.Aos 13 anos, Lucas foi ter aulas na AMA, a Academia de Música Atual, escola particular criada em Salvador por professores universitários que haviam estudado na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Anos depois, ingressou na faculdade de música da Bahia, conhecida pela herança renovadora de Hans Joachim Koellreutter e Walter Smetak.

No período em que trabalhou como instrumentista (tocou flauta com Gil no "Acústico" e participou de sua banda durante três anos), Lucas usou o tempo ocioso das turnês para compor. Em 1998, o produtor Chico Neves o convidou para fazer um disco. Lançado em 2000, "Eletro Ben Dodô" teve uma mãozinha de Peter Gabriel, que gostou das canções e ofereceu gratuitamente seu estúdio londrino para a finalização do trabalho. Depois vieram "Parada de Lucas" (2003) e "3 Sessions in a Greenhouse" (2006), o primeiro a ser lançado na internet não apenas para download mas também para remix.

"Nesse quarto disco, eu já tinha a vontade de gravar só com voz e violão, mas achava que fazer isso de maneira tradicional não acrescentaria nada." O que faltava era encontrar o que Lucas chama de "textura" musical, aquilo que vai além da melodia e da harmonia -mas não é exatamente um "arranjo".

Para ele, a ideia de textura nos remete à pintura. "É a maneira como as tintas serão usadas, se serão adensadas ou não, se vão refletir essa ou aquela luz, se comporão esse ou aquele plano." Lucas considera que o conceito contemporâneo de canção se estende da composição básica à mixagem final.

Aos poucos a textura de "Sem Nostalgia" foi se desenhando. A ideia era expandir o uso do violão com samples de clássicos brasileiros, percussão no próprio instrumento e programações. Quanto a isso, "Super Violão Mashup", a faixa que abre o disco, é exemplar. Depois, vieram os sons de insetos, que ele havia ouvido no Museu de História Natural, em Londres.

Finalmente, diz o músico, "quis imprimir o som das salas de gravação, que está ali mas a gente não ouve porque é um som quase "invisível". Só as máquinas nos permitem obter esse superouvido, assim como usamos binóculos para obter um superolho".

Para discussão do módulo 3

Músico declara amor ao avesso pela tradição

MARCUS PRETO

DA REPORTAGEM LOCAL

Os insetos são o de menos. O que Lucas Santtana discute neste seu quarto e melhor álbum é a desgastada relação entre a canção feita no Brasil e seu instrumento essencial, o violão.

Tudo já foi inventado nas cordas de náilon de Dorival Caymmi, João Gilberto, Baden Powell, Jorge Ben, Gilberto Gil. Tudo já foi replicado -e diluído- à exaustão pelos que vieram depois deles. E agora, esgotaram-se as possibilidades?

Santtana comenta o enfraquecimento da "tradição violonística da canção brasileira" sampleando justamente ícones dela. É quase o que Caetano fez com a bossa nova quando arquitetou o projeto tropicalista.

No fim dos anos 60, a invenção transgressora de João Gilberto já estava diluída e, em seu nome, muito nhenhenhém era produzido. Para que as ideias iniciais de João não se perdessem nisso, Caetano se valeria de elementos dela própria para implodi-la. João, ele sabia, sobreviveria ao estrondo.

O violão também sobreviverá, sempre, como espinha dorsal da canção brasileira -e Lucas grita isso em seu disco. Mas o grito é dado para dentro, escondendo os nomes dos gênios "orgânicos" do instrumento -Caymmi, João, Baden etc.- por trás da liquidificação promovida pelos computadores.

É uma declaração de amor às avessas. Não à tradição, simplesmente -mas ao caráter subversivo que ela carregava em seus tempos iniciais, antes de se chamar "tradição". E uma declaração desse quilate só funcionaria dessa maneira, com boas doses de subversão.

Na FSP de hoje

No A Tarde de hoje

Crise urbana: não é o fim do mundo

Antonio Risério Escritor

De uns tempos para cá, é cada vez maior o número de pessoas que me dizem que, em matéria de crise urbana, chegamos a um beco sem saída. Estaríamos vivendo em cidades definitivamente encalacradas, à beira do colapso final. A propósito, costumo lembrara posição de Peter Hall contra a perspectiva apocalíptica de Lewis Mumford.

Em The culture of cities, Mumford argumentou que a megacidade mais não era do que uma parada ou estação na estrada para Necrópole, a cidade dos mortos. Por seu gigantismo disforme, terminaria estrangulada em suas próprias tripas urbanas. Esta visão da macrocidade estrangulada em seus próprios intestinos é retomada em A Cidade na história. “A desintegração de Roma foi o resultado final de seu supercrescimento, que resultou numa falta de função e numa perda de controle dos fatores econômicos e agentes humanos que eram essenciais à continuação de sua existência”, escreve Mumford.

Para ele, “a principalcontribuição de Roma ao desenvolvimento da cidade é a lição negativa de seu próprio super crescimento patológico”.

Vejam: “Todo centro megalopolitano supercrescido, hoje em dia, e toda província, fora dele, que é tocada por sua vida, exibe os mesmos sintomas de violência e desmoralização.

Aqueles que fecham os olhos para estes fatos estão repetindo, com mímica exótica, justamente os atos e palavras, igualmente cegos, de seus predecessores romanos”. E ainda: “Em toda parte onde se reúnem multidões em números sufocantes... Necrópole está perto, embora não tenha ruído sequer uma pedra”.

Escrevendo seis décadas mais tarde, Peter Hall diz, em Cities in civilization, que não pode partilhar a perspectiva mumfordiana, pelo fato de que “estamos mais longe do que nunca de assistir à destruição da cidade gigante.

Pelo contrário: rebatizada de Cidade Global, ela atrai desproporcionalmente as organizações que comandam e controlam a nova economia global, tanto quanto as agências de serviço especializado que as atendem; por esta razão, continua a atrair os talentosos e ambiciosos; e, justamente por isso, permanece um crisol único de criatividade”.

Em Cities in civilization, Hall defende que “nenhuma espécie de cidade, ou qualquer tamanho de cidade, tem o monopólio da criatividade ou do bem viver; mas que as cidades maiores e mais cosmopolitas, apesar de todas as suas desvantagens evidentes e óbvios problemas, têm sido, através da história, os lugares que acenderam a chamas agrada da inteligência e da imaginação humanas”.

Para lembrar o milenar conceito védico, podemos dizer que Mumford aponta para o advento da kali yuga, o mais tenebroso e desgraçado entre todos os ciclos das épocas humanas.

E que Hall, ao contrário, acena para uma futura idade de ouro da vida urbana, a partir da articulação ou da união de arte, tecnologia e organização. Por isso mesmo, Kotkin fala, a propósito de Hall, em The city: a global history, de um “novo otimismo”, fundado na passagem da economia industrial para uma economia baseada na informação.

Penso que o melhor é ter um olho mumfordiano e um olho halliano. E cruzá-los, sistematicamente, diante da realidade. Mas, em última análise, tendo mais para o ponto de vista de Peter Hall. Coisas decaem, sim. Cidades gigantescas, inclusive. Mas é preciso cultivar uma desconfiança essencial diante do elenco de teses que a armadilha e a realidade, simultaneamente inscritas na palavra decadência, têm gerado.

