segunda-feira, 31 de maio de 2010

Lembrando das nossas avaliações

Pessoas, segue abaixo mensagem postada em março nesse blog. Apenas a título de lembrança:

Um nota: quatro memórias das aulas, uma para cada um dos módulos do componente (educação, cultura, política e economia). Essas memórias devem ser entregues ao professor na semana seguinte ao término da conclusão do módulo. Trata-se de um texto livre, no qual o aluno aborda os assuntos que foram discutidos em sala e sistematiza os conhecimentos/discussões/conceitos/idéias centrais dos autores dos textos básicos e das reflexões levantadas em sala de aula pelo professor e pelos demais alunos da turma.

Outra nota: prova (peso 8) mais participação em sala (peso 2). A prova vai ocorrer depois da finalização dos quatro módulos. O professor vai disponibilizar as questões com antecedência mínima de uma semana. No dia da prova haverá um sorteio das questões que deverão ser respondidas em sala, sem consulta ao material. As questões tratarão sobre as relações entre os quatro módulos do componente.

Outra nota: trabalho de resolução de um problema. Em grupo de três a cinco alunos. Nesse trabalho os alunos devem apresentar um problema e resolvê-lo através de uma pesquisa. Depois, os resultados deverão ser socializados com a turma, no final do semestre. A nota será dividida entre proposta de trabalho/pesquisa (peso 1), relatório final da pesquisa (peso 7) e apresentação (peso 2).

Questões da prova


No dia da prova, sortearei quatro dessas cinco questões. Cada uma delas valerá até 2,0 pontos (lembrem que a prova tem peso 8).


1. Uma das várias questões que estiveram presentes em todos os módulos foi a idéia de crise: crise na universidade, nas identidades, na democracia e no mercado de trabalho. Explique cada uma dessas crises (quais são os motivos dessas crises?) e ligue uma às outras.
2. Como é possível entender o mundo contemporâneo através dos quatro módulos estudados nesse semestre? Através desses estudos, que características poderíamos elencar para definir o mundo contemporâneo? Desenvolva pelo menos cinco delas.
3. No módulo 1, discutimos como a universidade se viu forçada a democratizar o acesso ao ensino superior. No módulo 3, discutimos os paradoxos da democracia. Quais os elos que podemos fazer entre essas duas reflexões? Desenvolva pelo menos dois argumentos.
4. No módulo 1, discutimos o ensino superior e no quatro o mercado de trabalho. Depois disso, como é possível pensar que, paradoxalmente, é o ensino em perspectiva inter e/ou multidisciplinar que mais prepara para o atual mercado de trabalho? Desenvolva pelo menos dois argumentos.
5. Outro tema que esteve presente em todos os módulos dos nossos estudos foi o da chamadas “minorias”. Esse tema esteve presente nas discussões sobre educação, cultura e identidade, democracia e em mercado do trabalho. Rememore essas discussões e estabeleça vínculos entre elas.

Bom trabalho.

Na Folha de S.Paulo de hoje

País não está pronto para a nova classe média, diz Bolívar
É preciso "evitar o oba-oba", afirma doutor em ciência política e diretor de instituto de estudos econômicos

Entraves do país são infraestrutura, mão de obra especializada e educação, diz autor de "A Nova Classe Média"

UIRÁ MACHADO
DE SÃO PAULO 

O Brasil não está pronto para a nova classe média.
Tampouco esse segmento populacional está devidamente preparado para suas recentes conquistas em termos de mobilidade social.
As afirmações são de Bolívar Lamounier, doutor em ciência política pela Universidade da Califórnia e primeiro diretor-presidente do Ipesp (Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo).
Em parceria com Amaury de Souza, ele acaba de lançar o livro "A Nova Classe Média" (Campus-Elsevier).
Na entrevista abaixo, ele discute a sustentabilidade da nova classe média e diz ser preciso "evitar o oba-oba".
 

Folha - Quais são as principais características dessa nova classe média? Bolívar Lamounier - Estamos falando de algo em torno de 80 milhões de pessoas, um agregado social imensamente heterogêneo.
É um megaprocesso de mobilidade social. É o conjunto da classe C ascendendo a condições e aspirações mais altas de consumo .
Em razão disso, as famílias que a integram tornam-se mais "ambiciosas". Têm mais interesse em aumentar sua renda, querem um nível educacional mais alto para si e para seus filhos, manifestam desejo de obter um bom emprego ou de se estabelecer por conta própria etc.
Essa nova classe média é "sustentável"?No nível macro, a sustentabilidade depende do crescimento econômico a taxas elevadas -e ambientalmente compatíveis. Hoje, no Brasil, há um clima de exagerado otimismo, mas é preciso cautela para não cantarmos vitória antes do tempo.
Por outro lado, o que chamamos de ascensão da classe C se confunde em larga medida com a expansão do mercado interno e a redução das desigualdades de renda, condições que tendem a tornar o processo inteiro mais sustentável, quer dizer, menos suscetível a crises.
O nível micro refere-se à geração da renda pelas famílias, à educação, ao empreendedorismo etc. Por exemplo, existem milhões de pessoas "empreendedoras", mas muitas não estão preparadas para isso. Do outro lado, a política pública mais dificulta que ajuda: carga tributária elevada, complicações burocráticas etc.
O Brasil está pronto, do ponto de vista estrutural, para essa nova classe média?O avanço realizado nas últimas duas décadas é muito grande, mas eu não diria que está pronto. Basta atentar para a infraestrutura, obviamente incapaz de sustentar taxas elevadas de crescimento, a mão de obra especializada -que já começa a faltar- e a educação, de modo geral muito ruim.
E a nova classe média está preparada?É preciso evitar o oba-oba. O aumento do consumo é salutar e as pessoas têm atualmente aspirações altas. Além de adquirirem mais escolaridade, os indivíduos precisam investir mais em si mesmos, ou seja, em sua própria produtividade, seja para conseguir empregos estáveis e de boa qualidade, seja para se tornarem empreendedores.

