Pessoas, segue abaixo mensagem postada em março nesse blog. Apenas a título de lembrança:
Um nota: quatro memórias das aulas, uma para cada um dos módulos do componente (educação, cultura, política e economia). Essas memórias devem ser entregues ao professor na semana seguinte ao término da conclusão do módulo. Trata-se de um texto livre, no qual o aluno aborda os assuntos que foram discutidos em sala e sistematiza os conhecimentos/discussões/conceitos/idéias centrais dos autores dos textos básicos e das reflexões levantadas em sala de aula pelo professor e pelos demais alunos da turma.
Outra nota: prova (peso 8) mais participação em sala (peso 2). A prova vai ocorrer depois da finalização dos quatro módulos. O professor vai disponibilizar as questões com antecedência mínima de uma semana. No dia da prova haverá um sorteio das questões que deverão ser respondidas em sala, sem consulta ao material. As questões tratarão sobre as relações entre os quatro módulos do componente.
Outra nota: trabalho de resolução de um problema. Em grupo de três a cinco alunos. Nesse trabalho os alunos devem apresentar um problema e resolvê-lo através de uma pesquisa. Depois, os resultados deverão ser socializados com a turma, no final do semestre. A nota será dividida entre proposta de trabalho/pesquisa (peso 1), relatório final da pesquisa (peso 7) e apresentação (peso 2).
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Questões da prova
No dia da prova, sortearei quatro dessas cinco questões. Cada uma delas valerá até 2,0 pontos (lembrem que a prova tem peso 8).
1. Uma das várias questões que estiveram presentes em todos os módulos foi a idéia de crise: crise na universidade, nas identidades, na democracia e no mercado de trabalho. Explique cada uma dessas crises (quais são os motivos dessas crises?) e ligue uma às outras.
2. Como é possível entender o mundo contemporâneo através dos quatro módulos estudados nesse semestre? Através desses estudos, que características poderíamos elencar para definir o mundo contemporâneo? Desenvolva pelo menos cinco delas.
3. No módulo 1, discutimos como a universidade se viu forçada a democratizar o acesso ao ensino superior. No módulo 3, discutimos os paradoxos da democracia. Quais os elos que podemos fazer entre essas duas reflexões? Desenvolva pelo menos dois argumentos.
4. No módulo 1, discutimos o ensino superior e no quatro o mercado de trabalho. Depois disso, como é possível pensar que, paradoxalmente, é o ensino em perspectiva inter e/ou multidisciplinar que mais prepara para o atual mercado de trabalho? Desenvolva pelo menos dois argumentos.
5. Outro tema que esteve presente em todos os módulos dos nossos estudos foi o da chamadas “minorias”. Esse tema esteve presente nas discussões sobre educação, cultura e identidade, democracia e em mercado do trabalho. Rememore essas discussões e estabeleça vínculos entre elas.
Bom trabalho.
Na Folha de S.Paulo de hoje
País não está pronto para a nova classe média, diz Bolívar
Folha - Quais são as principais características dessa nova classe média? Bolívar Lamounier - Estamos falando de algo em torno de 80 milhões de pessoas, um agregado social imensamente heterogêneo.
É um megaprocesso de mobilidade social. É o conjunto da classe C ascendendo a condições e aspirações mais altas de consumo .
Em razão disso, as famílias que a integram tornam-se mais "ambiciosas". Têm mais interesse em aumentar sua renda, querem um nível educacional mais alto para si e para seus filhos, manifestam desejo de obter um bom emprego ou de se estabelecer por conta própria etc.
É preciso "evitar o oba-oba", afirma doutor em ciência política e diretor de instituto de estudos econômicos
Entraves do país são infraestrutura, mão de obra especializada e educação, diz autor de "A Nova Classe Média"
UIRÁ MACHADO
DE SÃO PAULO
O Brasil não está pronto para a nova classe média.
Tampouco esse segmento populacional está devidamente preparado para suas recentes conquistas em termos de mobilidade social.
As afirmações são de Bolívar Lamounier, doutor em ciência política pela Universidade da Califórnia e primeiro diretor-presidente do Ipesp (Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo).
Em parceria com Amaury de Souza, ele acaba de lançar o livro "A Nova Classe Média" (Campus-Elsevier).
Na entrevista abaixo, ele discute a sustentabilidade da nova classe média e diz ser preciso "evitar o oba-oba".
Entraves do país são infraestrutura, mão de obra especializada e educação, diz autor de "A Nova Classe Média"
UIRÁ MACHADO
DE SÃO PAULO
O Brasil não está pronto para a nova classe média.
Tampouco esse segmento populacional está devidamente preparado para suas recentes conquistas em termos de mobilidade social.
As afirmações são de Bolívar Lamounier, doutor em ciência política pela Universidade da Califórnia e primeiro diretor-presidente do Ipesp (Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo).
Em parceria com Amaury de Souza, ele acaba de lançar o livro "A Nova Classe Média" (Campus-Elsevier).
Na entrevista abaixo, ele discute a sustentabilidade da nova classe média e diz ser preciso "evitar o oba-oba".
Folha - Quais são as principais características dessa nova classe média? Bolívar Lamounier - Estamos falando de algo em torno de 80 milhões de pessoas, um agregado social imensamente heterogêneo.
É um megaprocesso de mobilidade social. É o conjunto da classe C ascendendo a condições e aspirações mais altas de consumo .
Em razão disso, as famílias que a integram tornam-se mais "ambiciosas". Têm mais interesse em aumentar sua renda, querem um nível educacional mais alto para si e para seus filhos, manifestam desejo de obter um bom emprego ou de se estabelecer por conta própria etc.
Essa nova classe média é "sustentável"?No nível macro, a sustentabilidade depende do crescimento econômico a taxas elevadas -e ambientalmente compatíveis. Hoje, no Brasil, há um clima de exagerado otimismo, mas é preciso cautela para não cantarmos vitória antes do tempo.