Num livro intitulado, justamente, A ideia de decadência na história ocidental, o historiador Arthur Herman escreveu:“Gostaria de salientar que, apesar de os intelectuais andarem prevendo o iminente colapso da civilização ocidental por mais de um século e meio, sua influência aumentou mais, durante este período, do que em qualquer outra época na história. Hoje, as instituições e os conceitos culturais [doOcidente] gozam de mais prestígiodo que durante o apogeu do império europeu e suas colonizações”.

Do mesmo modo que a cultura ocidental não decaiu, o grande núcleo urbano não experimentou o colapso. Nem acredito que vá experimentar.

Mas também não se tem dúvida de que a crise atual das grandes cidades é complexa, tremenda eassustadora. Pode não ser o fim do mundo. Mas, com certeza, é o fim de um mundo.

domingo, 30 de agosto de 2009

Na FSP de hoje

SÉRGIO DÁVILA

DE WASHINGTON

Chris Anderson, editor da revista de tecnologia e novas tendências "Wired" e um dos pensadores da internet, é o promotor de dois conceitos muito caros a esse meio. O primeiro é a "teoria da cauda longa", estratégia de negócio segundo a qual a meta é vender poucas unidades de muitos e variados itens, o que substituiria o popular modelo dos "best-sellers".

O segundo é o que ele chama de "freeconomics" ou a economia das coisas de graça, alicerçada no fato de que o custo de armazenamento e transmissão de conteúdo digital baixa cada vez mais. De onde vem o dinheiro? Do conceito "freemium", junção das palavras "free" e "premium": a maioria consome de graça ("free"), bancada por uma minoria que paga por uma versão de mais qualidade ("premium").

Ambos os conceitos foram desenvolvidos em artigos, viraram palestras e livros.O segundo surgiu recentemente em livro nos EUA e chegou neste mês ao Brasil. É "Free - O Futuro dos Preços" (Free - The Future of a Radical Price, no original). Nele, e na entrevista que deu à Folha por telefone, Anderson defende que, sim, diferentemente do que popularizou o economista Milton Friedman (1912-2006), existe almoço de graça -desde que a sobremesa seja bem paga por alguém.Nos EUA, a versão eletrônica do livro ficou disponível gratuitamente por alguns dias. Agora é vendida por US$ 26,99 [R$ 50], em papel, e US$ 9,99, versão eletrônica -o "audiobook" em inglês continua de graça e pode ser baixado do site do autor, www.thelongtail.com.

No Brasil, só papel e só a dinheiro: R$ 59,90 por 88 páginas. A editora Elsevier já vendeu a primeira tiragem, de 10 mil cópias, prepara a segunda e colocou os três primeiros capítulos de graça em www.elsevier.com.br.

FOLHA - Se a informação quer ser livre/de graça, por que tenho de pagar R$ 59,90 para ler seu livro?

CHRIS ANDERSON - Não tem. Poderia ir ao site e baixar o "audiobook" gratuitamente.

FOLHA - Sim, mas quem quer ler em português, caso da maioria dos leitores brasileiros, tem de desembolsar.

ANDERSON - Cada região tem um editor diferente, cada um tem um enfoque diferente para isso, uma estratégia própria.Nos EUA, era de graça. No Reino Unido, na Bélgica. A única parte que eu controlo é o "audiobook". Eu encorajei todos os editores a dar o livro, alguns aceitaram, outros não.

FOLHA - Por que um editor pagaria milhares de dólares pelos direitos de seu livro, outro tanto para traduzir, mais ainda para imprimir e distribuir e finalmente daria de graça aos leitores brasileiros? Faz sentido economicamente?

ANDERSON - O livro trata disso extensivamente, mas sim, eu acredito que, se feita corretamente, essa ação vai levar a mais vendas do livro, não a menos. Você não precisa dar a versão física, pode dar a digital.E, se você acredita que a versão física é a "premium", que as pessoas ainda preferem ler em papel por todas as razões óbvias, para manter, fazer anotações, ler na praia, então não precisa temer dar a versão digital de graça, pois será uma forma de marketing, de amostra que vai promover a física.

FOLHA - Em seu livro, o sr. defende que sim, há almoço de graça, no sentido de que há toda uma economia florescendo baseada em dar os produtos, e não vender. Como isso funciona no caso específico da indústria de conteúdo?

ANDERSON - Em primeiro lugar, não há nada de novo aí. O que está mudando é o conceito, que evoluiu de um truque de mercado para um modelo econômico. Essa mudança é impulsionada pela indústria tecnológica. A ideia de conteúdo livre tem cem anos: rádio é de graça, TV aberta é gratuita. O problema é que agora anúncios não são mais suficientes para sustentar o modelo. Daí o que chamo de "freemium", onde você dá a maior parte de seu conteúdo de graça, mas reserva parte dele, geralmente a melhor parte, para os que pagam.

FOLHA - O sr. cita Brasil e China como a nova fronteira da "freeconomics" e a forte presença de pirataria nos dois países como algo positivo. Como a pirataria pode ser benéfica para uma economia?

ANDERSON - Pirataria é uma palavra mal compreendida. Nem todo o conteúdo distribuído dessa maneira é pirata. Alguns são, outros são "pirateados", entre aspas, por vontade dos autores, que valorizam a distribuição gratuita. Um dos exemplos que dou é o tecnobrega brasileiro. Não é pirataria, porque os autores autorizam os camelôs a reproduzir e vender os CDs sem lhes pagar nada.Meu ponto é: conteúdo digital pode ser copiado e distribuído a um custo cada vez mais próximo de zero e, de uma maneira ou de outra, vai ser distribuído. Usar os mesmos canais de distribuição dos piratas será uma decisão de cada artista.Mas o fato é que essas são as forças motoras da atual economia, são intrínsecas à internet e à era digital e impossíveis de serem contidas. A pirataria não é boa para a economia, mas a distribuição gratuita sim, e os piratas são os primeiros a usá-la.

FOLHA - O sr. diz ter problemas com as palavras "mídia", "jornalismo" e "noticiário". Por quê?

ANDERSON - Eu sei o que "mídia profissional", "jornalismo profissional" e "noticiário profissional" significam. Mas como chamar quando isso é produzido por amadores? A maior parte do que eu leio hoje em dia está on-line e não vem desses canais. Está no Facebook, no MySpace, no Twitter, em blogs. Leio sobre amigos, família, hobbies. O que é isso? Eu não acho que a palavra "jornalismo" descreve o que está acontecendo. Acho que precisamos de novas palavras.

FOLHA - Ao mesmo tempo uma breve visita a sua conta no Twitter revela que o sr. segue o "New York Times", a revista "New Yorker" e várias outras contas da chamada mídia tradicional. Além disso, seu trabalho principal vem de editar uma revista de papel, a "Wired". Como o sr. concilia isso?