domingo, 30 de maio de 2010

Na Folha de S.Paulo de hoje

ANÁLISE 

Planejamento e "pensar grande" formam parte do sucesso chinês
RAUL JUSTE LORES
EDITOR DE MERCADO
É comum que se menospreze a monumentalidade da infraestrutura chinesa porque é construída em cima da destruição ambiental e da mão de obra barata.
O modus operandi da desigual China tem pontos sombrios, mas não se pode ignorar a eficiência e o planejamento a longo prazo, também comuns no Japão e na Coreia do Sul, onde há democracia e ótimos salários.
Enquanto o Brasil forma 30 mil engenheiros por ano, a China forma 400 mil.
Uma visita a qualquer universidade de elite chinesa também revelará que os alunos estudam aos sábados e domingos, de manhã à noite, e sua vontade de progredir é tão urgente quanto nas linhas de montagem do país.
Cientistas de centros de estudos estatais frequentemente dão palestras aos ministros chineses nos finais de semana. Na escola do Comitê Central do Partido Comunista, há 2.000 professores treinando burocratas do governo e ensinando novas tendências às autoridades.
Mais de 200 mil chineses estudam em universidades americanas, europeias e australianas. Hoje em dia, a maioria volta para aproveitar o boom e modernizar o país. Esse lado caxias explica parte do sucesso chinês.

EXCELÊNCIA
Apesar de 3.000 anos de história e isolamento, as autoridades não tiveram problemas em convidar suíços para fazer um estádio olímpico à altura dos seus sonhos, nem de recorrer aos rivais históricos japoneses para desenvolver seus trens de alta velocidade. Pequim quer o melhor, sem complexos.
Em 2002, o governo chinês quis ampliar o congestionado porto de Xangai. Decidiu fazer uma ampliação em alto-mar, sobre duas ilhotas.
Consultores de Roterdã foram contratados para desenhar "o sistema mais moderno do mundo" de logística. 80% do porto já está pronto, dez anos antes do planejado. Os vanguardistas prédios do porto foram criados a partir de concursos de arquitetura.
Como os Jogos Panamericanos do Rio mostraram, até orçamentos generosos podem deixar uma infraestrutura "chinafricana".
Nem o caos aéreo de Cumbica, nem a proximidade da Copa conseguem gerar urgência. Mas nada é mais distante da China atual que o pensar pequeno.

Na Folha de S.Paulo de hoje

Boom de crédito aumenta o valor de imóvel até em beira de estrada
Preço do m² chega a R$ 5.000 em Salvador; renda no Nordeste cresce 7,5% ao ano, ante 5,3% no país

Especialista afirma que falta de infraestrutura longe dos centros, onde há terrenos disponíveis, puxa preços para cima 

DO ENVIADO AO NORDESTE
O boom de negócios e do crédito imobiliário no Nordeste está levando a um rápido aumento nos preços de terrenos e imóveis na região, além de uma saturação da infraestrutura disponível.
A maior construtora do interior da Bahia, a R.Carvalho, sediada em Feira de Santana (107 km de Salvador), cresce 100% ao ano e levanta hoje 7.091 unidades, 75% delas voltadas à baixa renda.
No Nordeste, a renda per capita cresce hoje a um ritmo de quase 7,5% ao ano, ante 5,3% na média do país. Entre os mais pobres na região, o avanço é de 15%.
De acordo com José Luiz Souza, diretor da R.Carvalho, enquanto o metro quadrado de imóveis de baixo padrão chega a R$ 1.400, o valor ultrapassa R$ 3.400 para os de melhor qualidade.
Caso de um imóvel comprado em condomínio fechado à beira da BR-116, em Feira de Santana, por Tatiana Coutinho. Ela está pagando financiados R$ 152 mil por uma casa de 46 m² no local.
Quando a Folha visitou Tatiana, ela tomava informações via conferência em vídeo por computador para investir em um novo edifício erguido pela OAS em Salvador, o Manhattan. Preço, também financiado: entre R$ 4.500 e R$ 5.000 o m².
Questionada se já ouvira falar na chamada "bolha imobiliária" que estourou nos EUA em 2007, após uma farra de crédito direcionada ao setor no país, Tatiana respondeu negativamente.
Segundo Tatiana, ela e o marido, que é funcionário público, querem investir em imóveis, pois veem boas chances de valorização.

EXPLOSÃO
Entre 2004 e 2009, o total do crédito imobiliário no país disponível via poupança e FGTS para a compra de imóveis saltou de R$ 6,3 bilhões para R$ 48 bilhões (662%)
Para Ana Maria Castelo, da FGV Projetos (que dá consultoria ao SindusCon-SP), o forte aumento nos preços no setor imobiliário decorre da grande demanda por moradia reprimida por décadas.
"Ao contrário do que se deu nos EUA, onde as pessoas compravam imóveis a crédito para investir ou refinanciavam moradias para consumir, aqui o objetivo principal é morar", afirma.
Mesmo assim, ela reconhece que os preços "sobem muito rapidamente".
"O problema no Brasil é a infraestrutura. Para aumentar a oferta [e conter preços], as periferias das cidades, onde ainda há terrenos disponíveis, deveriam contar com melhor acesso e mais transporte público", diz.
Ao sul de Feira de Santana, em trecho da BR-116 que está sendo duplicado, por exemplo, há uma série de novos empreendimentos imobiliários em cidadezinhas.
Em Milagres (241 km de Salvador), mais de três centenas de casas foram erguidas nos últimos dois anos.
O resultado é que a BR-116 vem ficando saturada. Mesmo sua duplicação é vista com ceticismo, já que a estrada é dominada pelo transporte de cargas, que o rápido desenvolvimento da região só faz aumentar.
(FERNANDO CANZIAN)