Por outro lado, o que chamamos de ascensão da classe C se confunde em larga medida com a expansão do mercado interno e a redução das desigualdades de renda, condições que tendem a tornar o processo inteiro mais sustentável, quer dizer, menos suscetível a crises.
O nível micro refere-se à geração da renda pelas famílias, à educação, ao empreendedorismo etc. Por exemplo, existem milhões de pessoas "empreendedoras", mas muitas não estão preparadas para isso. Do outro lado, a política pública mais dificulta que ajuda: carga tributária elevada, complicações burocráticas etc.
Por outro lado, o que chamamos de ascensão da classe C se confunde em larga medida com a expansão do mercado interno e a redução das desigualdades de renda, condições que tendem a tornar o processo inteiro mais sustentável, quer dizer, menos suscetível a crises.
O nível micro refere-se à geração da renda pelas famílias, à educação, ao empreendedorismo etc. Por exemplo, existem milhões de pessoas "empreendedoras", mas muitas não estão preparadas para isso. Do outro lado, a política pública mais dificulta que ajuda: carga tributária elevada, complicações burocráticas etc.
O Brasil está pronto, do ponto de vista estrutural, para essa nova classe média?O avanço realizado nas últimas duas décadas é muito grande, mas eu não diria que está pronto. Basta atentar para a infraestrutura, obviamente incapaz de sustentar taxas elevadas de crescimento, a mão de obra especializada -que já começa a faltar- e a educação, de modo geral muito ruim.
E a nova classe média está preparada?É preciso evitar o oba-oba. O aumento do consumo é salutar e as pessoas têm atualmente aspirações altas. Além de adquirirem mais escolaridade, os indivíduos precisam investir mais em si mesmos, ou seja, em sua própria produtividade, seja para conseguir empregos estáveis e de boa qualidade, seja para se tornarem empreendedores.
domingo, 30 de maio de 2010
Na Folha de S.Paulo de hoje
ANÁLISE
Planejamento e "pensar grande" formam parte do sucesso chinês
Planejamento e "pensar grande" formam parte do sucesso chinês
RAUL JUSTE LORES
EDITOR DE MERCADO
EDITOR DE MERCADO
É comum que se menospreze a monumentalidade da infraestrutura chinesa porque é construída em cima da destruição ambiental e da mão de obra barata.
O modus operandi da desigual China tem pontos sombrios, mas não se pode ignorar a eficiência e o planejamento a longo prazo, também comuns no Japão e na Coreia do Sul, onde há democracia e ótimos salários.
Enquanto o Brasil forma 30 mil engenheiros por ano, a China forma 400 mil.
Uma visita a qualquer universidade de elite chinesa também revelará que os alunos estudam aos sábados e domingos, de manhã à noite, e sua vontade de progredir é tão urgente quanto nas linhas de montagem do país.
Cientistas de centros de estudos estatais frequentemente dão palestras aos ministros chineses nos finais de semana. Na escola do Comitê Central do Partido Comunista, há 2.000 professores treinando burocratas do governo e ensinando novas tendências às autoridades.
Mais de 200 mil chineses estudam em universidades americanas, europeias e australianas. Hoje em dia, a maioria volta para aproveitar o boom e modernizar o país. Esse lado caxias explica parte do sucesso chinês.
EXCELÊNCIA
Apesar de 3.000 anos de história e isolamento, as autoridades não tiveram problemas em convidar suíços para fazer um estádio olímpico à altura dos seus sonhos, nem de recorrer aos rivais históricos japoneses para desenvolver seus trens de alta velocidade. Pequim quer o melhor, sem complexos.
Em 2002, o governo chinês quis ampliar o congestionado porto de Xangai. Decidiu fazer uma ampliação em alto-mar, sobre duas ilhotas.
Consultores de Roterdã foram contratados para desenhar "o sistema mais moderno do mundo" de logística. 80% do porto já está pronto, dez anos antes do planejado. Os vanguardistas prédios do porto foram criados a partir de concursos de arquitetura.
Como os Jogos Panamericanos do Rio mostraram, até orçamentos generosos podem deixar uma infraestrutura "chinafricana".
Nem o caos aéreo de Cumbica, nem a proximidade da Copa conseguem gerar urgência. Mas nada é mais distante da China atual que o pensar pequeno.
O modus operandi da desigual China tem pontos sombrios, mas não se pode ignorar a eficiência e o planejamento a longo prazo, também comuns no Japão e na Coreia do Sul, onde há democracia e ótimos salários.
Enquanto o Brasil forma 30 mil engenheiros por ano, a China forma 400 mil.
Uma visita a qualquer universidade de elite chinesa também revelará que os alunos estudam aos sábados e domingos, de manhã à noite, e sua vontade de progredir é tão urgente quanto nas linhas de montagem do país.
Cientistas de centros de estudos estatais frequentemente dão palestras aos ministros chineses nos finais de semana. Na escola do Comitê Central do Partido Comunista, há 2.000 professores treinando burocratas do governo e ensinando novas tendências às autoridades.
Mais de 200 mil chineses estudam em universidades americanas, europeias e australianas. Hoje em dia, a maioria volta para aproveitar o boom e modernizar o país. Esse lado caxias explica parte do sucesso chinês.
EXCELÊNCIA
Apesar de 3.000 anos de história e isolamento, as autoridades não tiveram problemas em convidar suíços para fazer um estádio olímpico à altura dos seus sonhos, nem de recorrer aos rivais históricos japoneses para desenvolver seus trens de alta velocidade. Pequim quer o melhor, sem complexos.
Em 2002, o governo chinês quis ampliar o congestionado porto de Xangai. Decidiu fazer uma ampliação em alto-mar, sobre duas ilhotas.
Consultores de Roterdã foram contratados para desenhar "o sistema mais moderno do mundo" de logística. 80% do porto já está pronto, dez anos antes do planejado. Os vanguardistas prédios do porto foram criados a partir de concursos de arquitetura.
Como os Jogos Panamericanos do Rio mostraram, até orçamentos generosos podem deixar uma infraestrutura "chinafricana".
