quarta-feira, 24 de março de 2010

terça-feira, 23 de março de 2010

Textos e datas do segundo módulo

Atenção pessoas.

Os três textos de leitura obrigatória para o módulo 2, de Cultura, identidade e diversidade, já estão em nossa pasta na xerox da Facom.

O primeiro texto é de John Thompson, páginas 165 a 181 do livro Ideologia e Cultura Moderna. É um texto sobre conceitos de cultura. Será discutido na aula do dia 29 de março (para a turma de segunda) e na aula de dia 31 de março (para a turma de quarta).

O segundo texto é Durval Muniz de Albuquerque, com o título Fragmentos do discurso cultural: por uma análise crítica do discurso sobre cultura no Brasil (páginas 13 a 23), extraído do livro Teorias e políticas da cultura, editado pela EDUFBA. Esse texto será discutido no dia 5 de abril (turma segunda) e dia 7 de abril (turma quarta).

O terceiro texto é de Nestor Garcia Canclini, Diversidade e direitos na interculturalidade global, páginas 143 a 151, publicado no Observatório Itaú Cultural, número 8. Será discutido na aula de 12 de abril (segunda) e 14 de abril (quarta). Esse texto está disponível on line no http://www.itaucultural.org.br/bcodemidias/001516.pdf
Nesse site está todo o volume do Observatório, por isso, vocês deverão procurar o artigo na referida página.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Sobre universidade

Modelo americano ou europeu: qual o melhor caminho para a Universidade brasileira?
http://espacoacademico.wordpress.com/2009/11/30/modelo-americano-ou-europeu-qual-o-melhor-caminho-para-a-universidade-brasileira/

Funcionamento do sistema de ensino superior americano
http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?materia=2166

Para fomentar o debate de nossas aulas sobre educação superior, considero importante algumas reflexões para além do texto do Boaventura.

Boaventura cita um polêmico livro, chamado A cultura inculta. Para saber um pouco mais sobre isso, sugiro a leitura do curto artigo de outro professor português. Leiam em http://bocc.ubi.pt/~fidalgo/ubiversidade/O-que-eh-a-universidade.html

Sobre a chamada Universidade Nova, o reitor da UFBA tem escrito muito. Achei na net um capítulo inteiro de um dos seus livros mais recentes. Vejam em www.anped11.uerj.br/doc14/protopia.doc

O texto é meio longo, selecionei esse trecho para postar aqui:

"Dizem alguns críticos da Universidade Nova que a sociedade brasileira mal está se recuperando das ações afirmativas nas universidades públicas e já tem que começar a pensar em algo novo. É função da universidade justamente fazer isso. O que enfim se espera da universidade? Sabemos que ela foi inventada para estar à frente da sociedade, para construir a cultura, para ser vanguarda na história. Quando o projeto Universidade Nova estiver em curso de implantação, possivelmente vamos ter que abrir alguma outra vanguarda. O fato de a universidade brasileira, historicamente, ter abdicado de construir o novo, fez com que a sociedade fosse buscar a inovação em outras instituições. Justamente por isso, a instituição universitária foi paulatinamente perdendo seu valor perante a cultura nacional.

Outros críticos se mostram céticos frente a qualquer possibilidade de mudanças na universidade sem antes termos resolvido o imenso débito histórico e político do ensino médio e fundamental. Argumentam que não faz sentido falar de reforma na universidade enquanto continuarmos com uma educação básica incapaz de efetivamente preparar seus alunos para prosseguir em sua formação intelectual. Pontificam, sisudos e solenes: precisamos renovar a escola pública em todos os níveis, depois vamos reformar a universidade. Penso, a partir de uma lógica oposta, que se trata de uma posição imobilista e paralisante. Não podemos esperar mais.

Uma reforma universitária verdadeira, justificada e focada na arquitetura curricular, poderá contribuir para (e, quem sabe, catalisar) a desejada transformação de todo o sistema educacional. No momento em que o sistema federal de educação superior mudar sua arquitetura curricular, redefinindo o conceito de formação universitária e, por conseqüência, a sistemática de recrutamento de novos estudantes, estou certo de que haverá um efeito reverso no ensino médio e quiçá também no ensino fundamental. Como e quando isso ocorrerá, é difícil prever e mesmo conceber. Mas não tenho dúvidas de que mudanças profundas na educação básica advirão do projeto Universidade Nova.

Faz parte dos pensamentos esperançosos que, neste livro, pretendi compartilhar com os eventuais leitores, a reflexão de que agora estamos mobilizando mais o debate sobre esses temas relevantes e assim ganhamos visibilidade e auto-afirmação. Por exemplo, colocar o Brasil no cenário educacional do mundo é responsabilidade da universidade. Para isso, é imprescindível que, nas relações complexas de trocas internacionais, tenhamos sistemas educacionais que sejam valorizados e compatíveis com os centros intelectuais e econômicos do mundo contemporâneo. Não podemos criar e fomentar, sob o pretexto da autonomia institucional e da soberania nacional, formas de perpetuação do nosso atraso. É claro que a universidade brasileira conta com centros de pesquisa de excelência e reconhecimento internacional, mas o avanço pontual não faz a instituição como um todo ser vanguarda. A universidade precisa de algo que a unifique nessa direção. E aí entra o projeto Universidade Nova.

Talvez por mera dialética, parece que as condições de superação do constrangimento histórico de termos uma universidade arcaica e inerte se acumulam, indicando algum horizonte de transformação.

Primeiro, as mudanças pretendidas pela Reforma Universitária de 1968 foram completamente digeridas e neutralizadas pelas forças do tradicionalismo na universidade. De fato, em menos de 10 anos, as universidades brasileiras que passaram por aquela reforma já haviam recuado, quase completamente, em relação às alterações de estrutura institucional e de arquitetura curricular.

Segundo, nem mesmo o deus ex-machina chamado “mercado de trabalho” parece mais se importar com os padrões de formação profissional dos egressos da educação universitária. Grandes corporações, empresas de pequeno e médio porte, instituições públicas (principalmente do judiciário), simplesmente retreinam todos os profissionais recrutados para compor seus quadros técnicos e executivos, como se a passagem pela instituição educacional e a conquista do diploma universitário apenas cumprissem a função de credenciamento e não de formação profissional.

Por último, os modelos de formação universitária que inspiraram nossas instituições de educação superior já se encontram totalmente superados em seus contextos originais. Quando o prazo de consolidação do Processo de Bolonha for alcançado (a data é 2010), o Brasil corre sério risco de ser o último país com algum grau de desenvolvimento científico, tecnológico e industrial a possuir uma arquitetura curricular com padrões e modelos estabelecidos na Belle Époque. Caso isso ocorra, o País do Futuro terá enfim cumprido sua sina de ser para sempre o “país dos bacharéis”.

Anísio Teixeira tinha clareza das estratégias necessárias para realizar a reforma universitária verdadeira, em um espírito plenamente concordante com as iniciativas do atual movimento pela Universidade Nova. Novamente, a palavra presciente do mestre Anísio (2005, p. 178-9) nos guia, como se fosse hoje:O desafio do presente é criar ordem e padrões de métodos e ação universitários na galáxia imprecisa, múltipla e vaga do ensino superior brasileiro, em expansão incoercível."