ANDERSON - Nós vivemos num mundo de hipermídia, onde não temos mais o monopólio sobre a atenção do leitor. Acho que há um papel para a mídia tradicional, mas há também um papel crescente para todo o resto. Nós vivemos em ambos os mundos. Você não vive em ambos os mundos?

FOLHA - Mas o sr. é o evangelista desse novo mundo e edita uma revista do velho mundo. Como concilia os dois?

ANDERSON - Nós usamos o modelo "freemium". O que está na wired.com é de graça, faturamos um pouco com a publicidade on-line, e isso levanta assinaturas para a revista, que é o nosso "premium".

FOLHA - Se o sr. me dá o conteúdo de graça on-line, por que eu pagarei por ele na revista?

ANDERSON - Porque não é o mesmo conteúdo, as palavras podem ser as mesmas, mas a revista é mais que palavras, é um pacote visual, com fotos, arte e um conceito de edição. De graça, você não tem o pacote.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Mais Medellin

16/10/2006

Medellín passou de capital da violência a laboratório da paz

Desde o início dos anos 90, homicídios caíram de 360 por 100 mil habitantes para 39
Governos nacional, estadual e municipal se uniram contra o narcotráfico, os paramilitares e as guerrilhas, entre elas Farc e ELN

Cantora e professora de música para crianças, Patrícia Cardona, uma ruiva de cabelos encaracolados e olhos esverdeados, engoliu, na manhã de 30 de setembro de 2002, uma série de grossas cápsulas de heroína, meticulosamente embrulhadas com películas de borracha para que não abrissem em seu estômago. Preparava-se para duas experiências inéditas e simultâneas em sua vida: conhecer Nova York e entrar para o narcotráfico. Receberia cerca de US$ 3 mil pela missão.

Antes de embarcar, foi flagrada e teve de cumprir 26 meses numa prisão feminina. "Eu tremia tanto que, no meu desespero, pensei que as cápsulas iriam se romper." Até então, ela estava cheia de fantasias românticas. Iria andar pelas ruas no outono de Nova York, com seus parques de folhas avermelhadas pelo chão e clima ameno, ao lado de seu namorado, que, como ela, carregava, naquele dia, a droga escondida no corpo. E que também foi preso.

Cardona continuou a ser professora na prisão. Recebia todas as semanas estudantes de escolas de Medellín e contava-lhes sobre o risco de entrar para o narcotráfico. No final, para não perder o hábito, acabava tocando e cantando músicas que compôs sobre suas desventuras. Desde a prisão, acabou o namoro e, até agora, não se dispôs a uma nova relação. "Uma coisa é um pai, uma mãe ou um policial falar sobre o risco das drogas. Outra, muita diferente, são meninos e meninas verem e ouvirem alguém dando seu próprio testemunho dentro da cadeia." Ela já está livre, mas continua com suas palestras cantadas e sobrevive ensinando violão e flauta para crianças.

Capital mundial

As palestras de Cardona aos jovens, a maioria deles de escolas públicas, eventuais candidatos a "mulas", nasceram com o programa "Delinqüir não vale a pena" e integram um dos mais extraordinários exemplos de ofensivas contra a violência de que se tem notícia.

No início dos anos 1990, a taxa de homicídio de Medellín, segunda maior cidade colombiana, com 1,8 milhão de habitantes -a região metropolitana tem 2,8 milhões-, era de 360 por 100 mil habitantes. Entende-se o que significa isso comparando com a cidade de São Paulo, onde ela é de 25 por 100 mil, ou seja, 14 vezes menor. Não havia nenhum lugar do planeta, mesmo os conflagrados pela mais feroz das guerras, que remotamente se aproximasse da violência daquela cidade colombiana, centro de operação do narcotráfico e seus assassinos profissionais mesclando-se diferentes organizações guerrilheiras de esquerda, grupos paramilitares e gangues de adolescentes. Daí ter ganho o nada honorífico título de "capital mundial da violência".

Apenas recentemente, estudiosos de várias partes do mundo, especialmente do Terceiro Mundo, estão chegando para tentar entender como eles conseguiram baixar de 360 para 39 homicídios por 100 mil habitantes -índice ainda elevado, mas substancialmente menor e caindo ano a ano. É uma queda de quase 90%, notadamente veloz nos últimos três anos. "Medellín é um dos melhores laboratórios de paz de todo o mundo", afirma Martha Laverde, colombiana, especialista em educação do Banco Mundial.

O exemplo de Nova York

É um caso bem mais profundo do que o ocorrido em Nova York, onde um ex-prefeito (Rudolph Giulianni) chegou a ser cogitado como ganhador do Nobel da Paz pela redução dos índices de homicídio, atualmente em 7 por 100 mil habitantes. Além de Medellín ter a multiplicidade de fontes de violência de narcotraficantes, gangues de jovens, guerrilheiros e paramilitares, há os indicadores sociais, típicos latino-americanos. A taxa de pobreza é de 40% e o desemprego entre jovens, nos bairros mais desolados, chega a 70%. Lá estão as incubadoras para a formação de assassinos profissionais, conhecidos como "sicários", e para as "mulas", como a cantora Cardona, dispostas a traficar a droga para Estados Unidos e Europa.

A ofensiva dos governos nacional, estadual e municipal resultou no ataque ao narcotráfico, onde imperava o mítico Pablo Escobar, na desmobilização dos paramilitares, no enfraquecimento das guerrilhas das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e da ELN (Exército de Libertação Nacional). "Se tivéssemos tanta descoordenação entre as forças policiais como vocês, no Brasil, já teríamos desaparecido do mapa", diz o jornalista Alonso Salazar, impressionado com os debates e as disputas que testemunhou, entre autoridades brasileiras, por causa do PCC.

Jornalista investigativo, seu tema era o submundo de Medellín, o que o levou a acompanhar de perto os movimentos dos principais personagens da cidade. "Aprendi como funcionava a hierarquia do crime, especialmente nas favelas." Foi chamado para ser um dos principais assessores da prefeitura, onde, com seu conhecimento de repórter, ajudou a articular um plano de segurança -e, agora, se candidata para ser prefeito, no próximo ano.

Comuna 13

O símbolo máximo do caos era a Comuna 13 -um conglomerado de 25 favelas que se espalhavam pelas montanhas que cercam Medellín e produziam o grosso da violência. Não havia poder público e, para subir lá, só com autorização. Numa operação de guerra, o Exército ocupou a região e instalou bases militares. Puderam, então, chegar educadores, assistentes sociais e policiais comunitários.

Com o policiamento comunitário, as pessoas se sentiram mais confortáveis para denunciar os matadores, o que diminuiu a sensação de impunidade. Não apenas se treinaram melhor os policiais, mas se capacitou a comunidade sobre como lidar com a questão da segurança. Surgiram, voluntariamente, os "vigilantes do bairro", cuja missão é apenas informar as autoridades sobre movimentos suspeitos.

Disseminou-se a figura do mediador de conflito: alguém de respeito no bairro apto a intermediar disputas entre moradores. Disputas que, numa situação "normal", acabariam em pancadaria. Neste ambiente, diminuíram-se as resistências contra a campanha de desarmamento. "O essencial é que eles estão combinando, na medida certa, ações repressivas com preventivas", analisa Laverde, do Banco Mundial.