Na Folha de S.Paulo de hoje

Nordeste vive "Chináfrica", com aceleração e gargalos
Investimento aumenta e crédito salta 330%, mas infraestrutura atrapalha

Mercado de imóveis e negócios têm forte expansão sobre base frágil; indícios sugerem uma "bolha" imobiliária 

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL AO NORDESTE 

O mercado imobiliário e os negócios no Nordeste vivem uma explosão de preços e de atividade. Mas a infraestrutura que sustenta o atual ritmo "chinês" pode ser definida como "africana".
Essa "Chináfrica" impõe vários desafios ao crescimento sustentável da região mais pobre do Brasil.
Embalado por uma expansão de 330% no crédito nos últimos cinco anos (a maior do país, ante 240% no Sudeste), o Nordeste vem atraindo bilhões de dólares em investimentos, principalmente no setor imobiliário.
A contrapartida tem sido maior estresse sobre a infraestrutura e rápido aumento nos preços de imóveis e no endividamento das famílias. Alguns já veem indícios de uma "bolha" imobiliária, inflada pelo crédito farto.
Imóveis comerciais em Salvador já são vendidos a R$ 4.000 o m2. É o mesmo valor pago por casas em condomínios fechados em Feira de Santana, à margem da congestionada BR-116.
No Rio Grande do Norte, a Folha acompanhou um grupo de investidores estrangeiros ávidos por oportunidades de negócios diante da escassez de opções, atualmente, na Europa e nos EUA.
"Aqui não há terremoto nem vulcões", dizia o apresentador do Polo Pitangui, em Natal, ao vender a área de 2.000 hectares à beira-mar a investidores. Segundo ele, o local fica a 20 km do "novo aeroporto" de Natal.
No "novo aeroporto", iniciado em 2004 pela Infraero em convênio com o Exército, só existe a pista, concluída e sem utilização há três anos.
A eletrificação da área ainda é rural (de baixa intensidade), e a água para a obra, trazida em caminhão-pipa. A Infraero promete terminar o aeroporto em 2011.

FALTA DE SANEAMENTO
Além da ausência de terremotos, a região não conta com saneamento básico adequado. Embora o governo prometa duplicar o sistema em 2010, o Rio Grande do Norte é um dos piores Estados do país nesse quesito.
Seis das principais praias do Estado estavam impróprias por conta dos níveis de coliformes fecais no fim de semana em que os investidores avaliavam suas opções.
Na plateia, entre outros, o ex-jogador da seleção brasileira Mauro Silva, construtores de campos de golfe e o britânico Rupert Hayward, do fundo Salamanca. Ele já comprou 50% da Ecocil, a maior construtora de Natal.
Cerca de 70% dos lançamentos da Ecocil são voltados para as classes C e D. Os preços médios subiram 60% nos últimos 12 meses.

Na Folha de S.Paulo de hoje

Portos da BA já estão com demanda saturada
Aumento da atividade congestiona rodovias e expõe as falhas da região

Estado está se tornando uma nova fronteira de exploração mineral e não tem mais condições de atender a demanda 

DO ENVIADO AO NORDESTE
Cerca de 40% das cargas que chegam ou são embarcadas a partir da Bahia percorrem até 3.000 km (como ir de São Paulo a São Luís, no Maranhão) antes de entrar ou sair do Estado.
A origem ou o destino são o Sul e o Sudeste, já que os portos do Estado não têm mais capacidade para atender o nível de atividade atual.
A Bahia também está se tornando uma nova fronteira de exploração mineral (além de agrícola), o que só agrava o quadro de saturação.
"Para atender a demanda na Bahia são necessários inúmeros investimentos", afirma Paulo Villa, da Usuport, que reúne os usuários dos portos da Bahia.
No caso do porto de Salvador, há uma obra de R$ 381 milhões com verba do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para completar uma via de 4.300 metros, com túneis e vários viadutos, que pretende ligar a BR-324 diretamente à área de embarque -desafogando parte do centro da cidade.
Mas Villa afirma que também seriam necessários novos investimentos para ampliar a capacidade do porto.
Na BR-116, principal rodovia de acesso ao Sul e ao Sudeste, cerca de 90% do tráfego é de caminhões. Principalmente com cargas que não podem sair direto da Bahia.