Para saber o que é o modelo de Bolonha e o de Harvard e uma certa crítica a Universidade Nova, ver http://www.isecure.com.br/anpae/316.pdf

Também selecionei um trecho desse texto:

"Efetivamente, os formuladores da Universidade Nova são reticentes em admitir coincidências com os modelos existentes nos EUA ou na Europa. Naomar de Almeida Filho, reitor da UFBA e principal sistematizador da idéia, intitula um dos principais capítulos de seu livro, Universidade Nova: textos críticos e esperançosos, de “Universidade Nova: Nem Harvard Nem Bolonha” (ALMEIDA FILHO, 2007, p. 259).

Entretanto, em essência, a Universidade Nova não é uma negação dos modelos existentes nos EUA ou em implantação na Europa (Processo de Bolonha), mas sim, uma mescla tímida de ambos. Há algo contraditório no discurso a favor da Universidade Nova. Por um lado, no título, Almeida Filho nega os modelos norte-americano (Harvard) e europeu (Bolonha); por outro, declara que “é imprescindível que, nas relações complexas de trocas internacionais, tenhamos sistemas educacionais que sejam valorizados e compatíveis (sem grifos no original) com os centros intelectuais e econômicos do mundo contemporâneo [EUA e Europa?]” (2007, p. 293).

Almeida Filho também afirma que a Reforma Universitária de 1968, inspirada no modelo norte-americano, foi deturpada pelo tradicionalismo na universidade brasileira. Mais que uma crítica ao modelo de 1968, o reitor da UFBA lamenta a respeito da incompletu de da Reforma inspirada no Relatório Atcon10. Segundo suas próprias palavras, “em menos de 10 anos, as universidades brasileiras que passaram por aquela reforma já haviam recuado, quase completamente, em relação às alterações de estrutura institucional e de arquitetura curricular”(2007, p. 293).

A lógica da Universidade Nova pode ser compreendida como um modo de se afastar do Processo Bolonha e se reaproximar do modelo norte-americano (não totalmente implantado em 1968), isto sem precisar montar a infra-estrutura necessária da universidade norte-americana e sem a necessidade de encaminhar a formação profissional na graduação como, de fato, continua acontecendo na Europa do Processo de Bolonha.

Como tem acontecido na história recente (séculos XX e XXI) da diplomacia brasileira, ao que tudo indica, o Brasil aprecia e admira as novidades européias, embora deixe-se levar pela força gravitacional dos EUA. Apesar do discurso otimista, o Brasil, com a Universidade Nova, corre o risco de transformar suas Universidades Públicas em Liberal Arts Colleges, abrindo mão de alcançar o padrão de qualidade das universidades de primeira linha dos EUA (Universidade de Harvard?).

Almeida Filho, antecipando-se à crítica, escreve que "Nos Estados Unidos, a educação fundamental e média, desde o início do séculoXX, é gratuita e universalizada. A elite brasileira critica a high-school americana por ser mais fraca que o nosso padrão do ensino médio. Este é um equívoco, pois se compara um sistema público de educação (o norte-americano) com uma elite de escolas privadas, especialistas em preparar jovens para ingresso em universidades públicas (brasileiras). O aluno norte-americano entra na universidade para um período de formação científica e cultural no undergraduate college, e só depois tem acesso a cursos de mestrado ou doutorado, definidores de profissões". (ALMEIDA FILHO, 21 ago 2007, < http://www.twiki.ufba.br/>)."

Fé - FSP de hoje

CONTARDO CALLIGARIS

O custo de nossa fé na redenção

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Se não fosse tão difícil internarmos indivíduos perigosos, Glauco e Raoni estariam conosco
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GLAUCO MAL me conhecia, mas eu o conhecia bem: ele era presença familiar no meu café da manhã, a cada dia, há muitos anos. Dos personagens que ele inventou, em suas tiras na Folha, quais são meus preferidos? Gosto muito do silencioso Nojinsk, de Zé do Apocalipse e do Casal Neuras, mas Geraldão e Geraldinho são os que mais me tocam, talvez por serem retratos milagrosamente exatos da voracidade que é, hoje, um traço dominante, em todos nós, adultos e crianças. Por sorte, vou poder matar a saudade, pois os dois personagens ganharam coletâneas em livros (LPM e Companhia das Letras, respectivamente).
O assassino confesso de Glauco e de seu filho Raoni é um jovem de 24 anos, que frequentava a Céu de Maria, igreja do Santo Daime fundada pelo próprio Glauco. O jovem é ou era dependente químico e sofre ou sofria de transtornos mentais graves; pelo que entendi, havia a esperança de que ele encontrasse, no ritual do daime, uma saída -da droga e da desordem de seus afetos e pensamentos. Isso não impediu que, na noite do assassinato, ele se confundisse com um profeta ou com o próprio Jesus Cristo.
Às vezes, o convívio social proporcionado por uma igreja ajuda um drogado a abandonar sua dependência ou um louco a conter-se e a reencontrar algum equilíbrio mental. Essas "recuperações" são, de fato, precárias e incertas.
Cuidado, não estou minimizando apenas o poder terapêutico do convívio religioso. Critico o otimismo que nos leva a acreditar na possibilidade de transformações definitivas -pelo encontro com um deus, pela prática de uma religião, pelo uso de psicofármacos ou pela psicoterapia.
Esse otimismo é, provavelmente, um efeito da ideia cristã de que não existe um pecado que não possa ser esquecido e perdoado se o penitente for sincero. Na lista dos santos, muitos foram grandes pecadores, transfigurados irreversivelmente por uma iluminação ou pelo arrependimento. E o exemplo dos santos serve para afirmar que somos todos livres: suscetíveis de transformações radicais. A fé na possibilidade de cada um se regenerar é um traço central de nossa cultura porque parece ser uma condição da liberdade: nada do que somos hoje é definitivo, podemos mudar.
Agora, se a redenção é sempre possível, a decisão de excluir e prender se torna, para nós, envergonhada e culpada. É quase inadmissível internar um indivíduo perigoso na intenção de proteger a sociedade dos atos que ele poderia cometer, pois, internando, negaríamos o mantra segundo o qual a conversão e a redenção do indivíduo são sempre possíveis ou, por que não, prováveis. Em outras palavras, é impossível sancionar a periculosidade de um indivíduo, pois precisamos acreditar que ele possa mudar (para melhor, é claro).
Logo antes do Natal de 2009, em São Paulo, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, Henrique de Carvalho Pereira, 21, foi golpeado brutalmente com um taco de beisebol por alguém que desconhecia. Seu agressor, em abril de 2009, tinha quebrado uma vitrina da mesma livraria, também a tacadas. Confuso, delirante e ameaçador, tinha sido preso e logo liberado, como se diz, após a assinatura de termo circunstanciado. Ninguém soube, pôde ou quis transformar aquela prisão em internação. Reconhecer que o homem era obviamente perigoso seria privá-lo da liberdade de mudar, não é? Pois é, se alguém tivesse reconhecido, sem culpa e sem vergonha, que é preciso internar um delirante de taco na mão, Henrique de Carvalho Pereira, em vez de permanecer em coma, ainda estaria circulando entre as estantes da Livraria Cultura.
Da mesma forma, o assassino de Glauco e Raoni deve ter dado mil sinais ameaçadores, que foram ouvidos por próximos, parentes, colegas e amigos. Segundo a polícia, há testemunhos que permitem afirmar que o assassinato foi premeditado, o que significa que, para alguém, a loucura do assassino não foi uma surpresa. Então, por que ninguém levou as ameaças a sério? Por que ninguém parou o assassino antes que matasse?
Pois é, se alguém tivesse dito ou até gritado que aquele jovem confuso era perigoso, dificilmente ele teria sido escutado. Ao contrário, os alertas seriam malvistos: você está querendo o quê? Prender o cara só porque está estranho, sem lhe dar uma chance de ficar melhor? Por esse caminho, continuaremos contando e chorando as vítimas.

ccalligari@uol.com.br

terça-feira, 16 de março de 2010

Na Folha de S.Paulo de hoje

No nosso caloroso debate de ontem de noite, alguns discriminados discriminaram outros discriminados. Nada comparado ao que segue abaixo, mas eis outros discriminados que também discriminam. Eis mais um paradoxo do mundo contemporâneo, ao comparara a notícia da Austrália e essa da África.