Jovens envolvidos na marginalidade foram convidados a trabalhar como educadores e recebem um salário para manter a ordem na cidade. Jhon Albeiro Yalí já tinha passado um ano na prisão por causa da guerra de gangues. Hoje, ele, uniformizado de chapéu e camiseta azul, orienta pedestres a se prevenirem de acidentes de trânsito. "Sem isso, eu não teria perspectiva", orgulha-se. "Precisávamos trabalhar a auto-estima da população", diz Alonso Salazar. "Achávamos que a violência era, além de um reflexo da impunidade, uma indicação da falta de auto-respeito."Muitas vezes, eram os grupos marginais que ofereciam proteção e assistência social, disfarçando-se de poder público.

A força da bibliotecaAlém das medidas repressivas, preventivas e educacionais, implementaram-se reformas urbanas nos bairros mais pobres, alguns deles nas montanhas, totalmente isolados. Construíram-se escadas, promoveu-se a coleta do lixo, escolas foram ampliadas, abriram centros de saúde e ofereceu-se um sistema de transporte -em alguns casos, de teleférico.Para acompanhar, em detalhes, a evolução de cada indicador, nasceu um entidade civil chamada "Como Vamos Medellín", cujos resultados são amplamente divulgados pela mídia. É uma espécie de termômetro para medir qualidade de vida, em que se contabilizam desde seqüestros, roubos, furtos até evasão escolar, gravidez precoce, renda dos trabalhadores e desemprego.

Neste momento, estão construindo numa das regiões mais pobres uma imensa biblioteca, em meio ao verde para servir de ponto de encontro tanto quanto de leitura. A idéia é que, em cada bairro, o principal centro seja uma biblioteca. "Achamos que quem gosta de ler não gosta de matar", aposta Salazar.

Mais um

GILBERTO DIIMENSTEIN

Brincar faz bem à saúde

As pessoas imaginam o brincar como um passatempo inútil; mas é um dos caminhos para o prazer da descoberta

TRÊS PESQUISAS publicadas na semana passada:1) Excesso de TV e internet na infância aumenta o risco de vida sexual precoce, abuso do álcool, fumo e drogas, além da obesidade (Universidade Yale); 2) Crianças que vivem longe de áreas verdes tendem a engordar mais do que as que moram próximas de parques ou praças (Escola de Saúde Pública da Universidade de Washington); 3) Em comparação com meninos e meninas ricas, crianças pobres demonstraram, em testes com neurocientistas, menor atividade no córtex pré-frontal -área do cérebro relevante para a criatividade e solução de problemas, o que se traduz em limitação, muitas vezes para sempre, do aprendizado (Instituto de Neurociência Helen Wills, da Universidade da Califórnia). As três pesquisas sugerem, entre outras coisas, o dano físico e psicológico provocado pela escassez do prosaico ato de brincar, da qual a obesidade é só o sintoma mais visível.

Ao falar sobre o cérebro das crianças de famílias de baixa renda, um dos autores do estudo (Thomas Boyce) ressalvou que o problema não era necessariamente a pobreza, mas o precário estímulo lúdico no ambiente em que vivem. Além da falta de livros, poucos visitam museus e teatros. Para completar, faltariam brincadeiras desde o berço. As pessoas, em geral, imaginam o brincar como um passatempo inútil. Mas é um dos caminhos para o prazer da descoberta, capaz de estabelecer conexões cerebrais usadas pelo resto da vida. Mesmo os pais ricos e de classe média desconsideram essas descobertas científicas. Basta ver a ansiedade para que seus filhos se alfabetizem o mais rapidamente possível, aprendam logo uma segunda língua e comecem a se preparar para o vestibular. Assim como excesso de comida não significa saúde, mas doença, excesso de informação não significa capacidade de lidar criativamente com o conhecimento. Ficar muitas horas no computador é a versão intelectual da obesidade.

Podemos medir a qualidade de uma cidade apenas julgando o espaço dedicado ao direito à brincadeira. Certamente aqui está uma das razões associadas à violência. Na semana passada ocorreu, em São Paulo, um encontro sobre o futuro das metrópoles, organizado pela London School of Economics, em que, entre outros assuntos, se discutiu a segurança. Foi exibido o caso de Medellín, na Colômbia, que chegou a ser o lugar mais violento do planeta, com 368 mortes por 100 mil habitantes. Só para comparar, note que, neste ano, o índice de assassinatos na cidade de São Paulo gira em torno de 13 por 100 mil habitantes e não nos sentimos seguros. Além, claro, de ações policiais e de infra-estrutura, Medellín criou praças, parques e ciclovias. Abriram-se as escolas nos finais de semana e se montou uma rede de monumentais bibliotecas que mais parecem parques de diversão. Tudo isso se converteu no prazer da convivência e da descoberta que, em essência, significa brincar. O índice de assassinatos em Medellín baixou, neste ano, para 25 por 100 mil.

Não é necessário ir tão longe. Neste final de semana, o rapper Rappin'Hood se apresenta na inauguração da praça da Paz, no bairro Elisa Maria, na zona norte de São Paulo, conhecido pela rotina das chacinas. Desde o ano passado, como em Medellín, se implantaram, além de policiamento comunitário e programas assistenciais, projetos culturais e esportivos. Construiu-se uma escola, que fica aberta nos finais de semana. Resultado divulgado na sexta-feira passada, durante seminário internacional sobre policiamento: em um ano, queda de 68% dos homicídios. Esse tipo de resultado é o que me faz prestar atenção em experiências como a de BH, onde se colocam universitários em praças e parques para interagir com estudantes de escolas públicas; em São Paulo, desenha-se um projeto para que todos os clubes municipais se convertam em extensão da sala de aula; a cidade inteira de Apucarana, no Paraná, se converteu numa escola.

Como vivemos na era do conhecimento, as cidades contemporâneas têm de ser conduzidas mais pelo pelo olhar dos educadores do que dos arquitetos, engenheiros e urbanistas -e, aliás, desde o berço. Nada mais importante do que a crescente convicção, em todos os níveis de governo, visível nas últimas eleições municipais, de que um projeto de nação civilizada passa pela pré-escola, a começar da creche. As descobertas dos neurocientistas da Universidade da Califórnia, com as revelações dos movimentos cerebrais, encerram definitivamente o debate sobre a importância dessa ação.

PS-Coloquei em meu site (www.dimenstein.com.br) o detalhamento das três pesquisas citadas nesta coluna. Qualquer indivíduo com um mínimo de responsabilidade pública nunca deveria esquecer dos efeitos neurológicos sobre a falta de estímulos na infância. É no córtex pré-frontal que se perpetua a desigualdade social.
gdimen@uol.com.br

07 de dezembro de 2008

Mais um texto para discutir

GILBERTO DIMENSTEIN

O Rio é um caso perdido?