Nem o caos aéreo de Cumbica, nem a proximidade da Copa conseguem gerar urgência. Mas nada é mais distante da China atual que o pensar pequeno.
Na Folha de S.Paulo de hoje
Boom de crédito aumenta o valor de imóvel até em beira de estrada
Preço do m² chega a R$ 5.000 em Salvador; renda no Nordeste cresce 7,5% ao ano, ante 5,3% no país
Especialista afirma que falta de infraestrutura longe dos centros, onde há terrenos disponíveis, puxa preços para cima
DO ENVIADO AO NORDESTE
Especialista afirma que falta de infraestrutura longe dos centros, onde há terrenos disponíveis, puxa preços para cima
DO ENVIADO AO NORDESTE
O boom de negócios e do crédito imobiliário no Nordeste está levando a um rápido aumento nos preços de terrenos e imóveis na região, além de uma saturação da infraestrutura disponível.
A maior construtora do interior da Bahia, a R.Carvalho, sediada em Feira de Santana (107 km de Salvador), cresce 100% ao ano e levanta hoje 7.091 unidades, 75% delas voltadas à baixa renda.
No Nordeste, a renda per capita cresce hoje a um ritmo de quase 7,5% ao ano, ante 5,3% na média do país. Entre os mais pobres na região, o avanço é de 15%.
De acordo com José Luiz Souza, diretor da R.Carvalho, enquanto o metro quadrado de imóveis de baixo padrão chega a R$ 1.400, o valor ultrapassa R$ 3.400 para os de melhor qualidade.
Caso de um imóvel comprado em condomínio fechado à beira da BR-116, em Feira de Santana, por Tatiana Coutinho. Ela está pagando financiados R$ 152 mil por uma casa de 46 m² no local.
Quando a Folha visitou Tatiana, ela tomava informações via conferência em vídeo por computador para investir em um novo edifício erguido pela OAS em Salvador, o Manhattan. Preço, também financiado: entre R$ 4.500 e R$ 5.000 o m².
Questionada se já ouvira falar na chamada "bolha imobiliária" que estourou nos EUA em 2007, após uma farra de crédito direcionada ao setor no país, Tatiana respondeu negativamente.
Segundo Tatiana, ela e o marido, que é funcionário público, querem investir em imóveis, pois veem boas chances de valorização.
EXPLOSÃO
Entre 2004 e 2009, o total do crédito imobiliário no país disponível via poupança e FGTS para a compra de imóveis saltou de R$ 6,3 bilhões para R$ 48 bilhões (662%)
Para Ana Maria Castelo, da FGV Projetos (que dá consultoria ao SindusCon-SP), o forte aumento nos preços no setor imobiliário decorre da grande demanda por moradia reprimida por décadas.
"Ao contrário do que se deu nos EUA, onde as pessoas compravam imóveis a crédito para investir ou refinanciavam moradias para consumir, aqui o objetivo principal é morar", afirma.
Mesmo assim, ela reconhece que os preços "sobem muito rapidamente".
"O problema no Brasil é a infraestrutura. Para aumentar a oferta [e conter preços], as periferias das cidades, onde ainda há terrenos disponíveis, deveriam contar com melhor acesso e mais transporte público", diz.
Ao sul de Feira de Santana, em trecho da BR-116 que está sendo duplicado, por exemplo, há uma série de novos empreendimentos imobiliários em cidadezinhas.
Em Milagres (241 km de Salvador), mais de três centenas de casas foram erguidas nos últimos dois anos.
O resultado é que a BR-116 vem ficando saturada. Mesmo sua duplicação é vista com ceticismo, já que a estrada é dominada pelo transporte de cargas, que o rápido desenvolvimento da região só faz aumentar.
(FERNANDO CANZIAN)
A maior construtora do interior da Bahia, a R.Carvalho, sediada em Feira de Santana (107 km de Salvador), cresce 100% ao ano e levanta hoje 7.091 unidades, 75% delas voltadas à baixa renda.
No Nordeste, a renda per capita cresce hoje a um ritmo de quase 7,5% ao ano, ante 5,3% na média do país. Entre os mais pobres na região, o avanço é de 15%.
De acordo com José Luiz Souza, diretor da R.Carvalho, enquanto o metro quadrado de imóveis de baixo padrão chega a R$ 1.400, o valor ultrapassa R$ 3.400 para os de melhor qualidade.
Caso de um imóvel comprado em condomínio fechado à beira da BR-116, em Feira de Santana, por Tatiana Coutinho. Ela está pagando financiados R$ 152 mil por uma casa de 46 m² no local.
Quando a Folha visitou Tatiana, ela tomava informações via conferência em vídeo por computador para investir em um novo edifício erguido pela OAS em Salvador, o Manhattan. Preço, também financiado: entre R$ 4.500 e R$ 5.000 o m².
Questionada se já ouvira falar na chamada "bolha imobiliária" que estourou nos EUA em 2007, após uma farra de crédito direcionada ao setor no país, Tatiana respondeu negativamente.
Segundo Tatiana, ela e o marido, que é funcionário público, querem investir em imóveis, pois veem boas chances de valorização.
EXPLOSÃO
Entre 2004 e 2009, o total do crédito imobiliário no país disponível via poupança e FGTS para a compra de imóveis saltou de R$ 6,3 bilhões para R$ 48 bilhões (662%)
Para Ana Maria Castelo, da FGV Projetos (que dá consultoria ao SindusCon-SP), o forte aumento nos preços no setor imobiliário decorre da grande demanda por moradia reprimida por décadas.
"Ao contrário do que se deu nos EUA, onde as pessoas compravam imóveis a crédito para investir ou refinanciavam moradias para consumir, aqui o objetivo principal é morar", afirma.
Mesmo assim, ela reconhece que os preços "sobem muito rapidamente".
"O problema no Brasil é a infraestrutura. Para aumentar a oferta [e conter preços], as periferias das cidades, onde ainda há terrenos disponíveis, deveriam contar com melhor acesso e mais transporte público", diz.