DE PORSCHE, EM 1ª
Rupert Hayward, do fundo Salamanca, que já colocou 500 milhões nas áreas imobiliária, de energia e mineração, afirma querer usar o Nordeste "como plataforma para investimentos".
"Mas ainda falta muito em infraestrutura. E o sistema tributário no país é pesado."
Um dos sócios de Hayward no país, Silvio Bezerra, presidente da Ecocil, a maior construtora de Natal, reconhece os problemas, às vezes equivalentes, diz, "a ter um Porsche e só andar em primeira" marcha.
Mas ele acredita que a Copa do Mundo de 2014 vai impor uma aceleração das obras de infraestrutura na região, como a do novo aeroporto que está sendo construído em Natal (RN).
(FERNANDO CANZIAN)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Urgente

Pessoas da aula de quarta.
Pensei que teria condições de dar aula hoje (quarta), mas o Enecult, que ajudo a organizar, me ocupa demais.
Por isso também, os alunos desta quarta ficam liberados para participar de uma dessas duas atividades que serão realizadas hoje de noite.
abrs, Leandro



Lançamento do livro Cultura e Drogas: novas perspectivas, organizado pelo prof. Edward MacRae  e outros (Ministério da Cultura/Edufba), com mesa redonda sobre a relação entre cultura e o uso de drogas. Convidados:  os co-organizadores Mauricio Fiore, Sandra Goulart e Edward MacRae, Sérgio Vidal (CONAD), Marcelo Andrade  (Coletivo Balance) e Luana Malheiro (Aliança Redução de Danos Fátima Cavalcanti). Saiba mais.
Onde: Reitoria da UFBA (Canela)
Quando: 26 de maio, 19h
Quanto: gratuito
Documentário – Adonde va el público, de Ana Wortman (Argentina), sobre o público de cinema em Buenos Aires. Seguido de bate-papo com presença da diretora, da Profa. Linda Rubim (Facom/Ufba), da Profa. Laura Bezerra (Ihac/Ufba) e do Prof. José Umbelino Brasil (Facom/Ufba).
Onde: Auditório A do PAF I da UFBA (Campus de Ondina)
Quando: 26 de maio, 19h
Quanto: gratuito

domingo, 23 de maio de 2010

Salários de homens e mulheres

Dicas de sites:

vejam essa pesquisa feita por uma empresa de consultoria. é impressionante como eles apontam que aumentou, nos últimos anos, as diferenças salariais entre homens e mulheres no Brasil.

http://www3.catho.com.br/salario/action//artigos/As_diferencas_salariais_entre_Homens_e_Mulheres.php

aqui uma notícia de uma pesquisa em nível mundial. Brasil amarga no ranking
http://economia.uol.com.br/ultnot/efe/2009/03/04/ult1767u141428.jhtm

Lembrete: nossa aula de amanhã (segunda, dia 24) será no auditório, logo após a palestra da professora Liv Sovik

Dica preciosa

Hoje, domingo, às 23h, a TV Cultura transmite a palestra sobre trabalho que vimos em nossas aulas.
Quem perdeu, eis uma nova oportunidade.
abrs

quarta-feira, 12 de maio de 2010

CRONOGRAMA DAS AULAS DE QUARTA

MAIO


12 – finalização do módulo 3 com discussão sobre democracia

19 - Início do módulo 4. Vídeo de Marcos Cavalcanti sobre o trabalho e leitura, em sala, de texto de Paul Singer, A crise das relações de trabalho (Professor levará algumas cópias).

26 – ENTREGA DA MEMÓRIA DO MÓDULO 3 e continuação das discussões sobre trabalho e economia com discussão do texto A crise da sociedade do trabalho, de Ricardo Antunes.

JUNHO

2 – Finalização do módulo 4 com discussão do texto Globalização, trabalho e gênero, de Helena Hirata.

9 – Entrega da memória do módulo 4, divulgação das questões da prova, solução de dúvidas e primeira discussão sobre os temas dos trabalhos finais do componente.

16 – Realização da prova

23 - Produção dos trabalhos finais - sem aula presencial

30 – Entrega e discussão das provas e orientação para os trabalhos

JULHO

7 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DOS TRABALHOS E AVALIAÇÃO DO SEMESTRE

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Link dos vídeos exibidos em sala

Link do vídeo exibido em sala sobre o Trabalho, com Marcos Cavalcanti:

http://www.cpflcultura.com.br/video/integra-desafios-contemporaneos-trabalho-marcos-cavalcanti

Link do vídeo sobre política como vantagem, de Marco Aurélio Nogueira

http://www.cpflcultura.com.br/site/2009/11/30/integra-a-politica-como-vantagem-marco-aurelio-nogueira/

NOVO CRONOGRAMA DE AULAS DAS SEGUNDAS

MAIO

10 – Início do módulo 4. Vídeo de Marcos Cavalcanti sobre o trabalho e leitura, em sala, de texto de Paul Singer, A crise das relações de trabalho (Professor levará algumas cópias).
17 – ENTREGA DA MEMÓRIA DO MÓDULO 3 e continuação das discussões sobre trabalho e economia com discussão do Texto A crise da sociedade do trabalho, de Ricardo Antunes.
24 – Finalização do módulo 4 com discussão do texto Globalização, trabalho e gênero, de Helena Hirata.
31 – Entrega da memória do módulo 4, divulgação das questões da prova, solução de dúvidas e primeira discussão sobre os temas dos trabalhos finais do componente.

JUNHO
7 – Realização da prova
14 – Entrega e discussão da prova e orientação para a realização dos trabalhos finais.
21 - Produção dos trabalhos finais - sem aula presencial
28 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DOS TRABALHOS