Uganda debate lei que pune gays com morte


FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A CAMPALA (UGANDA)

Para a mãe que não delatar o filho gay à polícia, três anos de prisão. Para o jornalista que incluir em sua reportagem uma menção, ainda que tênue, a um casal formado por dois homens ou duas mulheres, sete anos de cadeia. Para a pessoa que tiver uma relação, mesmo que consensual, com um cadeirante do mesmo sexo, pena de morte.
Essas são algumas das implicações de um projeto de lei nos estágios finais de tramitação no Parlamento de Uganda (África central), hoje o símbolo mais visível de um fenômeno continental: por toda a África, fecha-se o cerco aos homossexuais.
Seu autor é o deputado David Bahati, do partido governista, o Movimento de Resistência Nacional, que tem 211 dos 258 membros do Parlamento unicameral (81%). Antes de apresentar o projeto, no final do ano passado, ele reuniu-se com o gabinete, comandado pelo presidente Yoweri Museveni, e recebeu o sinal verde.
A expectativa de Bahati é que a matéria seja votada ainda no primeiro semestre. Para virar lei, precisará ser sancionada por Museveni.
O presidente é um conservador assumido. Sua política anti-Aids põe em segundo plano a distribuição de camisinhas, prega abstinência para jovens e fidelidade para casados, o que atraiu a ira de ONGs. Mas ele responde com números: o índice de infectados caiu de 12% da população nos anos 90 para menos de 6% hoje.
O presidente estava disposto a aprovar a lei em seu formato original, mas passou a receber intensa pressão internacional. No mês passado, o presidente dos EUA, Barack Obama, chamou a iniciativa de "odiosa". A secretária de Estado Hillary Clinton ligou para Museveni para alertá-lo de que a ajuda financeira americana a Uganda pode ser cortada.
"O presidente foi surpreendido com a reação internacional, sobretudo porque as pessoas não entendem os fortes sentimentos em Uganda com relação à homossexualidade. Os gays são pessoas pervertidas e não necessariamente normais", disse James Nsaba Buturo, ministro da Ética e Integridade, ligado à Presidência.
"Pervertidas", mas "curáveis", explicou o ministro à Folha. Segundo ele, o governo "trata" 60 gays que mantém em centros de recuperação por todo o país, cuja localização não revela. "As pessoas os matariam", justifica.
Devido à condenação mundial, o governo estuda apresentar emenda ao projeto comutando de pena de morte para prisão perpétua os casos de "homossexualismo agravado".
Nesse item estariam incluídas, por exemplo, relação homossexual com menores de 18 anos, com portadores de deficiência ou aquela em que um dos parceiros tem Aids. Também seria punível com morte o ato ocorrido após ser administrada ao parceiro "droga, matéria ou coisa" que cause efeito estupefaciente.
Mesmo hoje, a vida para os gays em Uganda está longe de ser tranquila. O código penal criminaliza "conjunção carnal contrária à ordem natural", o que é usado como uma muleta jurídica para incluir a prática homossexual.
A nova lei, além de ser específica na menção ao homossexualismo, proibiria a "tentativa" de praticar o ato, a ajuda a que um gay tenha uma relação ou a "promoção" de tais relações, pedindo claramente a censura à mídia. Filmes, peças, programas de TV e textos na imprensa teriam de suprimir menções ao homossexualismo, por mais neutras que sejam.
"Se a lei já estivesse em vigor, nós não poderíamos estar aqui tendo essa conversa", disse Frank Mugisha, presidente do Sexual Minorities Uganda (Smug), sentado num café num shopping center no centro da capital. A organização que lidera é um guarda-chuva de ONGs de gays e lésbicas.
Mugisha promete ir à Justiça arguindo a inconstitucionalidade da lei, se aprovada. Legalmente, a Smug opera como "grupo social", sem explicitar seus objetivos. Para evitar ataques, a sede vive mudando, e o endereço não é divulgado.

entrevista

Para autor, ser homossexual é vício como fumo
DO ENVIADO A CAMPALA

Autor do projeto que prevê a pena de morte para alguns casos de prática homossexual, o deputado David Bahati, 35, diz que a família de Uganda corre riscos decorrentes do ativismo dos gays. Casado e com três filhos, o deputado diz que seu projeto tem apoio do governo. (FZ)

FOLHA - Por que a família de Uganda está sob ameaça?
DAVID BAHATI - Temos nossos valores. Isso não inclui a homossexualidade. Acreditamos que a pessoa não nasce com isso. É algo que é aprendido e pode ser "desaprendido". É como fumar. Torna-se um vício.

FOLHA - Baseado em quê o sr. diz isso?
BAHATI - Há muita evidência, cientistas estudaram isso. Há outro ponto: se você é gay, tem três vezes mais chances de ter Aids que um ser humano normal.

FOLHA - Quem diz isso?
BAHATI - Pesquisas sobre a Aids. Além disso, a homossexualidade pode reduzir a expectativa de vida em quase 20 anos. Você pode destruir seu reto. Alguns precisam usar fraldas, como crianças.

FOLHA - A vida sexual não é uma questão privada?
BAHATI - Em Uganda, há uma tendência que ameaça nossas crianças. Vemos pessoas usando dinheiro para recrutá-las em escolas e promover uma agenda de homossexualidade. Qualquer sexo entre homem e homem não é sexo, é abuso do sexo.

FOLHA - Muitos países avançados vivem bem tendo gays, como EUA e europeus. A sociedade deles não parece ameaçada. Por que seria diferente aqui?
BAHATI - Não é certo que o tecido moral dos EUA esteja bem. Foi destruído. Se o homem se desvia do caminho para o qual Deus o criou, há algo errado.

FOLHA - Por que o sr. incluiu a pena de morte no projeto?
BAHATI - Essa é uma proposta. O ponto-chave é focar nos princípios. A homossexualidade é correta?

FOLHA - O sr. pede pena de morte para "criminosos seriais". Quem define isso?
BAHATI - É uma pessoa que já foi condenada por homossexualismo, um sujeito mau. Vamos focar no núcleo da proposta. Homossexualismo é um direito humano? Acredito que não deva ser.

FOLHA - Prevê-se morte para quem administrar substância "estupefaciente". Uma cerveja antes do ato conta?
BAHATI - Estamos falando aqui sobre drogas específicas. Cerveja é droga?

FOLHA - Mas fala-se em "coisa" que cause esse efeito. Cerveja é uma "coisa".
BAHATI - A lei será seguida de maneira razoável.

FOLHA - Prisão perpétua para a prática do homossexualismo não é um exagero?
BAHATI - Que punição você daria para alguém que tenta destruir nossas crianças?

FOLHA - Essa lei não pode ser usada de maneira abusiva?
BAHATI - Não temos histórico de abuso da lei aqui.

FOLHA - Mas pode acontecer uma caça às bruxas...
BAHATI - Caça às bruxas acontece só quando alguém está fazendo algo certo. Se alguém está fazendo algo errado, não é caça às bruxas.