Ao sul de Feira de Santana, em trecho da BR-116 que está sendo duplicado, por exemplo, há uma série de novos empreendimentos imobiliários em cidadezinhas.
Em Milagres (241 km de Salvador), mais de três centenas de casas foram erguidas nos últimos dois anos.
O resultado é que a BR-116 vem ficando saturada. Mesmo sua duplicação é vista com ceticismo, já que a estrada é dominada pelo transporte de cargas, que o rápido desenvolvimento da região só faz aumentar.
(FERNANDO CANZIAN)
Na Folha de S.Paulo de hoje
Nordeste vive "Chináfrica", com aceleração e gargalos
Investimento aumenta e crédito salta 330%, mas infraestrutura atrapalha
Mercado de imóveis e negócios têm forte expansão sobre base frágil; indícios sugerem uma "bolha" imobiliária
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL AO NORDESTE
O mercado imobiliário e os negócios no Nordeste vivem uma explosão de preços e de atividade. Mas a infraestrutura que sustenta o atual ritmo "chinês" pode ser definida como "africana".
Essa "Chináfrica" impõe vários desafios ao crescimento sustentável da região mais pobre do Brasil.
Embalado por uma expansão de 330% no crédito nos últimos cinco anos (a maior do país, ante 240% no Sudeste), o Nordeste vem atraindo bilhões de dólares em investimentos, principalmente no setor imobiliário.
A contrapartida tem sido maior estresse sobre a infraestrutura e rápido aumento nos preços de imóveis e no endividamento das famílias. Alguns já veem indícios de uma "bolha" imobiliária, inflada pelo crédito farto.
Imóveis comerciais em Salvador já são vendidos a R$ 4.000 o m2. É o mesmo valor pago por casas em condomínios fechados em Feira de Santana, à margem da congestionada BR-116.
No Rio Grande do Norte, a Folha acompanhou um grupo de investidores estrangeiros ávidos por oportunidades de negócios diante da escassez de opções, atualmente, na Europa e nos EUA.
"Aqui não há terremoto nem vulcões", dizia o apresentador do Polo Pitangui, em Natal, ao vender a área de 2.000 hectares à beira-mar a investidores. Segundo ele, o local fica a 20 km do "novo aeroporto" de Natal.
No "novo aeroporto", iniciado em 2004 pela Infraero em convênio com o Exército, só existe a pista, concluída e sem utilização há três anos.
A eletrificação da área ainda é rural (de baixa intensidade), e a água para a obra, trazida em caminhão-pipa. A Infraero promete terminar o aeroporto em 2011.
FALTA DE SANEAMENTO
Além da ausência de terremotos, a região não conta com saneamento básico adequado. Embora o governo prometa duplicar o sistema em 2010, o Rio Grande do Norte é um dos piores Estados do país nesse quesito.
Seis das principais praias do Estado estavam impróprias por conta dos níveis de coliformes fecais no fim de semana em que os investidores avaliavam suas opções.
Na plateia, entre outros, o ex-jogador da seleção brasileira Mauro Silva, construtores de campos de golfe e o britânico Rupert Hayward, do fundo Salamanca. Ele já comprou 50% da Ecocil, a maior construtora de Natal.
Cerca de 70% dos lançamentos da Ecocil são voltados para as classes C e D. Os preços médios subiram 60% nos últimos 12 meses.
Mercado de imóveis e negócios têm forte expansão sobre base frágil; indícios sugerem uma "bolha" imobiliária
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL AO NORDESTE
O mercado imobiliário e os negócios no Nordeste vivem uma explosão de preços e de atividade. Mas a infraestrutura que sustenta o atual ritmo "chinês" pode ser definida como "africana".
Essa "Chináfrica" impõe vários desafios ao crescimento sustentável da região mais pobre do Brasil.
Embalado por uma expansão de 330% no crédito nos últimos cinco anos (a maior do país, ante 240% no Sudeste), o Nordeste vem atraindo bilhões de dólares em investimentos, principalmente no setor imobiliário.
A contrapartida tem sido maior estresse sobre a infraestrutura e rápido aumento nos preços de imóveis e no endividamento das famílias. Alguns já veem indícios de uma "bolha" imobiliária, inflada pelo crédito farto.
Imóveis comerciais em Salvador já são vendidos a R$ 4.000 o m2. É o mesmo valor pago por casas em condomínios fechados em Feira de Santana, à margem da congestionada BR-116.
No Rio Grande do Norte, a Folha acompanhou um grupo de investidores estrangeiros ávidos por oportunidades de negócios diante da escassez de opções, atualmente, na Europa e nos EUA.
"Aqui não há terremoto nem vulcões", dizia o apresentador do Polo Pitangui, em Natal, ao vender a área de 2.000 hectares à beira-mar a investidores. Segundo ele, o local fica a 20 km do "novo aeroporto" de Natal.
No "novo aeroporto", iniciado em 2004 pela Infraero em convênio com o Exército, só existe a pista, concluída e sem utilização há três anos.
A eletrificação da área ainda é rural (de baixa intensidade), e a água para a obra, trazida em caminhão-pipa. A Infraero promete terminar o aeroporto em 2011.
FALTA DE SANEAMENTO
Além da ausência de terremotos, a região não conta com saneamento básico adequado. Embora o governo prometa duplicar o sistema em 2010, o Rio Grande do Norte é um dos piores Estados do país nesse quesito.
Seis das principais praias do Estado estavam impróprias por conta dos níveis de coliformes fecais no fim de semana em que os investidores avaliavam suas opções.
Na plateia, entre outros, o ex-jogador da seleção brasileira Mauro Silva, construtores de campos de golfe e o britânico Rupert Hayward, do fundo Salamanca. Ele já comprou 50% da Ecocil, a maior construtora de Natal.
Cerca de 70% dos lançamentos da Ecocil são voltados para as classes C e D. Os preços médios subiram 60% nos últimos 12 meses.