JULHO
5 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DOS TRABALHOS E AVALIAÇÃO DO SEMESTRE

Na Folha de S.Paulo de hoje


Inteligência/Roger Cohen

Plágio para todos



Apaga-se a divisão entre propriedade e originalidade

NOVA YORK - T. S. Eliot certa vez observou que "os poetas imaturos imitam, os poetas maduros furtam". Isso foi antes da agregação, do cortar-e-colar e, sejamos francos, do roubo descarado da era digital. Hoje em dia é tão fácil entrar na rede, ler um artigo e copiá-lo que os professores escolares dizem ter dificuldade para fazer as crianças entenderem o que é plágio.
A agência de notícias Associated Press ficou tão irritada com o furto de seus textos que está montando um registro digital de notícias destinado a proteger seu conteúdo contra o uso não autorizado, por meio de tags (etiquetas) e rastreamento de reportagens. Rupert Murdoch parece estar igualmente irritado e planeja cobrar por todo o conteúdo on-line de seus jornais.
Resta ver se essas tentativas de controlar um meio eletrônico, cuja essência é sua capacidade viral de se propagar, darão certo. Tenho minhas dúvidas. Não há nada de novo no plágio, é claro. Escritores de todas as eras, de Virgílio a Goethe, às vezes escorregaram na fina linha entre o emprestado e o original.
O que parece ser novo, porém, é a erosão da própria consciência de distinção entre originalidade e plágio; ou, para colocar de outra maneira, o surgimento da ideia de que o próprio ato criativo pode ser nada mais que cortar e colar ideias de outros para expressar a natureza dos tempos que correm. Se nosso mundo on-line é cada vez mais o nosso mundo propriamente dito, como podem os autores refletir a realidade sem recorrer à moeda plagiária da web?
Essa pergunta pode parecer estranha. Plagiadores furtam trechos ou ideias sem atribuí-los ao autor. Não há nada intrínseco ao universo digital que impeça dar crédito onde é devido. Exceto que a própria facilidade e o volume do que "está aí" cria um universo em que a propriedade se torna imprecisa.
Nesse contexto, fiquei intrigado pelo caso da autora alemã de 17 anos Helene Hegemann, cuja obra "Axolotl Roadkill", uma crônica da louca e intoxicada cena noturna de Berlim, foi um best-seller. O livro conquistou muitos elogios antes que se apontasse que parte dele fora retirado de um romance chamado "Strobo", de um blogueiro chamado Airen, cuja frase "Berlim existe para se misturar tudo com tudo" é reproduzida no livro.
Hegemann foi ousada, basicamente dizendo que esses críticos antiquados não entendem, este é o nosso mundo, onde se roubam coisas, onde frases originais se dissipam na inexistência, e parte da finalidade de seu livro era ilustrar exatamente isso. "Não existe essa coisa de originalidade, de qualquer modo, apenas autenticidade", ela declarou.
Portanto, "Axolotl Roadkill" é "autêntico" porque reflete o universo de uma alemã de 17 anos, no qual, como diz uma personagem do livro, "eu me sirvo onde quer que encontre inspiração". Hegemann também disse que "não há absolutamente nada de mim mesma" no livro, acrescentando que nem sequer possui a si própria.
Como indicou Laura Miller em Salon.com -crédito onde é devido-, "é como se as pessoas de menos de 25 anos tivessem se tornado equivalentes a uma tribo amazônica isolada da qual não se pode esperar compreensão de nossas proibições do primeiro mundo contra a poligamia ou o canibalismo -apesar do fato de terem crescido entre nós".
Bem, sim, é mais ou menos como me sinto às vezes quando olho para meus filhos adolescentes. É um mundo diferente lá fora. É claro, isso não quer dizer que o canibalismo -ou o plágio- passaram a ser coisas boas. Mas, no último caso, sinto que se torna inevitável (embora lamentável), diante de nossas existências digitais. Minhas simpatias estão com Hegemann e as opiniões que ela defende.
Duas últimas coisas. Primeira, é tamanha a cacofonia reinante que acho que a única maneira de começar a pensar por mim mesmo é simplesmente sair do ar de vez em quando. A segunda é que a agregação é muito mais barata que a originalidade. Custa dinheiro narrar um fato, em vez de "agregá-lo". A economia do século 21 é uma máquina geradora de plágios. A questão é: o que acontece quando ninguém quer pagar para gerar conteúdo original e não há mais nada para plagiar?

domingo, 9 de maio de 2010

Dica da aluna Maria Carolina


Entrevista

ERIC HOBSBAWM: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx

“Marx não regressará como uma inspiração política para a esquerda até que se compreenda que seus escritos não devem ser tratados como programas políticos, mas sim como um caminho para entender a natureza do desenvolvimento capitalista”. A análise é de Eric Hobsbawm, considerado um dos maiores historiadores vivos.
Em entrevista ao sítio Sin Permiso, Hobsbawm analisa a atualidade da obra de Karl Marx e o renovado interesse que vem despertando nos últimos anos, mais ainda agora após a nova crise de Wall Street. E fala sobre a necessidade de voltar a ler o pensador alemão.
Hobsbawm é presidente do Birbeck College (London University) e professor emérito da New School for Social Research (Nova Iorque). Entre suas muitas obras, encontra-se a trilogia acerca do “longo século XIX”: “A Era da Revolução: Europa 1789-1848” (1962); “A Era do Capital: 1848-1874” (1975); “A Era do Império: 1875-1914 (1987) e o livro “A Era dos Extremos: o breve século XX, 1914-1991 (1994), todos traduzidos em vários idiomas.