FOLHA - O seu projeto defende abertamente a censura.
BAHATI - Sim. Nossas crianças devem acessar informação em TV, ou na internet, livre de conteúdo gay.

FOLHA - Não é retrocesso?
BAHATI - Não há liberdade absoluta. Mesmo o vento sopra numa direção.

FOLHA - Um jornalista em Uganda poderia escrever uma matéria num jornal sobre a Parada Gay de São Francisco?
BAHATI - Não. Seria mostrar um lado positivo dos gays.

FOLHA - Mas seria apenas relatar que houve a parada.
BAHATI - Mas qual a razão para isso? Nada dessa bobagem será autorizado.

para nossa reflexão sobre identidade

BBC Brasil

Uma pessoa que mora na Austrália pode ser a primeira no mundo reconhecida oficialmente como não pertencendo a nenhum dos sexos, segundo a imprensa australiana. O governo do Estado de New South Wales emitiu uma certidão de "Gênero Não-Específico" a Norrie May-Welby. Isso significa que o governo não reconhece Norrie como homem ou mulher.

Norrie se considera andrógino e é ativista do grupo Sex and Gender Education (Sage, na sigla em inglês), que faz campanha por direitos de pessoas com diferentes identidades sexuais.

Norrie, de 48 anos, nasceu na Escócia e foi registrado como homem. Aos 23 anos, ele passou por um tratamento hormonal e cirurgias para mudar de sexo, e foi registrado na Austrália como mulher.

No entanto, Norrie ficou insatisfeito com a mudança e interrompeu seu tratamento, preferindo denominar-se "neutro".

'Gaiola' dos gêneros
"Esses conceitos de homem e mulher simplesmente não se encaixam no meu caso, eles não são a realidade e, se aplicados a mim, são fictícios", afirma Norrie em um artigo publicado no site The Scavenger na semana passada.

Norrie assina seu nome como "norrie mAy-Welby", um trocadilho com "may well be", que em inglês significa "pode ser".

Em e-mail à BBC Brasil, Norrie comemorou a decisão do governo australiano. "Liberdade da gaiola do gênero!", escreveu.

Segundo a notícia publicada no The Scavenger, os médicos declararam em janeiro deste ano que não conseguiram determinar o sexo de Norrie – nem fisicamente nem em função do seu comportamento.

A certidão de gênero não-específico foi dada de acordo com uma recomendação de 2009 de um relatório da Comissão de Direitos Humanos da Austrália, segundo o portal. A certidão foi publicada na capa do jornal australiano Sydney Morning Herald.

Uma porta-voz da Procuradoria do governo da Austrália disse ao jornal que esta foi a primeira certidão do tipo.

A porta-voz do Sage, Tracie O'Keefe, disse ao Scavenger que a decisão tem impacto importante na vida de pessoas que não se identificam nem como homens ou mulheres.

Em entrevista ao jornal britânico Daily Telegraph, o porta-voz do grupo britânico Gender Trust, que ajuda pessoas com problemas de identidade sexual, saudou a decisão do governo de New South Wales.

http://www.dzai.com.br/correioweb2/noticia/montanoticia?tv_ntc_id=29866

segunda-feira, 15 de março de 2010

CRONOGRAMA AULAS ESTUDOS DA CONTEMPORANEIDADE I- TURMA QUARTA.

MARÇO

3 – RECEPÇÃO, APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA E DE VÍDEO SOBRE MILTON SANTOS
10 – MÓDULO 1
17 – MÓDULO 1
24 – MÓDULO 1
31 – ENTREGA DA MEMÓRIA DO MÓDULO 1 E INÍCIO DO MÓDULO 2

ABRIL
7 – MÓDULO 2
14 – MÓDULO 2
21 -FERIADO
 28 – ENTREGA DA MEMÓRIA DO MÓDULO 2 E INÍCIO DO MÓDULO 3

MAIO
5 – MÓDULO 3
12 – MÓDULO 3
19 – ENTREGA DA MEMÓRIA DO MÓDULO 3 E INÍCIO DO MÓDULO 4
26 – MÓDULO 4

JUNHO
2 – MÓDULO 4
9  – ENTREGA DA MEMÓRIA DO MÓDULO 4 E REALIZAÇÃO DA PROVA
16 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DOS TRABALHOS
23 - feriado
30 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DOS TRABALHOS

JULHO
7 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DOS TRABALHOS E AVALIAÇÃO DO SEMESTRE

CRONOGRAMA AULAS ESTUDOS DA CONTEMPORANEIDADE I- TURMA SEGUNDA.

MARÇO

1 – RECEPÇÃO, APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA E DE VÍDEO SOBRE MILTON SANTOS
8 – MÓDULO 1
15 – MÓDULO 1
22 – MÓDULO 1
29 – ENTREGA DA MEMÓRIA DO MÓDULO 1 E INÍCIO DO MÓDULO 2

ABRIL
5 – MÓDULO 2
12 – MÓDULO 2
19 – ENTREGA DA MEMÓRIA DO MÓDULO 2 E INÍCIO DO MÓDULO 3
26 – MÓDULO 3

MAIO
3 – MÓDULO 3
10 – MÓDULO 3
17 – ENTREGA DA MEMÓRIA DO MÓDULO 3 E INÍCIO DO MÓDULO 4
24 – MÓDULO 4
31 – MÓDULO 4

JUNHO
7 – MÓDULO 4
14 – ENTREGA DA MEMÓRIA DO MÓDULO 4 E REALIZAÇÃO DA PROVA
21 - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DOS TRABALHOS
28 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DOS TRABALHOS

JULHO
5 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DOS TRABALHOS E AVALIAÇÃO DO SEMESTRE

Ainda sobre a extensão

Na aula desta segunda, eu falei sobre a inexistência de chamadas de financiamento de projetos de extensão, que sempre existem, em vários órgãos, na área da pesquisa. E eis o que acabo de ler no site da UFBA:

A Pró-Reitoria de Extensão da UFBA (Proext) vai lançar nesta quarta-feira (17 e março), com o apoio da Pró-Reitoria de Planejamento e Administração (Proplad), o Edital Interno UFBA 01/2010, voltado a professores da Universidade Federal da Bahia interessados em apresentar propostas para obtenção de financiamento a projetos no âmbito da extensão universitária. As propostas aprovadas serão financiadas com recursos no valor global de R$120.000,00 (cento e vinte mil reais). Os projetos terão o valor máximo de R$20.000,00 (vinte mil reais), para gastos com itens de custeio e capital. As propostas devem ser apresentadas, em três vias, sob a forma de projeto em formulário específico e protocoladas na Pró-Reitoria de Extensão, à Rua Caetano Moura, n.º 170 ‒ Federação. A proposta deve vir acompanhada, também em três vias, do curriculum vitae, em formato lattes, do coordenador da proposta. As propostas devem ser protocoladas na Pró-Reitoria de Extensão da UFBA até as 17h do dia 15 de abril. Não serão aceitas propostas submetidas por qualquer outro meio ou fora do prazo estipulado. De acordo com o Edital, será aceita uma única proposta por proponente/coordenador(a).

Sobre as nossas avaliações

Oi pessoas,tudo bem?

Algumas pessoas que não estiveram em nossas aulas me perguntaram sobre as avaliações. Combinamos as seguintes avaliações:

Um nota: quatro memórias das aulas, uma para cada um dos módulos do componente (educação, cultura, política e economia). Essas memórias devem ser entregues ao professor na semana seguinte ao término da conclusão do módulo. Trata-se de um texto livre, no qual o aluno aborda os assuntos que foram discutidos em sala e sistematiza os conhecimentos/discussões/conceitos/idéias centrais dos autores dos textos básicos e das reflexões levantadas em sala de aula pelo professor e pelos demais alunos da turma.