No Dona Marta talvez esteja sendo construído um marco psicológico fundamental na redução de assassinatos

DESDE QUE comecei a investigar, no final da década de 1980, grupos de extermínio, tráfico de drogas e assassinato de crianças, pela primeira vez estou com a sensação de que a cidade do Rio talvez não seja um caso perdido. Em meio à enxurrada de assaltos a turistas nesta semana, os sinais dessa mudança podiam ser captados, na semana passada, pelas antenas que oferecem internet grátis ao morro Dona Marta, encravado na zona sul, onde se conseguiu, pelo menos até agora, controlar a violência comandada pelo tráfico. Levando-se em conta a extensão da pobreza e da marginalidade juvenil no Rio, combinada com a corrupção policial, aquele morro e suas antenas Wi-Fi podem parecer um detalhe. Mas talvez ali esteja se construindo um marco psicológico -um marco que foi fundamental na redução do número de assassinatos em cidades como Nova York, Los Angeles, Bogotá, Medellín e São Paulo. Se isso se confirmar, estamos diante do desenho de uma das mais importantes novidades sociais no país.

Pela localização da favela, cercada de escolas em que estuda boa parte da elite do Rio -e pela mistura de prevenção com repressão na tomada do morro Dona Marta-, existe uma chance razoável de se produzir impacto em toda a cidade e transmitir um símbolo de que a guerra não está perdida. A virada da falida financeiramente Nova York, com muitos de seus bairros parecendo praças de guerra, está associada a uma imagem -o desenho do coração entre as palavras "I" e "YOU". A virada de São Paulo está ligada ao movimento de desarmamento lançado pela sociedade em frente à Faculdade de Direito da USP, no largo São Francisco -um espaço ligado a campanhas do abolicionismo, da República e contra regimes ditatoriais. Bogotá destruiu seu bairro mais violento e o transformou num parque; Medellín construiu um metrô que uniu o morro ao resto da cidade. A reação começa com o esgotamento emocional de uma população acuada. Mas o esgotamento não iria longe se não houvesse um momento em que se apresenta um projeto confiável, com resultados visíveis. O esgotamento do carioca é visível por todos os lados, a começar pela romaria daqueles que, inseguros, deixam uma das cidades mais belas (na minha opinião, a mais bonita) do mundo na busca de um refúgio. São Paulo, com sua feiura crônica, é uma das beneficiárias do êxodo de talentos do Rio.

Minha sensação sobre um possível início de virada do Rio vem do fato de que, em primeiro lugar, estão trabalhando de forma integrada três níveis de governo. As antenas fazem parte de uma operação que combina policiamento comunitário com as mais diferentes intervenções sociais, do saneamento às creches, passando pela iluminação. A prefeitura anunciou que vai pagar uma bolsa de R$ 500 para os policiais, cujo salário, em teoria, seria responsabilidade apenas do governador. Como apoio do Ministério da Educação, lançou-se um plano para implantar ensino em tempo integral em 150 escolas, transformando-as em centros comunitários, localizados em áreas conflagradas. Gestões desse tipo têm se revelado um antídoto contra a barbárie. Um exemplo é Medellín, cuja topografia lembra o Rio -mas a situação era muito, mas muito pior naquela cidade colombiana, que chegou a ter 360 assassinatos por 100 mil habitantes. Só para dar uma medida de comparação, o índice carioca é de 37 por 100 mil. O governo de São Paulo iniciou em Paraisópolis, onde ocorreram distúrbios, operação similar às que se desenvolveram em Medellín e Bogotá. Já ocorreram outras operações semelhantes na cidade de São Paulo, nas quais se registrou a queda rápida dos indicadores de criminalidade.

Há uma série de fatores que acabam pesando na redução da violência, como o gradual aumento da escolaridade, especialmente do ensino médio, a redução da gravidez precoce e a diminuição do número de jovens, além da disseminação de programas de distribuição de renda. Não estou dizendo aqui que a situação vai necessariamente melhorar no Rio -nem, muito menos, que vai melhorar rapidamente. A desagregação foi longe demais na cidade, muito mais longe do que em São Paulo. Marginais viraram heróis e exemplo de executivo bem-sucedido para centenas de milhares de crianças e adolescentes. Dona Marta é uma favela mínima comparada a muitas outras na cidade. A ofensiva só funciona se continuar por vários anos, ampliando a tomada de territórios e sobrevivendo a diferentes governadores e prefeitos. Até que um dia os marginais (e os policiais corruptos) não se sintam impunes, de tanto verem amigos ou conhecidos enjaulados, e não transformados em heróis para os adolescentes. Quando, e se isso vai acontecer, não sei, mas o fato é que o Rio está começando a executar uma terapia que funciona.

PS - Um relatório divulgado na semana passada pelo Movimento Todos pela Educação sobre o nível de aprendizado dos estudantes da oitava série de escolas públicas nas capitais mostra o seguinte sobre o Rio: 80% deles não têm conhecimento adequado em língua portuguesa; 88%, em matemática. Note que essa é a média -nas favelas o aprendizado é muito mais baixo. Aliás, São Paulo consegue ir pior -84% não aprenderam português e 93%, matemática. Como enfrentar a marginalidade juvenil com essa calamidade? Coloquei os dados completos de todas as capitais no www.dimenstein.com.br. gdimen@uol.com.br

22 de fevereiro de 2009

Para ouvir Ramil

Quem deseja ouvir o CD Estética do Frio, de Vitor Ramil, pode baixar algumas músicas em:

http://www.vitorramil.com.br/discos/ramilonga.htm#

Para pensar em território e cultura

Nossa aula de amanhã, dia 28, vai tratar sobre o papel da cultura para a melhora da qualidade de vida de nossas cidades. Por isso, sugiro a leitura essa reportagem:

http://www.comunidadesegura.org/pt-br/MATERIA-Bibliotecas-para-a-paz-urbana-na-Colombia

Quem faltou a última aula, saiba que lemos e discutimos o texto básico e mais esses dois textos que estão nos links abaixo:

http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2705302-EI6578,00.html

http://www.vitorramil.com.br/textos/estetica_p.htm

domingo, 23 de agosto de 2009

Dois livros

Folha divulgou o lançamento desses dois livros

Contemporaneidades 216 págs., R$ 28 de Olgária Matos. Lazuli/Companhia Editora Nacional (tel. 0/xx/11/2799-7799). Coletânea de ensaios e resenhas escritos entre 1985 e 2008 pela professora titular de filosofia na USP, nos quais trata, entre outros temas, de questões ligadas à formação da identidade brasileira.

O Que É o Contemporâneo? e Outros Ensaios 96 págs., R$ 19 de Giorgio Agamben. Trad. Vinícius Nicastro Honesko. Argos (tel. 0/xx/ 49/3321-8218). Reúne três ensaios do filósofo italiano sobre a experiência do tempo, a questão do dispositivo social normatizador e o estatuto ontológico e político da amizade.

Quem é?

QUEM É JESÚS MARTÍN-BARBERO

DA REDAÇÃO

Nascido na Espanha, mas radicado na Colômbia, Jesús Martín-Barbero é doutor em Filosofia e Letras pela Universidade de Louvain, na Bélgica, e coordenador de pesquisa da Faculdade de Comunicação e Linguagem da Pontifícia Universidade Javeriana de Bogotá.