Leia abaixo a entrevista concedida a Marcello Musto, reproduzida da Agência Carta Maior:

Marcello Musto - Duas décadas depois de 1989, quando foi apressadamente relegado ao esquecimento, Karl Marx regressou ao centro das atenções. Livre do papel de intrumentum regni que lhe foi atribuído na União Soviética e das ataduras do “marxismo-leninismo”, não só tem recebido atenção intelectual pela nova publicação de sua obra, como também tem sido objeto de crescente interesse. Em 2003, a revista francesa Nouvel Observateur dedicou um número especial a Marx, com um título provocador: “O pensador do terceiro milênio?”. Um ano depois, na Alemanha, em uma pesquisa organizada pela companhia de televisão ZDF para estabelecer quem eram os alemães mais importantes de todos os tempos, mais de 500 mil espectadores votaram em Karl Marx, que obteve o terceiro lugar na classificação geral e o primeiro na categoria de “relevância atual”. Em 2005, o semanário alemão Der Spiegel publicou uma matéria especial que tinha como título “Ein Gespenst Kehrt zurük” (A volta de um espectro), enquanto os ouvintes do programa “In Our Time” da rádio 4, da BBC, votavam em Marx como o maior filósofo de todos os tempos. Em uma conversa com Jacques Attali, recentemente publicada, você disse que, paradoxalmente, “são os capitalistas, mais que outros, que estão redescobrindo Marx” e falou também de seu assombro ao ouvir da boca do homem de negócios e político liberal, George Soros, a seguinte frase: “Ando lendo Marx e há muitas coisas interessantes no que ele diz”. Ainda que seja débil e mesmo vago, quais são as razões para esse renascimento de Marx? É possível que sua obra seja considerada como de interesse só de especialistas e intelectuais, para ser apresentada em cursos universitários como um grande clássico do pensamento moderno que não deveria ser esquecido? Ou poderá surgir no futuro uma nova “demanda de Marx”, do ponto de vista político?

Eric Hobsbawm - Há um indiscutível renascimento do interesse público por Marx no mundo capitalista, com exceção, provavelmente, dos novos membros da União Européia, do leste europeu. Este renascimento foi provavelmente acelerado pelo fato de que o 150° aniversário da publicação do Manifesto Comunista coincidiu com uma crise econômica internacional particularmente dramática em um período de uma ultra-rápida globalização do livre-mercado. Marx previu a natureza da economia mundial no início do século 21, com base na análise da “sociedade burguesa”, cento e cinqüenta anos antes. Não é surpreendente que os capitalistas inteligentes, especialmente no setor financeiro globalizado, fiquem impressionados com Marx, já que eles são necessariamente mais conscientes que outros sobre a natureza e as instabilidades da economia capitalista na qual eles operam.
A maioria da esquerda intelectual já não sabe o que fazer com Marx. Ela foi desmoralizada pelo colapso do projeto social-democrata na maioria dos estados do Atlântico Norte, nos anos 1980, e pela conversão massiva dos governos nacionais à ideologia do livre mercado, assim como pelo colapso dos sistemas políticos e econômicos que afirmavam ser inspirados por Marx e Lênin. Os assim chamados “novos movimentos sociais”, como o feminismo, tampouco tiveram uma conexão lógica com o anti-capitalismpo (ainda que, individualmente, muitos de seus membros possam estar alinhados com ele) ou questionaram a crença no progresso sem fim do controle humano sobre a natureza que tanto o capitalismo como o socialismo tradicional compartilharam. Ao mesmo tempo, o “proletariado”, dividido e diminuído, deixou de ser crível como agente histórico da transformação social preconizada por Marx.
Devemos levar em conta também que, desde 1968, os mais proeminentes movimentos radicais preferiram a ação direta não necessariamente baseada em muitas leituras e análises teóricas. Claro, isso não significa que Marx tenha deixado de ser considerado como um grande clássico e pensador, ainda que, por razões políticas, especialmente em países como França e Itália, que já tiveram poderosos Partidos Comunistas, tenha havido uma apaixonada ofensiva intelectual contra Marx e as análises marxistas, que provavelmente atingiu seu ápice nos anos oitenta e noventa. Há sinais agora de que a água retomará seu nível.

Marcello Musto - Ao longo de sua vida, Marx foi um agudo e incansável investigador, que percebeu e analisou melhor do que ninguém em seu tempo o desenvolvimento do capitalismo em escala mundial. Ele entendeu que o nascimento de uma economia internacional globalizada era inerente ao modo capitalista de produção e previu que este processo geraria não somente o crescimento e prosperidade alardeados por políticos e teóricos liberais, mas também violentos conflitos, crises econômicas e injustiça social generalizada. Na última década, vimos a crise financeira do leste asiático, que começou no verão de 1997; a crise econômica Argentina de 1999-2002 e, sobretudo, a crise dos empréstimos hipotecários que começou nos Estados Unidos em 2006 e agora tornou-se a maior crise financeira do pós-guerra. É correto dizer, então, que o retorno do interesse pela obra de Marx está baseado na crise da sociedade capitalista e na capacidade dele ajudar a explicar as profundas contradições do mundo atual?

Eric Hobsbawm - Se a política da esquerda no futuro será inspirada uma vez mais nas análises de Marx, como ocorreu com os velhos movimentos socialistas e comunistas, isso dependerá do que vai acontecer no mundo capitalista. Isso se aplica não somente a Marx, mas à esquerda considerada como um projeto e uma ideologia política coerente. Posto que, como você diz corretamente, a recuperação do interesse por Marx está consideravelmente – eu diria, principalmente – baseado na atual crise da sociedade capitalista, a perspectiva é mais promissora do que foi nos anos noventa. A atual crise financeira mundial, que pode transformar-se em uma grande depressão econômica nos EUA, dramatiza o fracasso da teologia do livre mercado global descontrolado e obriga, inclusive o governo norte-americano, a escolher ações públicas esquecidas desde os anos trinta.
As pressões políticas já estão debilitando o compromisso dos governos neoliberais em torno de uma globalização descontrolada, ilimitada e desregulada. Em alguns casos, como a China, as vastas desigualdades e injustiças causadas por uma transição geral a uma economia de livre mercado, já coloca problemas importantes para a estabilidade social e mesmo dúvidas nos altos escalões de governo. É claro que qualquer “retorno a Marx” será essencialmente um retorno à análise de Marx sobre o capitalismo e seu lugar na evolução histórica da humanidade – incluindo, sobretudo, suas análises sobre a instabilidade central do desenvolvimento capitalista que procede por meio de crises econômicas auto-geradas com dimensões políticas e sociais. Nenhum marxista poderia acreditar que, como argumentaram os ideólogos neoliberais em 1989, o capitalismo liberal havia triunfado para sempre, que a história tinha chegado ao fim ou que qualquer sistema de relações humanas possa ser definitivo para todo o sempre.