Outra nota: prova (peso 8) mais participação em sala (peso 2). A prova vai ocorrer depois da finalização dos quatro módulos. O professor vai disponibilizar as questões com antecedência mínima de uma semana. No dia da prova haverá um sorteio das questões que deverão ser respondidas em sala, sem consulta ao material. As questões tratarão sobre as relações entre os quatro módulos do componente.

Outra nota: trabalho de resolução de um problema. Em grupo de três a cinco alunos. Nesse trabalho os alunos devem apresentar um problema e resolvê-lo através de uma pesquisa. Depois, os resultados deverão ser socializados com a turma, no final do semestre. A nota será dividida entre proposta de trabalho/pesquisa (peso 1), relatório final da pesquisa (peso 7) e apresentação (peso 2).

Maçonaria e iluminismo

Oi pessoas, tudo?

Na aula passada, na turma de segunda-feira de noite, uma aluna falou sobre a relação entre o Iluminismo e a Maçonaria. Eu disse que não conhecia nada sobre o assunto. Lembrei disso hoje e achei esse texto de um maçon.

Leiam em http://mastermason.com/cav-artereal/tp05.htm

Alguém sabe mais algo sobre o tema?

sexta-feira, 12 de março de 2010

Agora, a resenha do livro

Crítica/"A Criação Imperfeita"

Em busca de nossas origens cósmicas

ROGERIO ROSENFELD
ESPECIAL PARA A FOLHA

A beleza está nos olhos de quem a observa. Sua definição é subjetiva. Inconscientemente, no entanto, para a maioria das pessoas, a beleza de um objeto está relacionada ao seu grau de simetria. Um diamante tem mais valor caso não possua nenhum defeito que atrapalhe sua forma simétrica. Poucos encontram beleza nas figuras cubistas pintadas por Picasso.
Muitas teorias da física também são guiadas por conceitos de simetria, que podem ser descritos matematicamente. Gostamos de acreditar que as leis do Universo obedecem a simetrias observadas na natureza. Porém, após anos de avanços em pesquisas e medições precisas, sabemos que existem pequenas imperfeições em algumas das simetrias que achávamos serem fundamentais. Mais ainda, essas imperfeições são essenciais para o aparecimento de vida no Universo e, talvez, do próprio Universo. Somos frutos das imperfeições, ou assimetrias, das leis da natureza.
A origem do Universo e a origem da vida sob essa perspectiva são os grandes temas abordados de forma magistral em "A Criação Imperfeita", de Marcelo Gleiser. O livro explora questões fundamentais da física e da biologia, passando por discussões sobre paralelos entre a ciência e a religião e pela conversão pessoal experimentada pelo autor, um ex-reducionista convicto que agora questiona a existência de uma unicidade final das leis da natureza.
Com uma linguagem acessível, mas precisa, Gleiser discorre nas primeiras três partes sobre a busca por uma teoria unificada que descreva todo o Universo e sua evolução. Ele chama essa teoria de "Código Oculto da Natureza" ou "Teoria Final", sonho perseguido desde os filósofos gregos da Antiguidade até os físicos atuais que trabalham na teoria de supercordas.
O livro argumenta que essa teoria pode ser não apenas uma impossibilidade mas também desnecessária, visto que não poderia ser testada experimentalmente com precisão absoluta. E, como reiterado várias vezes no livro, "só sabemos o que medimos". Talvez a resposta definitiva para o Universo, a vida e tudo o mais seja mesmo "42" -piada de "O Mochileiro das Galáxias", de Douglas Adams. Ou seja, pode não existir uma resposta adequada.
No entanto, como Gleiser escreve, "O brilho da ciência, a sua mágica, não diminuirá se uma Teoria Final não existir".
A jornada é mais importante que o destino final. Afinal, durante essa busca através dos séculos, modelos cada vez mais precisos para entender a natureza foram sendo desenvolvidos até chegar ao chamado Modelo Padrão das Interações Fundamentais, que descreve quase todos os fenômenos medidos até hoje. Quase todos, porque sabemos que ainda não entendemos do que é feito 96% do Universo! Novos experimentos podem revolucionar o conhecimento sobre o que chamamos de matéria escura e energia escura, essas componentes do Universo cuja natureza ainda nos é desconhecida.
As duas últimas partes do livro são dedicadas ao estudo do efeito de assimetrias no surgimento e desenvolvimento da vida. Questões filosóficas profundas, como a busca por uma razão de nossa existência, são eloquentemente discutidas.
Será que fazemos parte de um grande e desconhecido plano cósmico? Marcelo defende que nossa existência é consequência de sutis imperfeições, assimetrias aleatórias ocorridas na evolução do Universo. Somos frutos de um "acidente raro, precioso e frágil".
Mas não devemos nos sentir insignificantes. Marcelo propõe que, pelo simples fato de existirmos e refletirmos sobre o Universo, tornamo-nos uma espécie de "consciência" do cosmo. Ele denomina esse conceito de "humanocentrismo".
Uma mensagem do livro é que devemos coletivamente tomar cuidados extremos para não destruir nossa frágil existência. Gleiser consegue uma proeza: escrever um livro sobre ciência com alma. Alma no sentido de humanidade e sensibilidade. É leitura obrigatória.




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ROGERIO ROSENFELD é diretor do Instituto de Física Teórica da Unesp

A CRIAÇÃO IMPERFEITA

Autor: Marcelo Gleiser
Editora: Record
Quanto: R$ 49,90 (366 págs.)
Avaliação: ótimo

Para nossa reflexão sobre conhecimento científico - na FSP de hoje

Universo deselegante

Livro do cientista Marcelo Gleiser diz que a física foi iludida pela estética da simetria e tomou o caminho errado

RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A tentativa da física de explicar toda a natureza com um único conjunto de regras é a encarnação científica do monoteísmo. Essa é a tese que o físico Marcelo Gleiser -professor do Dartmouth College, de New Hampshire (EUA), e colunista da Folha- defende agora.
Em seu novo livro, "A Criação Imperfeita" (Ed. Record), ele explica por que acredita que fenômenos físicos em desequilíbrio revelam mais coisas sobre a origem do Universo do que as leis simétricas que sábios constroem para descrever o mundo desde a Grécia Antiga. Invertendo a máxima do poeta Vinicius de Moraes, Gleiser diz que "beleza não é fundamental" e que a elegante matemática que vem sendo usada para unificar a física não consegue ser mais do que metafísica.
O principal ataque do brasileiro é contra as teorias que tentam unir a relatividade de Einstein com a física quântica. Essa empreitada, considerada hoje o Santo Graal da ciência, uniria todas as forças da natureza (gravidade, eletromagnetismo e as forças nucleares) numa única explicação. O esforço para tal reúne desde físicos de partículas até cosmólogos.
Contudo, a chamada teoria das supercordas -a principal candidata ao cálice sagrado- existe há décadas sem conseguir propor um experimento que possa testá-la. No livro, Gleiser explica por que acha que os físicos estão apostando fichas demais numa linha de pesquisa ao assumir de antemão que há uma essência única subjacente a toda a realidade.
A criatividade na ciência, é claro, depende de uma certa liberdade de especulação, mas Gleiser nega estar tolhendo isso. Seu argumento é mais uma espécie de reverência à criatividade da natureza. Com seu talento narrativo, ele conta como gregos, renascentistas e físicos quânticos foram driblados pela realidade, uma vez após outra, sempre que acreditavam estar perto da "teoria final" capaz de explicar a essência de tudo.