Na Folha de S.Paulo de hoje
Portos da BA já estão com demanda saturada
Aumento da atividade congestiona rodovias e expõe as falhas da região
Estado está se tornando uma nova fronteira de exploração mineral e não tem mais condições de atender a demanda
DO ENVIADO AO NORDESTE
Estado está se tornando uma nova fronteira de exploração mineral e não tem mais condições de atender a demanda
DO ENVIADO AO NORDESTE
Cerca de 40% das cargas que chegam ou são embarcadas a partir da Bahia percorrem até 3.000 km (como ir de São Paulo a São Luís, no Maranhão) antes de entrar ou sair do Estado.
A origem ou o destino são o Sul e o Sudeste, já que os portos do Estado não têm mais capacidade para atender o nível de atividade atual.
A Bahia também está se tornando uma nova fronteira de exploração mineral (além de agrícola), o que só agrava o quadro de saturação.
"Para atender a demanda na Bahia são necessários inúmeros investimentos", afirma Paulo Villa, da Usuport, que reúne os usuários dos portos da Bahia.
No caso do porto de Salvador, há uma obra de R$ 381 milhões com verba do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para completar uma via de 4.300 metros, com túneis e vários viadutos, que pretende ligar a BR-324 diretamente à área de embarque -desafogando parte do centro da cidade.
Mas Villa afirma que também seriam necessários novos investimentos para ampliar a capacidade do porto.
Na BR-116, principal rodovia de acesso ao Sul e ao Sudeste, cerca de 90% do tráfego é de caminhões. Principalmente com cargas que não podem sair direto da Bahia.
DE PORSCHE, EM 1ª
Rupert Hayward, do fundo Salamanca, que já colocou 500 milhões nas áreas imobiliária, de energia e mineração, afirma querer usar o Nordeste "como plataforma para investimentos".
"Mas ainda falta muito em infraestrutura. E o sistema tributário no país é pesado."
Um dos sócios de Hayward no país, Silvio Bezerra, presidente da Ecocil, a maior construtora de Natal, reconhece os problemas, às vezes equivalentes, diz, "a ter um Porsche e só andar em primeira" marcha.
Mas ele acredita que a Copa do Mundo de 2014 vai impor uma aceleração das obras de infraestrutura na região, como a do novo aeroporto que está sendo construído em Natal (RN).
(FERNANDO CANZIAN)
A origem ou o destino são o Sul e o Sudeste, já que os portos do Estado não têm mais capacidade para atender o nível de atividade atual.
A Bahia também está se tornando uma nova fronteira de exploração mineral (além de agrícola), o que só agrava o quadro de saturação.
"Para atender a demanda na Bahia são necessários inúmeros investimentos", afirma Paulo Villa, da Usuport, que reúne os usuários dos portos da Bahia.
No caso do porto de Salvador, há uma obra de R$ 381 milhões com verba do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para completar uma via de 4.300 metros, com túneis e vários viadutos, que pretende ligar a BR-324 diretamente à área de embarque -desafogando parte do centro da cidade.
Mas Villa afirma que também seriam necessários novos investimentos para ampliar a capacidade do porto.
Na BR-116, principal rodovia de acesso ao Sul e ao Sudeste, cerca de 90% do tráfego é de caminhões. Principalmente com cargas que não podem sair direto da Bahia.
DE PORSCHE, EM 1ª
Rupert Hayward, do fundo Salamanca, que já colocou 500 milhões nas áreas imobiliária, de energia e mineração, afirma querer usar o Nordeste "como plataforma para investimentos".
"Mas ainda falta muito em infraestrutura. E o sistema tributário no país é pesado."
Um dos sócios de Hayward no país, Silvio Bezerra, presidente da Ecocil, a maior construtora de Natal, reconhece os problemas, às vezes equivalentes, diz, "a ter um Porsche e só andar em primeira" marcha.
Mas ele acredita que a Copa do Mundo de 2014 vai impor uma aceleração das obras de infraestrutura na região, como a do novo aeroporto que está sendo construído em Natal (RN).
(FERNANDO CANZIAN)
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Urgente
Pessoas da aula de quarta.
Pensei que teria condições de dar aula hoje (quarta), mas o Enecult, que ajudo a organizar, me ocupa demais.
Por isso também, os alunos desta quarta ficam liberados para participar de uma dessas duas atividades que serão realizadas hoje de noite.
abrs, Leandro
Lançamento do livro Cultura e Drogas: novas perspectivas, organizado pelo prof. Edward MacRae e outros (Ministério da Cultura/Edufba), com mesa redonda sobre a relação entre cultura e o uso de drogas. Convidados: os co-organizadores Mauricio Fiore, Sandra Goulart e Edward MacRae, Sérgio Vidal (CONAD), Marcelo Andrade (Coletivo Balance) e Luana Malheiro (Aliança Redução de Danos Fátima Cavalcanti). Saiba mais.
Onde: Reitoria da UFBA (Canela)
Quando: 26 de maio, 19h
Quanto: gratuito
Onde: Reitoria da UFBA (Canela)
Quando: 26 de maio, 19h
Quanto: gratuito
Documentário – Adonde va el público, de Ana Wortman (Argentina), sobre o público de cinema em Buenos Aires. Seguido de bate-papo com presença da diretora, da Profa. Linda Rubim (Facom/Ufba), da Profa. Laura Bezerra (Ihac/Ufba) e do Prof. José Umbelino Brasil (Facom/Ufba).