Marcello Musto - Você não acha que, se as forças políticas e intelectuais da esquerda internacional, que se questionam sobre o que poderia ser o socialismo do século 21, renunciarem às idéias de Marx, estarão perdendo um guia fundamental para o exame e a transformação da realidade atual?

Eric Hobsbawm - Nenhum socialista pode renunciar às idéias de Marx, na medida que sua crença em que o capitalismo deve ser sucedido por outra forma de sociedade está baseada, não na esperança ou na vontade, mas sim em uma análise séria do desenvolvimento histórico, particularmente da era capitalista. Sua previsão de que o capitalismo seria substituído por um sistema administrado ou planejado socialmente parece razoável, ainda que certamente ele tenha subestimado os elementos de mercado que sobreviveriam em algum sistema pós-capitalista.
Considerando que Marx, deliberadamente, absteve-se de especular acerca do futuro, não pode ser responsabilizado pelas formas específicas em que as economias “socialistas” foram organizadas sob o chamado “socialismo realmente existente”. Quanto aos objetivos do socialismo, Marx não foi o único pensador que queria uma sociedade sem exploração e alienação, em que os seres humanos pudessem realizar plenamente suas potencialidades, mas foi o que expressou essa idéia com maior força e suas palavras mantêm seu poder de inspiração.
No entanto, Marx não regressará como uma inspiração política para a esquerda até que se compreenda que seus escritos não devem ser tratados como programas políticos, autoritariamente ou de outra maneira, nem como descrições de uma situação real do mundo capitalista de hoje, mas sim como um caminho para entender a natureza do desenvolvimento capitalista. Tampouco podemos ou devemos esquecer que ele não conseguiu realizar uma apresentação bem planejada, coerente e completa de suas idéias, apesar das tentativas de Engels e outros de construir, a partir dos manuscritos de Marx, um volume II e III de “O Capital”. Como mostram os “Grundrisse”, aliás. Inclusive, um Capital completo teria conformado apenas uma parte do próprio plano original de Marx, talvez excessivamente ambicioso.
Por outro lado, Marx não regressará à esquerda até que a tendência atual entre os ativistas radicais de converter o anti-capitalismo em anti-globalização seja abandonada. A globalização existe e, salvo um colapso da sociedade humana, é irreversível. Marx reconheceu isso como um fato e, como um internacionalista, deu as boas vindas, teoricamente. O que ele criticou e o que nós devemos criticar é o tipo de globalização produzida pelo capitalismo.
Marcello Musto - Um dos escritos de Marx que suscitaram o maior interesse entre os novos leitores e comentadores são os “Grundrisse”. Escritos entre 1857 e 1858, os “Grundrisse” são o primeiro rascunho da crítica da economia política de Marx e, portanto, também o trabalho inicial preparatório do Capital, contendo numerosas reflexões sobre temas que Marx não desenvolveu em nenhuma outra parte de sua criação inacabada. Por que, em sua opinião, estes manuscritos da obra de Marx, continuam provocando mais debate que qualquer outro texto, apesar do fato dele tê-los escrito somente para resumir os fundamentos de sua crítica da economia política? Qual é a razão de seu persistente interesse?

Eric Hobsbawm - Desde o meu ponto de vista, os ''Grundrisse'' provocaram um impacto internacional tão grande na cena marxista intelectual por duas razões relacionadas. Eles permaneceram virtualmente não publicados antes dos anos cinqüenta e, como você diz, contendo uma massa de reflexões sobre assuntos que Marx não desenvolveu em nenhuma outra parte. Não fizeram parte do largamente dogmatizado corpus do marxismo ortodoxo no mundo do socialismo soviético. Mas não podiam simplesmente ser descartados. Puderam, portanto, ser usados por marxistas que queriam criticar ortodoxamente ou ampliar o alcance da análise marxista mediante o apelo a um texto que não podia ser acusado de herético ou anti-marxista. Assim, as edições dos anos setenta e oitenta, antes da queda do Muro de Berlim, seguiram provocando debate, fundamentalmente porque nestes escritos Marx coloca problemas importantes que não foram considerados no “Capital”, como por exemplo as questões assinaladas em meu prefácio ao volume de ensaios que você organizou (Karl Marx's Grundrisse. Foundations of the Critique of Political Economy 150 Years Later).

Marcello Musto - No prefácio deste livro, escrito por vários especialistas internacionais para comemorar o 150° aniversário de sua composição, você escreveu: “Talvez este seja o momento correto para retornar ao estudo dos “Grundrisse”, menos constrangidos pelas considerações temporais das políticas de esquerda entre a denúncia de Stalin, feita por Nikita Khruschev, e a queda de Mikhail Gorbachev”. Além disso, para destacar o enorme valor deste texto, você diz que os “Grundrisse” “trazem análise e compreensão, por exemplo, da tecnologia, o que leva o tratamento de Marx do capitalismo para além do século 19, para a era de uma sociedade onde a produção não requer já mão-de-obra massiva, para a era da automatização, do potencial de tempo livre e das transformações do fenômeno da alienação sob tais circunstâncias. Este é o único texto que vai, de alguma maneira, mais além dos próprios indícios do futuro comunista apontados por Marx na “Ideologia Alemã”. Em poucas palavras, esse texto tem sido descrito corretamente como o pensamento de Marx em toda sua riqueza. Assim, qual poderia ser o resultado da releitura dos “Grundrisse” hoje.