Autor popular entre estudiosos da comunicação no Brasil, estuda o fenômeno sob enfoque cultural. Propôs em sua visita a São Paulo na última segunda que a área seja pensada como "nebulosa" -uma região sem fronteiras nem centro.

Ele esteve na cidade para aula magna de lançamento do Fórum Permanente de Programas de Pós-Graduação em Comunicação do Estado de São Paulo.

Entrevista publicada na Folha de hoje

São Paulo, domingo, 23 de agosto de 2009

+Sociedade

Comunidades falsificadas

Filósofo espanhol diz que a utopia de democracia direta e igualdade total na internet é mentirosa e ameaça minar as práticas de representação e participação políticas reais

RENATO ESSENFELDER
DA REDAÇÃO

Com a emergência de gigantescas redes sociais virtuais, como o Facebook, a internet configura a sua utopia máxima: todos somos iguais. E, se somos todos iguais, não precisamos mais de eleições, pois não precisamos ser representados. Todos nos representamos no espaço democrático da internet. O raciocínio é tentador, mas, para o filósofo espanhol Jesús Martín-Barbero, é mentiroso -e temerário. "Nunca fomos nem seremos iguais", ele diz, e na vida cotidiana continuaremos dependendo de mediações para dar conta da complexidade do mundo, seja a mediação de partidos políticos ou a de associações de cidadãos. Martín-Barbero vê a internet como um dos fatores de desestabilização do mundo hoje, que não pode ser pensado por disciplinas estanques. Mundo, aliás, tomado pela incerteza e pelo medo, que nos faz sonhar com a relação não mediada das comunidades pré-modernas. O filósofo conversou com a Folha durante visita a São Paulo, na semana passada.

FOLHA - Desde 1987, quando o sr. lançou sua obra de maior repercussão ["Dos Meios às Mediações", ed. UFRJ], até hoje, o que mudou na comunicação e nas ciências sociais?

JESÚS MARTÍN-BARBERO - Estamos em um momento de pensar o conceito de conhecimento como certeza e incerteza. A incerteza intelectual dos modernos se vê hoje atravessada por outra sensação: o medo. A sociedade vive uma espécie de volta ao medo dos pré-modernos, que era o medo da natureza, da insegurança, de uma tormenta, um terremoto. Agora vivemos em uma espécie de mundo que nos atemoriza e desconcerta.O medo vem, por exemplo, da ecologia: o que vai acontecer com o planeta, o nível do mar vai subir? A natureza voltou a ser um problema hoje, como aos pré-modernos. Depois vem o tema da violência urbana, a insegurança urbana. Por toda cidade que passo, de 20 mil a 20 milhões de habitantes, há esse medo. Como terceira insegurança, que nos afeta cada vez mais, aparece a vida laboral. Do mundo do trabalho, que foi a grande instituição moderna que deu segurança às pessoas, vamos para um mundo em que o sistema necessita cada vez menos de mão de obra. O mundo do trabalho se desconfigurou como mundo de produção do sentido da vida.

FOLHA - Nesse mundo de incertezas, como se comporta a noção de comunidade? Como ela aparece em redes virtuais como o Facebook?

MARTÍN-BARBERO - Acho que ainda não temos palavras para nomear esse fenômeno. Falamos em rede social, mas o que significa social aí? Apenas uma rede de muita gente. Não necessariamente em sociedade. Há diferenças entre o que foi a comunidade pré-moderna e o que foi o conceito de sociedade moderna. A comunidade era orgânica, havia muitas ligações entre os seus membros, religiosas, laborais. Renato Ortiz [sociólogo e professor na Universidade Estadual de Campinas] faz uma crítica muito bem feita a um livro famoso de [Benedict] Anderson, que diz que a nação é como uma comunidade imaginada ["Comunidades Imaginadas", ed. Companhia das Letras], principalmente por jornais e a literatura nacional. É verdade, são fundamentais para a criação da ideia de nação. Mas Renato Ortiz diz que há muito de verdade e muito de mentira nisso. O que acontece é que, quando a sociedade moderna se viu realmente configurada pelo Estado, pela burocracia do Estado, começou a sonhar novamente com a comunidade. Era uma comunidade imaginada no sentido de querer ter algo de comunidade, e não só de sociedade anônima. Falar de comunidade para falar da nação moderna é complicado, porque se romperam todos os laços da comunidade pré-moderna. Eu diria que há aí um ponto importante, considerando que no conceito de comunidade há sempre a tentação de devolver-nos a uma certa relação não mediada, presencial. Essa é um pouco a utopia da internet.

FOLHA - Qual utopia?

MARTÍN-BARBERO - A utopia da internet é que já não necessitamos ser representados, a democracia é de todos, somos todos iguais. Mentira. Nunca fomos nem somos nem seremos iguais. E portanto a democracia de todos é mentira. Seguimos necessitando de mediações de representação das diferentes dimensões da vida. Precisamos de partidos políticos ou de uma associação de pais em um colégio, por exemplo.

FOLHA - As comunidades virtuais da atualidade têm pouco das comunidades originais, então?

MARTÍN-BARBERO - Quando começamos a falar de comunidades de leitores, de espectadores de novela, estamos falando de algo que é certo. Uma comunidade formada por gente que gosta do mesmo em um mesmo momento. Se a energia elétrica acaba, toda essa gente cai.É uma comunidade invisível, mas é real, tão real que é sondável, podemos pesquisá-la e ver como é heterogênea. Comunidade não é homogeneidade. Nesse sentido é muito difícil proibir o uso da expressão "comunidade" para o Facebook. Mas o que me ocorre ao usarmos o termo "comunidade" para esses sites é que nunca a sociedade moderna foi tão distinta da comunidade originária. O sentido do que entendemos por sociedade mudou. Veja os vizinhos, que eram uma forma de sobrevivência da velha comunidade na sociedade moderna. Hoje, nos apartamentos, ninguém sabe nada do outro. Outra chave: o parentesco. A família extensa sumiu. Hoje, uma família é um casal. O que temos chamado de sociedade está mudando. Estamos numa situação em que o velho morreu e o novo não tem figura ainda, que é a ideia de crise de [Antonio] Gramsci.

FOLHA - A proposta de sites como o Facebook não é exatamente de fazer essa reaproximação?

MARTÍN-BARBERO - Creio que há pessoas no Facebook que, pela primeira vez em suas vidas, se sentem em sociedade. É uma questão importante, mas não podemos esquecer da maneira como nos relacionamos com o Facebook.Um inglês que passa boa parte de sua vida só, em um pub, com sua grande cerveja, desfruta muito desse modo de vida. Nós, latinos, desfrutamos mais estando juntos.Evidentemente a relação com o Facebook é distinta. O site é real, mas a maneira como nos relacionamos, como o usamos, é muito distinta. O Facebook não nos iguala. Nos põe em contato, mas nada mais.

FOLHA - De que maneira essas questões devem transformar os meios de comunicação?