ENTREVISTA

MARCELO GLEISER

Estou voltando às raízes da ciência
Físico conta por que desistiu da busca pela teoria final da origem do cosmo e adotou uma perspectiva mais empírica

DA REPORTAGEM LOCAL

O novo livro do físico Marcelo Gleiser, 50, pode ser visto como um contraponto a um clássico da divulgação científica, "O Universo Elegante", de Brian Greene, defensor da chamada teoria das supercordas. Segundo essa linha de pesquisa, partículas elementares não são os componentes mais básicos da matéria, e sim minúsculas cordas que vibram em um universo de 11 dimensões. Em "A Criação Imperfeita", o físico brasileiro ataca ideias por trás desse tipo de especulação, que partem do princípio de que existem simetrias ocultas por trás de uma realidade complexa. Em entrevista à Folha, Gleiser explica por que ele próprio mudou de ideia. (RG)



FOLHA - Por que o sr. não acredita que toda a física possa ser unificada em uma única teoria? É uma questão de limitação técnica ou o sr. acredita que não exista uma natureza única subjacente a tudo?
MARCELO GLEISER - Existe um lado pragmático nessa pergunta, porque as informações que nós temos do mundo dependem daquilo que podemos medir. E o que podemos medir é limitado, pois nossos instrumentos têm precisão e alcance limitados. Então, sempre haverá algo sobre o mundo natural que não saberemos. Estou voltando às raízes das ciências naturais concebidas como ciências empíricas, e não metafísica.
O que eu tento dizer é que não há razão concreta empírica para a gente acreditar em uma unidade por trás de todas as coisas. Nesse livro, eu confronto a corrente dominante de pensamento na física de altas energias, que prega a busca de uma teoria unificada. Existe uma outra maneira de pensar o mundo que não é por simetrias.
É justamente o oposto: mostrar que as assimetrias é que são importantes. Isso cria toda uma nova estética da natureza.

FOLHA - A desistência da busca por uma teoria final não pode soar como "derrotismo'? Que tipo de reação o sr. espera de outros físicos?
GLEISER - Já existe um grupo que nunca gostou dessas ideias de unificação e acha isso metafísica. Mas o pessoal da área de supercordas -como Brian Greene e Leonard Susskind, que se acham os caras mais importantes do mundo- defende isso. A Instituição Smithsonian queria fazer um debate comigo e com Greene, mas ele não topou. Também não sou dono da verdade a ponto de dizer "parem de trabalhar nas supercordas". O que digo é que, mesmo que eles cheguem a uma descrição razoável desse assunto, ela não será "a" teoria final.

FOLHA - A busca de simetria em teorias tem a ver com busca de simplicidade. Porque isso é ruim?
GLEISER - Não tenho dúvida de que a busca por simetrias na natureza vai continuar a ser importante. Meu livro não é contra a simetria. Isso seria errado. A ideia de busca pela unificação pode continuar a funcionar e a inspirar muitas pessoas, mas é um erro transformar essa noção em dogma.

FOLHA - O sr. critica o fato de as supercordas serem muito especulativas. Teorias não precisam ser especuladas antes de serem provadas?
GLEISER - Não estou dizendo que especulação é besteira. Pelo contrário: é preciso continuar a fazê-la. Agora, existe o perigo de você perder a noção de o que deve ou não ser feito. A ideia de supersimetria [a simetria entre partículas embutida na teoria das supercordas], por exemplo, foi proposta em 1974. Ela fez uma porção de previsões sobre alguns efeitos que poderiam ser observados em aceleradores de partículas a energias alcançáveis. Vários desses efeitos poderiam ter sido descobertos, mas não foram.
O que foi feito então? Voltaram à teoria, ajustaram alguns parâmetros, mas aí ela não poderia mais ser testada com a energia disponível nos aceleradores de partículas de então. Seria preciso esperar mais uns 15 anos. Assim, a coisa vira um ciclo.

FOLHA - A tese da "navalha de Occam" diz que é preciso achar a teoria mais simples possível para descrever um fenômeno. O sr. concorda?
GLEISER - A navalha de Occam é válida, mas é levada a sério demais. Como você define simplicidade? Simplicidade é beleza? Aí a discussão se complica. A simplicidade às vezes tem mais a ver com facilidade de implementação, manipulação e um uso pragmático da teoria.

FOLHA - O sr. argumenta que a religião monoteísta inspirou a busca pela teoria final, mas critica autores como Richard Dawkins e Daniel Dennett por ofenderem a religião. Seu livro não faz algo parecido?
GLEISER - Meu livro é antimonoteísta e critica a noção de que tudo vem de uma coisa só. Não escondo isso. E eu argumento que o "sobrenaturalismo" não é o caminho do conhecimento. Mas eu tenho a humildade, que Dawkins não tem, de aceitar que a ciência tem seu limite. Há questões além desse limite sobre as quais a ciência tem pouco a dizer. Se você me perguntar se eu sou ateu ou agnóstico, vou dizer que sou agnóstico.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Textos sobre a universidade medieval

Oi pessoas.

Passamos correndo, na segunda, pela história da universidade medieval. Quem deseja se aprofundar um pouco mais pode ler esses textos que foram postados em sites confiáveis. Lembrem que Wikipédia não é um site confiável para pesquisas, ok?

http://www.revistamirabilia.com/Numeros/Num6/art5.html

http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_universidades_medievais.htm

http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/abelardo/universidademedieval.html

http://www.scielo.br/pdf/vh/v23n37/v23n37a07.pdf

terça-feira, 9 de março de 2010

Sobre os 3 textos abaixo

Pessoas.

Os três textos postados abaixo têm relação direta com discussões que estamos realizando no primeiro módulo. Eles podem servir para aquecer o nosso debate.

Estava com problemas técnicos para postar aqui e agora resolvi tudo.

Aguardem mais textos sobre os nossos assuntos.

Um abraço, Leandro

Na Folha de S.Paulo de hoje

Caixa cobra 37 mil fiadores de universitários

PATRÍCIA GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando Daiane Lima, 31, entrou para a faculdade de engenharia, esperava começar a pagar o financiamento estudantil logo que arranjasse o primeiro emprego. As prestações, porém, tomavam quase todo o seu salário e ela não tem conseguido honrar o compromisso.
Passados cinco anos da formatura, ela tem hoje 14 prestações, sua dívida está em R$ 76 mil e sua sogra, a fiadora do empréstimo, corre o risco de perder a casa se nenhuma das duas arranjar o dinheiro.
Ao menos 37 mil fiadores estão na mesma situação: foram acionados pela Caixa Econômica Federal em processos de execução das dívidas do Fies, programa de crédito educativo do governo Fernando Henrique Cardoso que financia estudos de universitários de baixa renda em instituições privadas.
Os dados obtidos pela Folha são de julho de 2009, quando havia cerca de 250 mil contratos em fase de quitação da dívida. Desses, em mais de 50 mil havia inadimplência. Questionada, a Caixa não confirma os números, mas afirma que a taxa de inadimplência do Fies é de aproximadamente 25%.
O problema afeta principalmente quem aderiu ao Fies até 2006, quando os juros anuais eram de 9%, e agora vive a segunda fase de amortização da dívida, em que as parcelas, muitas vezes, são incompatíveis com o orçamento de um recém-formado.
O advogado Antony Argolo, cujo escritório defende mais de 500 causas de estudantes do Fies, critica o programa: "É uma bola de neve. Os juros incidem sobre juros e a dívida aumenta em progressão geométrica". Para ele, portanto, a redução dos juros para 3,5% por parte do MEC (ver texto ao lado) não resolve o problema.
No caso de Daiane, o curso de engenharia custou aproximadamente R$ 50 mil, mas ela só arcava com 30% do valor -os 70% restantes eram financiados pelo programa federal.
Com a renegociação proposta pela Caixa, ela teria de pagar R$ 390 por 300 meses, o que significa mais de R$ 116 mil no final do financiamento, além dos cerca de R$ 35 mil que já pagou. Para encaixar a parcela no bolso da família -o filho de dois anos acaba de entrar na escola e o marido começará a pagar o financiamento do curso dele-, ela reivindica estender o prazo para 480 meses, o que é negado pela Caixa.
Na época em que o Fies foi lançado, em 1999, os juros anuais foram calculados de forma a representar um terço da Selic (taxa básica de juros). Em 2006, os juros do programa foram reajustados para 6,5% na maior parte dos cursos e para 3,5% em graduações tidas como prioritárias, como as licenciaturas. Em janeiro deste ano, o percentual de 3,5% passou a valer para todos os cursos.
Questionado sobre a situação dos fiadores dos contratantes antigos do Fies, o MEC informou que essa é uma relação dos estudantes com a Caixa.