Eric Hobsbawm - Não há, provavelmente, mais do que um punhado de editores e tradutores que tenham tido um pleno conhecimento desta grande e notoriamente difícil massa de textos. Mas uma releitura ou leitura deles hoje pode ajudar-nos a repensar Marx: a distinguir o geral na análise do capitalismo de Marx daquilo que foi específico da situação da sociedade burguesa na metade do século XIX. Não podemos prever que conclusões podem surgir desta análise. Provavelmente, somente podemos dizer que certamente não levarão a acordos unânimes.

Marcello Musto - Para terminar, uma pergunta final. Por que é importante ler Marx hoje?
Eric Hobsbawm - Para qualquer interessado nas idéias, seja um estudante universitário ou não, é patentemente claro que Marx é e permanecerá sendo uma das grandes mentes filosóficas, um dos grandes analistas econômicos do século 19 e, em sua máxima expressão, um mestre de uma prosa apaixonada. Também é importante ler Marx porque o mundo no qual vivemos hoje não pode ser entendido sem levar em conta a influência que os escritos deste homem tiveram sobre o século 20. E, finalmente, deveria ser lido porque, como ele mesmo escreveu, o mundo não pode ser transformado de maneira efetiva se não for entendido. Marx permanece sendo um soberbo pensador para a compreensão do mundo e dos problemas que devemos enfrentar.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
Texto: Fonte: Carta Maior / Postado em 30/09/2008 ás 18:44

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Dica de um aluno

Claudionor envia esse link de uma reportagem sobre o processo de democratização no Brasil pós-ditadura.

Leiam em http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/EdicaoNoticiaIntegra.asp?id_artigo=8267

abrs

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Resposta ao mail de uma aluna - Para todos

"Por favor, preciso que vc me oriente em como posso melhorar minha compreensão dos textos acadêmicos, pois confesso que estou tendo um pouco de dificuldade. Geralmente quando estou lendo acho um pouco complicado, porém quando vc começa a explicar vejo que não é nenhum
bicho de sete cabeças.

Tem alguma forma de leitura que possa facilitar minha compreensão?"

Recebi esse mail de uma aluna e, como eu sempre acho que a dúvida e dificuldade de um pode ser de mais pessoas, resolvi escrever não só para ela, mas para todos da turma através do blog.

Primeira questão: é compreensível que, em especial no primeiro semestre, o aluno tenha dificuldade de entender alguns textos. É comum, também, entender apenas parte de um texto e não a totalidade dele. Os textos mais complexos o aluno vai compreender na íntegra somente depois de alguns anos, quando já leu e estudou os autores com os quais o autor lido inicialmente estava a dialogar.

Então, não fiquem apavorados quando não entenderem todo o texto. A dica é: continuar o esforço, ampliando o leque de autores que analisam a temática e, em especial, responder a seguinte questão sempre que estiver lendo algum texto: quais são as idéias centrais defendidas pelo autor? Que dados e argumentos o autor oferecer para sustentar essas idéias?

Ao fazer isso, o aluno deixa para um segundo plano as questões secundárias ou até terciárias de um texto. Elas sempre vão existir. Por isso, considero central identificar as idéias centrais, são elas que nos interessam.

Outra questão: usem dicionários comuns e dicionários específicos. Sites de busca na internet também podem ajudar. Uma série de palavras podem ter significados muito diferentes daqueles significados usados pelo senso comum para determinadas palavras. Por que isso acontece? Porque no conhecimento científico usamos conceitos e conceito não é o mesmo que significado literal de uma palavra. Por exemplo, o conceito de Real na psicanálise lacaniana é algo como: “tudo aquilo que é impossível de ser representado por palavras e imagens”. O que isso tem a ver com aquilo que as pessoas consideram real? Nada, não é?

Nas primeiras aulas do semestre, tratamos, ainda que rapidamente, de um texto de Alain Coulon, que trata sobre as fases pelas quais os alunos passam ao ingressar na universidade. Vocês, em boa medida, estão em plena fase de estranhamento. Mas, em breve, precisam sair dessa fase para entrar na fase de afiliação intelectual.

Quem não leu esse texto, precisa ler, ainda está na nossa Xerox. Trata-se da introdução do livro A condição do estudante, lançado pela Edufba. Também sugeri a leitura do texto Trabalhos acadêmicos, de Silva e Silveira, que também está na pasta do componente na Facom. Esse último texto dá algumas dicas de como estudar e ler textos acadêmicos.

Por fim I: é fundamental expor as dificuldades em sala para o professor. Os mais tímidos, falem pessoalmente ou mandem mails,como fez nossa colega. Não fiquem em silêncio, fazendo de conta que estão entendendo tudo. Mas, para isso, é preciso ler os textos obrigatórios e levar as dúvidas para a sala de aula. Muitos alunos não estão lendo os textos e, para esses, só tenho uma coisa a dizer: depois não dizem que eu não avisei! Isso não é uma ameaça, apenas uma constatação daquilo que aconteceu nos anos anteriores nas minhas turmas.

E por fim II: todos os cursos de nível superior são difíceis. Não existe essa coisa de cursos mais fáceis. Curso superior é curso superior, se assim pretende ser chamado e considerado.

Era isso, um abraço e bons estudos.

Leandro