Onde: Auditório A do PAF I da UFBA (Campus de Ondina)
Quando: 26 de maio, 19h
Quanto: gratuito
Onde: Auditório A do PAF I da UFBA (Campus de Ondina)
Quando: 26 de maio, 19h
Quanto: gratuito
domingo, 23 de maio de 2010
Salários de homens e mulheres
Dicas de sites:
vejam essa pesquisa feita por uma empresa de consultoria. é impressionante como eles apontam que aumentou, nos últimos anos, as diferenças salariais entre homens e mulheres no Brasil.
http://www3.catho.com.br/salario/action//artigos/As_diferencas_salariais_entre_Homens_e_Mulheres.php
aqui uma notícia de uma pesquisa em nível mundial. Brasil amarga no ranking
http://economia.uol.com.br/ultnot/efe/2009/03/04/ult1767u141428.jhtm
Lembrete: nossa aula de amanhã (segunda, dia 24) será no auditório, logo após a palestra da professora Liv Sovik
vejam essa pesquisa feita por uma empresa de consultoria. é impressionante como eles apontam que aumentou, nos últimos anos, as diferenças salariais entre homens e mulheres no Brasil.
http://www3.catho.com.br/salario/action//artigos/As_diferencas_salariais_entre_Homens_e_Mulheres.php
aqui uma notícia de uma pesquisa em nível mundial. Brasil amarga no ranking
http://economia.uol.com.br/ultnot/efe/2009/03/04/ult1767u141428.jhtm
Lembrete: nossa aula de amanhã (segunda, dia 24) será no auditório, logo após a palestra da professora Liv Sovik
Dica preciosa
Hoje, domingo, às 23h, a TV Cultura transmite a palestra sobre trabalho que vimos em nossas aulas.
Quem perdeu, eis uma nova oportunidade.
abrs
Quem perdeu, eis uma nova oportunidade.
abrs
quarta-feira, 12 de maio de 2010
CRONOGRAMA DAS AULAS DE QUARTA
MAIO
12 – finalização do módulo 3 com discussão sobre democracia
19 - Início do módulo 4. Vídeo de Marcos Cavalcanti sobre o trabalho e leitura, em sala, de texto de Paul Singer, A crise das relações de trabalho (Professor levará algumas cópias).
26 – ENTREGA DA MEMÓRIA DO MÓDULO 3 e continuação das discussões sobre trabalho e economia com discussão do texto A crise da sociedade do trabalho, de Ricardo Antunes.
JUNHO
2 – Finalização do módulo 4 com discussão do texto Globalização, trabalho e gênero, de Helena Hirata.
9 – Entrega da memória do módulo 4, divulgação das questões da prova, solução de dúvidas e primeira discussão sobre os temas dos trabalhos finais do componente.
16 – Realização da prova
23 - Produção dos trabalhos finais - sem aula presencial
30 – Entrega e discussão das provas e orientação para os trabalhos
JULHO
7 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DOS TRABALHOS E AVALIAÇÃO DO SEMESTRE
12 – finalização do módulo 3 com discussão sobre democracia
19 - Início do módulo 4. Vídeo de Marcos Cavalcanti sobre o trabalho e leitura, em sala, de texto de Paul Singer, A crise das relações de trabalho (Professor levará algumas cópias).
26 – ENTREGA DA MEMÓRIA DO MÓDULO 3 e continuação das discussões sobre trabalho e economia com discussão do texto A crise da sociedade do trabalho, de Ricardo Antunes.
JUNHO
2 – Finalização do módulo 4 com discussão do texto Globalização, trabalho e gênero, de Helena Hirata.
9 – Entrega da memória do módulo 4, divulgação das questões da prova, solução de dúvidas e primeira discussão sobre os temas dos trabalhos finais do componente.
16 – Realização da prova
23 - Produção dos trabalhos finais - sem aula presencial
30 – Entrega e discussão das provas e orientação para os trabalhos
JULHO
7 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DOS TRABALHOS E AVALIAÇÃO DO SEMESTRE
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Link dos vídeos exibidos em sala
Link do vídeo exibido em sala sobre o Trabalho, com Marcos Cavalcanti:
http://www.cpflcultura.com.br/video/integra-desafios-contemporaneos-trabalho-marcos-cavalcanti
Link do vídeo sobre política como vantagem, de Marco Aurélio Nogueira
http://www.cpflcultura.com.br/site/2009/11/30/integra-a-politica-como-vantagem-marco-aurelio-nogueira/
http://www.cpflcultura.com.br/video/integra-desafios-contemporaneos-trabalho-marcos-cavalcanti
Link do vídeo sobre política como vantagem, de Marco Aurélio Nogueira
http://www.cpflcultura.com.br/site/2009/11/30/integra-a-politica-como-vantagem-marco-aurelio-nogueira/
NOVO CRONOGRAMA DE AULAS DAS SEGUNDAS
MAIO
10 – Início do módulo 4. Vídeo de Marcos Cavalcanti sobre o trabalho e leitura, em sala, de texto de Paul Singer, A crise das relações de trabalho (Professor levará algumas cópias).
17 – ENTREGA DA MEMÓRIA DO MÓDULO 3 e continuação das discussões sobre trabalho e economia com discussão do Texto A crise da sociedade do trabalho, de Ricardo Antunes.
24 – Finalização do módulo 4 com discussão do texto Globalização, trabalho e gênero, de Helena Hirata.
31 – Entrega da memória do módulo 4, divulgação das questões da prova, solução de dúvidas e primeira discussão sobre os temas dos trabalhos finais do componente.
JUNHO
7 – Realização da prova
14 – Entrega e discussão da prova e orientação para a realização dos trabalhos finais.
21 - Produção dos trabalhos finais - sem aula presencial
28 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DOS TRABALHOS
JULHO
5 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DOS TRABALHOS E AVALIAÇÃO DO SEMESTRE
10 – Início do módulo 4. Vídeo de Marcos Cavalcanti sobre o trabalho e leitura, em sala, de texto de Paul Singer, A crise das relações de trabalho (Professor levará algumas cópias).
17 – ENTREGA DA MEMÓRIA DO MÓDULO 3 e continuação das discussões sobre trabalho e economia com discussão do Texto A crise da sociedade do trabalho, de Ricardo Antunes.
24 – Finalização do módulo 4 com discussão do texto Globalização, trabalho e gênero, de Helena Hirata.
31 – Entrega da memória do módulo 4, divulgação das questões da prova, solução de dúvidas e primeira discussão sobre os temas dos trabalhos finais do componente.