MARTÍN-BARBERO - Não sei para onde vamos, mas em muito poucos anos a televisão não terá nada a ver com o que temos hoje. A televisão por programação horária é herdeira do rádio, que foi o primeiro meio que começou a nos organizar a vida cotidiana. Na Idade Média, o campanário era que dizia qual era a hora de levantar, de comer, de trabalhar, de dormir. A rádio foi isso.A rádio nos foi pautando a vida cotidiana. O noticiário, a radionovela, os espaços de publicidade... Essa relação que os meios tiveram com a vida cotidiana, organizada em função do tempo, a manhã, a tarde, a noite, o fim de semana, as férias, isso vai acabar. Teremos uma oferta de conteúdos. A internet vai reconfigurar a TV imitadora da rádio, a rádio imitadora da imprensa escrita... Creio que vamos para uma mudança muito profunda, porque o que entra em crise é o papel de organização da temporalidade.


FOLHA - A ascensão da internet e da oferta de informação por conteúdos suscita outra questão, ligada à formação do cidadão. Não corremos o risco de que um fã de séries de TV, por exemplo, só busque notícias sobre o tema, alienando-se do que acontece em seu país? MARTÍN-

BARBERO - Antigamente, todos líamos, escutávamos e víamos o mesmo. Isso para mim era muito importante. De certa forma, obrigava que os ricos se informassem do que gostavam os pobres -sempre defendi isso como um aspecto de formação de nação.Quando lançaram os primeiros aparelhos de gravação de vídeo, disseram-me que isso era uma libertação: as pessoas poderiam selecionar conteúdos.Mas esse debate já não é possível hoje. Passamos para um entorno comunicativo, as mudanças não são pontuais como antes. A questão não é se eu abro ou não abro o correio. Não quero ser catastrofista, mas o tanto que a internet nos permite ver é proporcional ao tanto que sou visto. Em quanto mais páginas entro, mais gente me vê. É outra relação.Temos acesso a tantas coisas e tantas línguas que já não sabemos o que queremos. Hoje há tanta informação que é muito difícil saber o que é importante. Mas o problema para mim não é o que vão fazer os meios, mas o que fará o sistema educacional para formar pessoas com capacidade de serem interlocutoras desse entorno; não de um jornal, uma rádio, uma TV, mas desse entorno de informação em que tudo está mesclado. Há muitas coisas a repensar radicalmente.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Entrevista publicada na Folha de hoje

Pessoas, como eu disse, costumo postar aqui textos publicados na imprensa que dizem, de alguma forma, respeito aos temas que estamos estudando. No nosso primeiro tema, nosso recorte é pensar territórios e, dentro disso, as cidades e cultura.

A arquitetura pode ajudar a mudar uma região, mas não é a "penicilina" que cura a doença, diz o arquiteto norte-americano Ricardo Scofidio, 73, vencedor, ao lado de Elizabeth Diller e Charles Renfro, do concurso para a escolha da nova sede do MIS (Museu da Imagem e do Som), no Rio. Ele acredita no potencial da arquitetura para promover mudanças qualitativas em regiões como a que sediará o novo museu -hoje um ponto de prostituição em Copacabana.Scofidio é casado com Elizabeth Diller, com quem trabalha desde 1970. Entre outros projetos, eles foram responsáveis pelo novo Instituto de Arte Contemporânea de Boston e pelo Eyebeam Atelier, um museu-laboratório dedicado a novas mídias em Manhattan. O arquiteto dirige o escritório Diller Scofidio + Renfro, em Nova York. (DENISE MENCHEN)

FOLHA - Um dos aspectos mais marcantes do projeto do novo MIS é a tentativa de fazer do museu uma extensão do calçadão. Como surgiu essa ideia?

RICARDO SCOFIDIO - Quando começamos o projeto, sentimos de forma muito forte que a praia de Copacabana é um lugar muito democrático e que o museu, por ser um prédio público, deveria manter essa sensação. E o símbolo disso é o calçadão, um lugar onde todos caminham e passeiam e, por um momento, são iguais. Então quisemos verticalizar o calçadão, fazê-lo subir o prédio, tanto do lado de dentro quanto do de fora. Esse é um museu sobre a cidade, não é um museu que deveria passar a imagem de que é voltado apenas para pessoas com certo nível educacional.

FOLHA - No mundo todo, há uma tendência de criar museus mais atrativos e sedutores, como é o caso do MIS. Museus, no entanto, são feitos para durar décadas. É possível fazer um projeto que mantenha sua atratividade ao longo do tempo?

SCOFIDIO - Sim. Para mim, o problema é quando os museus se mumificam. Eles preservam algo, mas é a preservação de algo morto. E um museu deveria ser vivo e atual. E essa eu acho que é uma das coisas maravilhosas do MIS, a sua conexão com a cultura e o momento atual da cidade. E o fato de ter um restaurante e um piano bar nesse museu vai fazer dele um novo museu, talvez o primeiro do tipo no mundo.

FOLHA - O orçamento previsto para a construção do museu, incluindo o custo do projeto, é de R$ 45 milhões (cerca de US$ 25 milhões). Será suficiente?

SCOFIDIO - Ainda não estou familiarizado com os custos do metro quadrado na construção civil brasileira. As pessoas com quem conversamos nos asseguraram que o orçamento é perfeitamente adequado para o prédio que nós queremos fazer.Por exemplo, o ICA (sigla em inglês para Instituto de Arte Contemporânea) em Boston custou mais ou menos a mesma coisa. E o importante é que nós vamos trabalhar com Marcio Kogan, arquiteto local que conhece a realidade brasileira.

FOLHA - O Rio tem duas experiências complicadas com projetos de grandes obras culturais. Um é o da Cidade da Música, do arquiteto francês Christian de Portzamparc. Inicialmente orçado em R$ 80 milhões, já custou mais de R$ 500 milhões e está com as obras paralisadas. O outro, que não chegou a sair do papel, foi um museu Guggenheim, com projeto de Jean Nouvel, que seria construído na região portuária, mas foi obstruído pela Justiça. Como o senhor avalia a viabilidade do projeto dentro desse orçamento e das possíveis dificuldades com a burocracia e a Justiça brasileiras?

SCOFIDIO - Não sei o suficiente sobre esses projetos para saber onde foi que ocorreu o problema, o que deu errado. O que eu sei é que, em todos os projetos que fazemos, nós não vamos embora e voltamos apenas quando o prédio já está pronto.Nós vamos desenvolver o projeto lado a lado com o MIS e com a Fundação [Roberto Marinho]. Vamos continuamente checar os custos à medida que formos avançando. Não vamos estourar o orçamento por causa do jeito que o museu foi projetado. Mas sempre há o imprevisível. Você cava um buraco e quem sabe o que vai encontrar?

FOLHA - O MIS será construído no local onde hoje funciona uma boate que, desde os anos 80, é um ponto de prostituição em Copacabana. O senhor tem outras experiências com projetos criados para promover uma grande mudança qualitativa na vizinhança, como é o caso desse?