Na Folha de S.Paulo de hoje

MARCOS NOBRE

A cota do DEM

O SENADOR DEMÓSTENES Torres (DEM-GO) resolveu entrar de sola na disputa sobre políticas de reconhecimento nas universidades públicas. Falando contra as chamadas "cotas", disse barbaridades várias. Falou, por exemplo, do escravo como "principal item de exportação da economia africana" até o início do século 20. Discorreu sobre uma pretensa "integração da casa-grande com a senzala, ainda que com dominação", tendo sido a dita "integração", segundo ele, "muito mais consensual do que gostaria o movimento negro".
Entre outros, Elio Gaspari e Luiz Felipe Alencastro, na Folha de domingo último, já mostraram a infâmia de tais afirmações. A questão que fica é: por que o senador decidiu colocar o brucutu na praça neste momento? E a pergunta cabe porque, por incrível que pareça, Demóstenes Torres é o mais próximo de um ideólogo de que dispõe o seu partido.
A resposta mais plausível para essa defesa abrupta e ríspida de teses infames é: porque o DEM está encurralado. A prisão de José Roberto Arruda foi o golpe de misericórdia que diminuiu ainda mais o já exíguo espaço da mais autêntica direita brasileira.
Demóstenes Torres foi o primeiro a pedir a cabeça do ex-governador do DF e de seu vice. Percebeu o desastre que significava a demora de medidas como a expulsão sumária do partido dos principais envolvidos no escândalo.
Teve clareza de que ali se esvaia o último recurso de que tinha lançado mão o DEM para tentar se manter como um partido relevante, o discurso da "eficiência com ética". Algo que fazia o partido recuar às suas origens, ao conservadorismo da velha União Democrática Nacional lá dos anos 1950.
Nem isso mais restou. O ataque de Demóstenes Torres às políticas de reconhecimento é um ato de desespero. É o sintoma mais claro de que o DEM será obrigado a recuar ainda mais. Terá de ir ao mais profundo do conservadorismo social, moralista e nacionalista para tentar manter algo do seu eleitorado.
Terá de tentar a sua sorte nos limites da família, da tradição e da propriedade. No fundo, é a vitória do modelo Kátia Abreu (DEM-TO), senadora que defende de há muito um ruralismo canhestro e reacionário.
Na entrevista a Maria Inês Nassif, do jornal "Valor Econômico", Demóstenes Torres afirmou ainda: "O problema estrutural do Brasil não é o racismo, mas a pobreza". É tocante ver os conservadores descobrirem a pobreza estrutural brasileira, mesmo que tardiamente.
Principalmente porque é essa mesma pobreza que, com título de eleitor na mão, vai lhes tirar os mandatos em 3 de outubro.

nobre.a2@uol.com.br


MARCOS NOBRE escreve às terças-feiras nesta coluna.

Na Folha de S.Paulo de hoje

TENDÊNCIAS/DEBATES


O jornalismo delinquente

DEMÉTRIO MAGNOLI


Demóstenes disse o que está nos registros históricos. Os repórteres a serviço de uma doutrina tentam fazer da história um escândalo




AS PESSOAS , inclusive os jornalistas, podem ser contrárias ou favoráveis à introdução de leis raciais no ordenamento constitucional brasileiro. Não é necessário, contudo, falsear deliberadamente a história como faz o panfleto disfarçado de reportagem publicado nesta Folha sob as assinaturas de Laura Capriglione e Lucas Ferraz ("DEM corresponsabiliza negros pela escravidão", Cotidiano, 4/3).
A invectiva dos repórteres engajados contra o pronunciamento do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) na audiência do STF sobre cotas raciais inscreve no título a chave operacional da peça manipuladora.
O senador referiu-se aos reinos africanos, mas os militantes fantasiados de repórteres substituíram "africanos" por "negros", convertendo uma explanação factual sobre história política numa leitura racializada da história.
Não: ninguém disse que a "raça negra" carrega responsabilidades pela escravidão. Mas se entende o impulso que fabrica a mentira: os arautos mais inescrupulosos das políticas de raça atribuem à "raça branca" a responsabilidade pela escravidão.
Num passado recente, ainda se narrava essa história sem embrulhá-la na imaginação racial. Dizia-se o seguinte: o tráfico atlântico articulou os interesses de traficantes europeus e americanos aos dos reinos negreiros africanos. Isso não era segredo ou novidade antes da deflagração do empreendimento de uma revisão racial da história humana com a finalidade bem atual de sustentar leis de divisão das pessoas em grupos raciais oficiais.
Demóstenes Torres disse o que está nos registros históricos. Os repórteres a serviço de uma doutrina tentam fazer da história um escândalo.
O jornalismo que abomina os fatos precisa de ajuda. O instituto da escravidão existia na África (como em tantos outros lugares) bem antes do início do tráfico atlântico. Inimigos derrotados, pessoas endividadas e condenados por crimes diversos eram escravizados. A inexistência de um interdito moral à escravidão propiciou a aliança entre reinos africanos e os traficantes que faziam a rota do Atlântico. Os empórios do tráfico, implantados no litoral da África, eram fortalezas de propriedade dos reinos africanos, alugadas aos traficantes.
O historiador Luiz Felipe de Alencastro, convocado para envernizar a delinquência histórica dos repórteres ("África não organizou tráfico, diz historiador"), conhece a participação logística crucial dos reinos africanos no negócio do tráfico. Mas sofreu de uma forma aguda e providencial de amnésia ideológica ao afirmar, referindo-se ao tráfico, que "toda a logística e o mercado eram uma operação dos ocidentais".
Os grandes reinos negreiros africanos controlavam redes escravistas extensas, capilarizadas, que se ramificavam para o interior do continente e abrangiam parceiros comerciais estatais e mercadores autônomos. No mais das vezes, a captura e a escravização dos infelizes que passaram pelas fortalezas litorâneas eram realizadas por africanos.
Num livro publicado em Londres, que está entre os documentos essenciais da história do tráfico, o antigo escravo Quobna Cugoano relatou sua experiência na fortaleza de Cape Coast: "Devo admitir que, para a vergonha dos homens de meu próprio país, fui raptado e traído por alguém de minha própria cor". Laura e Lucas, na linha da delinquência, já têm o título para uma nova reportagem: "Negros corresponsabilizam negros pela escravidão".
O tráfico e a escravidão interna articulavam-se estreitamente. No reino do Ndongo, estabelecido na atual Angola no século 16, o poder do rei e da aristocracia apoiava-se no domínio sobre uma ampla classe de escravos.
No Congo, a população escrava chegou a representar cerca de metade do total. O reino Ashanti, que dominou a Costa do Ouro por três séculos, tinha na exportação de escravos sua maior fonte de renda. Os chefes do Daomé tentaram incorporar seu reino ao império do Brasil para vender escravos sob a proteção de d. Pedro 1º.
Em 1840, o rei Gezo, do Daomé, declarou que "o tráfico de escravos tem sido a fonte da nossa glória e riqueza".
Em 1872, bem depois da abolição do tráfico, o rei ashanti dirigiu uma carta ao monarca britânico solicitando a retomada do comércio de gente.
O providencial esquecimento de Alencastro é um fenômeno disseminado na África. "Não discutimos a escravidão", afirma Barima Nkye 12, chefe supremo do povoado ganês de Assin Mauso, cuja elite descende da aristocracia escravista ashanti. Yaw Bedwa, da Universidade de Gana, diagnostica uma "amnésia geral sobre a escravidão".
Amnésia lá, falsificação, manipulação e mentira aqui. Sempre em nome de poderosos interesses atuais.