JUNHO
7 – Realização da prova
14 – Entrega e discussão da prova e orientação para a realização dos trabalhos finais.
21 - Produção dos trabalhos finais - sem aula presencial
28 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DOS TRABALHOS
JULHO
5 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DOS TRABALHOS E AVALIAÇÃO DO SEMESTRE
Na Folha de S.Paulo de hoje
Inteligência/Roger Cohen
Plágio para todos
Apaga-se a divisão entre propriedade e originalidade |
NOVA YORK - T. S. Eliot certa vez observou que "os poetas imaturos imitam, os poetas maduros furtam". Isso foi antes da agregação, do cortar-e-colar e, sejamos francos, do roubo descarado da era digital. Hoje em dia é tão fácil entrar na rede, ler um artigo e copiá-lo que os professores escolares dizem ter dificuldade para fazer as crianças entenderem o que é plágio.
A agência de notícias Associated Press ficou tão irritada com o furto de seus textos que está montando um registro digital de notícias destinado a proteger seu conteúdo contra o uso não autorizado, por meio de tags (etiquetas) e rastreamento de reportagens. Rupert Murdoch parece estar igualmente irritado e planeja cobrar por todo o conteúdo on-line de seus jornais.
Resta ver se essas tentativas de controlar um meio eletrônico, cuja essência é sua capacidade viral de se propagar, darão certo. Tenho minhas dúvidas. Não há nada de novo no plágio, é claro. Escritores de todas as eras, de Virgílio a Goethe, às vezes escorregaram na fina linha entre o emprestado e o original.
O que parece ser novo, porém, é a erosão da própria consciência de distinção entre originalidade e plágio; ou, para colocar de outra maneira, o surgimento da ideia de que o próprio ato criativo pode ser nada mais que cortar e colar ideias de outros para expressar a natureza dos tempos que correm. Se nosso mundo on-line é cada vez mais o nosso mundo propriamente dito, como podem os autores refletir a realidade sem recorrer à moeda plagiária da web?
Essa pergunta pode parecer estranha. Plagiadores furtam trechos ou ideias sem atribuí-los ao autor. Não há nada intrínseco ao universo digital que impeça dar crédito onde é devido. Exceto que a própria facilidade e o volume do que "está aí" cria um universo em que a propriedade se torna imprecisa.
Nesse contexto, fiquei intrigado pelo caso da autora alemã de 17 anos Helene Hegemann, cuja obra "Axolotl Roadkill", uma crônica da louca e intoxicada cena noturna de Berlim, foi um best-seller. O livro conquistou muitos elogios antes que se apontasse que parte dele fora retirado de um romance chamado "Strobo", de um blogueiro chamado Airen, cuja frase "Berlim existe para se misturar tudo com tudo" é reproduzida no livro.
Hegemann foi ousada, basicamente dizendo que esses críticos antiquados não entendem, este é o nosso mundo, onde se roubam coisas, onde frases originais se dissipam na inexistência, e parte da finalidade de seu livro era ilustrar exatamente isso. "Não existe essa coisa de originalidade, de qualquer modo, apenas autenticidade", ela declarou.
Portanto, "Axolotl Roadkill" é "autêntico" porque reflete o universo de uma alemã de 17 anos, no qual, como diz uma personagem do livro, "eu me sirvo onde quer que encontre inspiração". Hegemann também disse que "não há absolutamente nada de mim mesma" no livro, acrescentando que nem sequer possui a si própria.
Como indicou Laura Miller em Salon.com -crédito onde é devido-, "é como se as pessoas de menos de 25 anos tivessem se tornado equivalentes a uma tribo amazônica isolada da qual não se pode esperar compreensão de nossas proibições do primeiro mundo contra a poligamia ou o canibalismo -apesar do fato de terem crescido entre nós".
Bem, sim, é mais ou menos como me sinto às vezes quando olho para meus filhos adolescentes. É um mundo diferente lá fora. É claro, isso não quer dizer que o canibalismo -ou o plágio- passaram a ser coisas boas. Mas, no último caso, sinto que se torna inevitável (embora lamentável), diante de nossas existências digitais. Minhas simpatias estão com Hegemann e as opiniões que ela defende.
Duas últimas coisas. Primeira, é tamanha a cacofonia reinante que acho que a única maneira de começar a pensar por mim mesmo é simplesmente sair do ar de vez em quando. A segunda é que a agregação é muito mais barata que a originalidade. Custa dinheiro narrar um fato, em vez de "agregá-lo". A economia do século 21 é uma máquina geradora de plágios. A questão é: o que acontece quando ninguém quer pagar para gerar conteúdo original e não há mais nada para plagiar?
domingo, 9 de maio de 2010
Dica da aluna Maria Carolina
Entrevista |
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Dica de um aluno
Claudionor envia esse link de uma reportagem sobre o processo de democratização no Brasil pós-ditadura.
Leiam em http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/EdicaoNoticiaIntegra.asp?id_artigo=8267
abrs
Leiam em http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/EdicaoNoticiaIntegra.asp?id_artigo=8267
abrs
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Resposta ao mail de uma aluna - Para todos
"Por favor, preciso que vc me oriente em como posso melhorar minha compreensão dos textos acadêmicos, pois confesso que estou tendo um pouco de dificuldade. Geralmente quando estou lendo acho um pouco complicado, porém quando vc começa a explicar vejo que não é nenhum
bicho de sete cabeças.
Tem alguma forma de leitura que possa facilitar minha compreensão?"
Recebi esse mail de uma aluna e, como eu sempre acho que a dúvida e dificuldade de um pode ser de mais pessoas, resolvi escrever não só para ela, mas para todos da turma através do blog.
Primeira questão: é compreensível que, em especial no primeiro semestre, o aluno tenha dificuldade de entender alguns textos. É comum, também, entender apenas parte de um texto e não a totalidade dele. Os textos mais complexos o aluno vai compreender na íntegra somente depois de alguns anos, quando já leu e estudou os autores com os quais o autor lido inicialmente estava a dialogar.