SCOFIDIO - Acredito que todo projeto gera uma mudança qualitativa na sua vizinhança. Veja o High Line, o parque suspenso que nós estamos fazendo em [uma ferrovia abandonada de] Manhattan. Ele vai mudar a vizinhança completamente.Vai haver novos projetos, o valor das propriedades vai subir... Tudo o que se faz como arquiteto provoca mudanças, e é preciso estar ciente disso. Eu não acho que seja algo exclusivo desse projeto.

FOLHA - Em São Paulo, desde 1998, mais de R$ 200 milhões foram investidos em equipamentos culturais na localidade conhecida como cracolândia, onde viciados em crack usam a droga livremente nas ruas. Agora o plano é investir outros R$ 12 milhões num projeto urbanístico para a área. Como arquiteto, como você avalia que o urbanismo e a arquitetura podem colaborar com a recuperação de áreas degradadas e quais os seus limites?

SCOFIDIO - Essa é uma pergunta difícil. Há muitas questões políticas envolvidas nisso que são provavelmente muito mais profundas do que o alcance da arquitetura. Eu não acho que você pode chegar com a arquitetura e resolver problemas sociais. Esses problemas devem ser atacados no nível político e humanitário. E aí, sim, a arquitetura pode ajudar. Mas a arquitetura não vai ser a penicilina que vai curar a doença.

FOLHA - O senhor chegou a visitar São Paulo? O que achou da cidade?

SCOFIDIO - Fui lá [na semana passada]. Visitei o Museu do Futebol e o Museu da Língua Portuguesa, ambos da Fundação [Roberto Marinho]. São muito bonitos. Mas fui do aeroporto para o escritório do Marcio Kogan, de lá para os museus e então de volta para o aeroporto. Não conheci a cidade. Isso vai ter que ficar para uma outra viagem. Sei que tem muita arquitetura interessante lá.

FOLHA - O senhor teve a oportunidade de visitar alguns marcos arquitetônicos no Rio?

SCOFIDIO - Nos poucos momentos livres que tive quis conhecer a arquitetura do [Oscar] Niemeyer. Vi a Casa das Canoas, o museu de Niterói [MAC, Museu de Arte Contemporânea] e passei pelo hotel na torre redonda, que está fechado [Hotel Nacional, em São Conrado], e por alguns dos seus trabalhos no centro. Essa é a arquitetura com a qual eu cresci. Foi muito importante para mim, como estudante, saber que isso estava acontecendo.

FOLHA - O sr. conhece o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que ganhou o prêmio Pritzker? O que acha dele?

SCOFIDIO - [Risos] Essa é uma pergunta engraçada. Existe uma razão pela qual ele ganhou o Pritzker. Eu não vou dizer que eu odeio o trabalho dele, é óbvio. Eu realmente gosto muito. Uma das coisas que descobrimos [durante a pesquisa para o MIS] foi Oswald de Andrade, um escritor que nos anos 20 escreveu um manifesto sobre o canibalismo. Ele falava sobre como o Brasil iria digerir a cultura europeia e fazer algo único. A nossa esperança é que nós digiramos um pouco da arquitetura de vocês para fazer da nossa arquitetura também algo único para o Brasil.

Cronograma de atividades 2009.2

Oi pessoas.
Na nossa primeira aula, dia 14 de agosto, expliquei o nosso programa e organizamos esse cronograma de atividades, que foi apreciado e aprovado por todos.
Eu me enganei na data do congresso que participarei na Bolívia, por isso a mudança.
Em breve atualizo o cronograma com as referências dos textos a serem adotados.
Os dois primeiros textos estão em uma pasta do CC, em meu nome, na xerox da Facom. Tb enviarei os textos pela nossa lista.
Lembro que já na próxima sexta vcs devem entregar um roteiro de leitura com as cinco idéias centrais do texto. Explique brevemente as idéias com as próprias palavras.
Um abraço e bom semestre para nós.
Leandro


CRONOGRAMA DE ESTUDOS DA CONTEMPORANEIDADE II
PROFESSOR LEANDRO
SEXTAS, 18H30 ÀS 22H30

AGOSTO

14 – APRESENTAÇÃO DO COMPONENTE, DEFINIÇÃO DO CRONOGRAMA DE ATIVIDADE

21 – Início das discussões sobre Mundialização, Territorialidade e Desigualdade. Ler ALBAGLIA, Sarita. Território e territorialidade. In. LAGES, V., BRAGA, C. MORELLI, G. Territórios em movimento: cultura e identidade como estratégia de inserção competitiva. Rio de Janeiro/Brasília, Relume Dumará/SEBRAE, p. 25 a 45. Disponível em http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/E1C3CE6A43DBDB3203256FD6004907B7/$File/NT000A61AE.pdf. Entrega do primeiro roteiro de leitura (apontar cinco argumentos centrais do texto e explicar elas com as próprias palavras)

28 – Continuação sobre Mundialização, Territorialidade e Desigualdade. Ler CANCLINI, Nestor Garcia. O papel da cultura em cidades pouco sustentáveis. In: SERRA, Monica Allende (org.). Diversidade cultural e desenvolvimento urbano. São Paulo: Iluminuras, 2005, p. 185 a 198. Entrega do segundo roteiro de leitura.

SETEMBRO

4 – Início das discussões sobre Progresso, desenvolvimento e crise. Ler SANTOS, João Teixeira dos. Crise de 1929 e em 2009: 80 anos de (in)evoluções da economia mundial. No prelo.

11 – Continuação das discussões sobre Progresso, desenvolvimento e crise. Texto a definir

18 – Início das discussões sobre Arte, tradição, transgressão. Ler COELHO, Marcelo. A crítica conservadora. In: Crítica cultural: teoria e prática. São Paulo: Publifolha, 2006, p. 11-57.

25 – Continuação das discussões sobre Arte, tradição, transgressão. Texto a definir

OUTUBRO

2 – Início das discussões sobre Educação, conhecimento, informação. Ler SANTOS, B. de S. Da Idéia de Universidade à Universidade de Idéias. In: Pela Mão de Alice. O social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez, 1999, p.187 a 226.

9 – Congresso na Bolívia (não teremos aula)

16 – Continuação das discussões sobre Educação, conhecimento, informação

23 – Revisão dos conteúdos e divulgação das perguntas da prova

30 – prova (sorteio de perguntas divulgadas com antecedência. Prova sem consulta)


NOVEMBRO

6 – Entrega dos projetos e acompanhamento dos trabalhos em desenvolvimento

13 - acompanhamento dos trabalhos em desenvolvimento

20 – Entrega dos trabalhos projetados e apresentação em sala

27 – apresentação dos trabalhos em sala

DEZEMBRO

4 – Entrega dos trabalhos corrigidos e notas. Avaliação do semestre


Formas de avaliação acordadas:

Primeira nota: Roteiros de leitura dos textos obrigatórios: peso 10

Segunda nota: prova (peso 10)

Terceira nota (dividida em):

projetos de pesquisa e/ou artísticos: 1,0

apresentação dos trabalhos em sala: peso 1,0

texto e/ou produto artístico: 8,0