DEMÉTRIO MAGNOLI, sociólogo, é autor de "Uma Gota de Sangue - História do Pensamento Racial" (SP, Contexto, 2009).

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

quarta-feira, 3 de março de 2010

cronograma março - aulas de quarta

Março

3 - recepção, solução de dúvidas sobre o IHAC, apresentação do programa do componente, apresentação do filme Encontro com Milton Santos.

10 -Reflexões de Boaventura Sousa Santos sobre a universidade. Ler páginas 38 a 67 do texto A universidade do século XXI, disponível no site http://www.ces.fe.uc.pt/bss/documentos/auniversidadedosecXXI.pdf
Trecho também disponível na pasta do componente na xerox da Faculdade de Comunicação

17 - A filiação do estudante na Universidade. Ler páginas 31 a 45 do livro A condição do estudante, de Alain Coulon (EDUFBA). Texto disponível na xerox da Facom. Apresentação do documentário Pro dia nascer feliz.

24 - aspectos metodológicos e as diferentes formas de conhecimento. O conhecimento científico. Ler texto Trabalhos acadêmicos, de Silva e Silveira, que está na pasta do componente na Facom.

segunda-feira, 1 de março de 2010

cronograma março - aulas de segunda

Março

1º - recepção, dúvidas sobre o IHAC e os BIs, apresentação do programa do componente, apresentação de filme sobre Milton Santos

8 - As reflexões de Boaventura de Sousa Santos sobre a Universidade. Ler páginas 38 a 67 do texto A universidade do século XXI, disponível em http://www.ces.fe.uc.pt/bss/documentos/auniversidadedosecXXI.pdf
Texto está disponível na pasta do componente na Facom.

15 - A filiação do estudante na universidade. Ler páginas 31 a 45 do livro A condição do estudante, de Alain Coulon (EDUFBA). Texto está na pasta do componente na xerox da Faculdade de Comunicação. Apresentação do documentário Pro dia nascer feliz.

22 - Aspectos metodológicos, as formas de conhecimento e o conhecimento científico. Ler texto Trabalhos acadêmicos, de Silva e Silveira, que está na pasta do componente na xerox da Faculdade de Comunicação.

PROGRAMA PRELIMINAR DE ESTUDOS SOBRE A CONTEMPORANEIDADE I 2010.1

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
IHAC

PROGRAMA PRELIMINAR DE ESTUDOS SOBRE A CONTEMPORANEIDADE I

Ementa: Estudo panorâmico das sociedades contemporâneas, na sua diversidade, globalidade e sustentabilidade, identificando suas origens históricas e estruturas simbólicas, contemplando interpretações dos diferentes saberes. Estudo do modo como se estruturam e desenvolvem tais unidades sociais em seus vínculos com o Estado, a cultura e os indivíduos, com destaque para as formas de organização do trabalho. Estudo dos processos psíquicos e psicossociais que estruturam e organizam a singularidade de cada sujeito, compreendendo como tais processos afetam sua construção de significados, sua relação com os outrose sua ação sobre o mundo.

Objetivos

1. Acolher o estudante no ambiente universitário, estimulando a sua capacidade de buscar, processar e analisar informações que contribuem para a confirmação de uma visão crítica e uma atitude criativa diante da complexidade do mundo contemporâneo;

2. Discutir o significado do Bacharelado Interdisciplinar enquanto proposta e projeto de mundança do ensino universitário sintonizado com as transformações que marcam a contemporaneidade;

3. Introduzir o estudante ao debate de temas relevantes para a compreensão das transformações do mundo contemporâneo, especialmente no que diz respeito à:
a) tendências e perspectivas da educação universitária no mundo e no Brasil;
b) mudanças/transformações na economia mundial e suas repercussões no mundo do trabalho;
c) mutações contemporâneas no campo da cultura e características desse processo no contexto brasileiro atual;
d) configuração atual e tendências do debate contemporâneo sobre política, democracia e direitos humanos.

Conteúdo programático

Introdução ao curso: problematizar a noção de contemporaneidade a partir de várias fontes possíveis, privilegiando o "saber da experiência" dos alunos. Explorar recortes de jornal, informações capturadas na internet, leituras selecionadas, letras de música, filmes etc de modo a introduzir temas que serão abordados ao longo do curso.

Módulos temáticos:

1. Educação, ciência e universidade
a) Conhecimento, educação e universidade: introdução ao debate sobre as formas de conhecimento;
b) Universidade: aspectos históricos (breve história da instituição universitária no mundo e no Brasil; o lugar da Universidade na contemporaneidade; o papel os estudantes: participação e movimento estudantil). A Universidade como espaço de transição e desenvolvimento; rituais de passagem e afiliação intelectual dos estudantes;
c) UFBA: breve história e atualidade; o IHAC e o seu projeto político-institucional e BIs -projeto pedagógico;
d) Metodologia do trabalho na universidade: utilização da tecnologia da informação e comunicação para pesquisa em diversas fontes. Métodos e técnicas de leitura e preparação de seminários e textos; características dos produtos do trabalho universitário.

2) Cultura, identidade e diversidade

a) culturas: jovens e juvenis
b) conceitos de cultura e domínios culturais (popular, erudita, midiática etc);
c) o campo da cultura na modernidade e na contemporaneidade;
d) identidades e diversidades culturais na contemporaneidade.

3) Política, democracia e direitos humanos

a) poder, poder político e política;
b) política na modernidade e na contemporaneidade;
c) democracia, concepções: a luta pela democracia no mundo e no Brasil;
d) política e cidadanias e direitos humanos: políticas públicas para diferentes áreas.

4) Economia e trabalho na contemporaneidade

a) transformações no mundo do trabalho na contemporaneidade: superação do paradigma profissional e a multiplicação das ocupações;
b) ascenção e crise do fordismo como arranjo societário (modo de produzir, padrões de consumo, direitos do trabalho e da cidadania e estrutura sócio-ocupacional);
c) incorporação tecnológica, precarização do trabalho e efeitos sobre a organização e a luta política dos trabalhadores;
d) interpretações acerca das características da economia no mundo contemporâneo: globalizações, sociedade do conhecimento, capitalismo cognitivo etc.