Então, não fiquem apavorados quando não entenderem todo o texto. A dica é: continuar o esforço, ampliando o leque de autores que analisam a temática e, em especial, responder a seguinte questão sempre que estiver lendo algum texto: quais são as idéias centrais defendidas pelo autor? Que dados e argumentos o autor oferecer para sustentar essas idéias?
Ao fazer isso, o aluno deixa para um segundo plano as questões secundárias ou até terciárias de um texto. Elas sempre vão existir. Por isso, considero central identificar as idéias centrais, são elas que nos interessam.
Outra questão: usem dicionários comuns e dicionários específicos. Sites de busca na internet também podem ajudar. Uma série de palavras podem ter significados muito diferentes daqueles significados usados pelo senso comum para determinadas palavras. Por que isso acontece? Porque no conhecimento científico usamos conceitos e conceito não é o mesmo que significado literal de uma palavra. Por exemplo, o conceito de Real na psicanálise lacaniana é algo como: “tudo aquilo que é impossível de ser representado por palavras e imagens”. O que isso tem a ver com aquilo que as pessoas consideram real? Nada, não é?
Nas primeiras aulas do semestre, tratamos, ainda que rapidamente, de um texto de Alain Coulon, que trata sobre as fases pelas quais os alunos passam ao ingressar na universidade. Vocês, em boa medida, estão em plena fase de estranhamento. Mas, em breve, precisam sair dessa fase para entrar na fase de afiliação intelectual.
Quem não leu esse texto, precisa ler, ainda está na nossa Xerox. Trata-se da introdução do livro A condição do estudante, lançado pela Edufba. Também sugeri a leitura do texto Trabalhos acadêmicos, de Silva e Silveira, que também está na pasta do componente na Facom. Esse último texto dá algumas dicas de como estudar e ler textos acadêmicos.
Por fim I: é fundamental expor as dificuldades em sala para o professor. Os mais tímidos, falem pessoalmente ou mandem mails,como fez nossa colega. Não fiquem em silêncio, fazendo de conta que estão entendendo tudo. Mas, para isso, é preciso ler os textos obrigatórios e levar as dúvidas para a sala de aula. Muitos alunos não estão lendo os textos e, para esses, só tenho uma coisa a dizer: depois não dizem que eu não avisei! Isso não é uma ameaça, apenas uma constatação daquilo que aconteceu nos anos anteriores nas minhas turmas.
E por fim II: todos os cursos de nível superior são difíceis. Não existe essa coisa de cursos mais fáceis. Curso superior é curso superior, se assim pretende ser chamado e considerado.
Era isso, um abraço e bons estudos.
Leandro
bicho de sete cabeças.
Tem alguma forma de leitura que possa facilitar minha compreensão?"
Recebi esse mail de uma aluna e, como eu sempre acho que a dúvida e dificuldade de um pode ser de mais pessoas, resolvi escrever não só para ela, mas para todos da turma através do blog.
Primeira questão: é compreensível que, em especial no primeiro semestre, o aluno tenha dificuldade de entender alguns textos. É comum, também, entender apenas parte de um texto e não a totalidade dele. Os textos mais complexos o aluno vai compreender na íntegra somente depois de alguns anos, quando já leu e estudou os autores com os quais o autor lido inicialmente estava a dialogar.
Então, não fiquem apavorados quando não entenderem todo o texto. A dica é: continuar o esforço, ampliando o leque de autores que analisam a temática e, em especial, responder a seguinte questão sempre que estiver lendo algum texto: quais são as idéias centrais defendidas pelo autor? Que dados e argumentos o autor oferecer para sustentar essas idéias?
Ao fazer isso, o aluno deixa para um segundo plano as questões secundárias ou até terciárias de um texto. Elas sempre vão existir. Por isso, considero central identificar as idéias centrais, são elas que nos interessam.
Outra questão: usem dicionários comuns e dicionários específicos. Sites de busca na internet também podem ajudar. Uma série de palavras podem ter significados muito diferentes daqueles significados usados pelo senso comum para determinadas palavras. Por que isso acontece? Porque no conhecimento científico usamos conceitos e conceito não é o mesmo que significado literal de uma palavra. Por exemplo, o conceito de Real na psicanálise lacaniana é algo como: “tudo aquilo que é impossível de ser representado por palavras e imagens”. O que isso tem a ver com aquilo que as pessoas consideram real? Nada, não é?
Nas primeiras aulas do semestre, tratamos, ainda que rapidamente, de um texto de Alain Coulon, que trata sobre as fases pelas quais os alunos passam ao ingressar na universidade. Vocês, em boa medida, estão em plena fase de estranhamento. Mas, em breve, precisam sair dessa fase para entrar na fase de afiliação intelectual.
Quem não leu esse texto, precisa ler, ainda está na nossa Xerox. Trata-se da introdução do livro A condição do estudante, lançado pela Edufba. Também sugeri a leitura do texto Trabalhos acadêmicos, de Silva e Silveira, que também está na pasta do componente na Facom. Esse último texto dá algumas dicas de como estudar e ler textos acadêmicos.
Por fim I: é fundamental expor as dificuldades em sala para o professor. Os mais tímidos, falem pessoalmente ou mandem mails,como fez nossa colega. Não fiquem em silêncio, fazendo de conta que estão entendendo tudo. Mas, para isso, é preciso ler os textos obrigatórios e levar as dúvidas para a sala de aula. Muitos alunos não estão lendo os textos e, para esses, só tenho uma coisa a dizer: depois não dizem que eu não avisei! Isso não é uma ameaça, apenas uma constatação daquilo que aconteceu nos anos anteriores nas minhas turmas.
E por fim II: todos os cursos de nível superior são difíceis. Não existe essa coisa de cursos mais fáceis. Curso superior é curso superior, se assim pretende ser chamado e considerado.
Era isso, um abraço e bons estudos.
Leandro
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