domingo, 20 de março de 2011

No A Tarde de hoje

Harvard é herdeira do Iluminismo

Rosane Santana Graduada em jornalismo e mestre em história pela Ufba.

Estudou na Universidade de Harvard entre 2007 e 2009

Há quase uma década, sucessivamente, a Universidade de Harvard é apontada por professores, pesquisadores e estudantes de todo omundocomoa melhor universidade do planeta, disputando o podium com outras destacadas instituições de ensino superior norte-americanas, a exemplo do vizinho Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), também situado na cidade de Cambridge, no leste dos Estados Unidos, no pequeno Estado de Massachusetts, famoso por abrigar em seu território e imediações mais de uma centena de universidades.

Estudei inglês acadêmico na Universidade de Harvard, entre 2007 e 2009, preparandome para iniciar pesquisas na área de globalização e política, sobretudo as novas possibilidades de ativismo político propiciadas pela revolução tecnológica.

Abundância Há na Universidade de Harvard magnificência e riqueza material abundante – patrimônio em torno de US$ 30 bilhões, depois da crise de 2008 –, colocados à disposição da inteligência, além de rigor e disciplina nos métodos de ensino, os chamados diálogossocráticosemsalade aula, voltados essencialmente para a formação do que os professores chamam de critical thinking (pensamento crítico). Mas eu não cairia na tentação de fazer comparações com universidades brasileiras, onde não há carência de cérebros (a inteligência humana é universal), mas de recursos materiais e tecnológicos.

A sociedade norte-americana e suas instituições são herdeiras do Iluminismo europeu e sua aposta na capacidade de progresso e superação do ser humano, através da razão e da inteligência. Por isso, atribui à educação um espaço sagrado, um altar, entre os seus mais altos valores.

O historiador norte-americano John Lukács diz que, nos EUA, “desde o início do século XX, a mania nacional de educação havia se tornado parte do credo norte-americano”, abraçado por gente de todos os matizes políticos, republicanos e democratas, capitalistas e socialistas.

Para o bem ou para o mal, nossa sociedade é filha do catolicismo barroco e, na melhor das hipóteses, do reformismo ilustrado de Sebastião de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal.

A Universidade de Coimbra, que formou a elite política fundadora do Estado brasileiro, no final do século XVIII e início do XIX, sempre esteve atrasada em relação a universidades europeias de seu tempo, como Oxford e Cambridge, na Inglaterra, que disputam com as norte-americanas as melhores posições no ranking .

Portugal, de braços dados com a Igreja Católica, ficou à margem das ideias e revoluções que sacudiram a Europa e nos legaram as tranformações políticas e culturais da revolução francesa e a revolução norte-americana.

Promessa Em 300 anos de colonização portuguesa, instituições de ensinosuperior,emterritório brasileiro, só foram permitidas após a chegada da Família Real, em 1808.

No final do século XIX, em 1872, apenas 16% da população do Brasil era alfabetizada.

Universidades, como a USP, surgiram nos anos 30 do século XX, com a ascensão da burguesia industrial. São ainda muito jovens em comparação cominstituições de ensino europeias e norte-americanas.

Essa é a nossa origem, a nossa formação. Transformála requer um trabalho conjunto e sucessivo de inúmeras gerações, que é fundamental para um verdadeiro protagonismo brasileiro no mundo. Sem isso, o Brasil será sempre uma promessa, a ilusão de um país do futuro.

Não há mágicas, saídas mirabolantes, jogadas populistas.

É preciso, sobretudo, mudar a mentalidade de uma sociedade que relega a educação ao último lugar em sua escala de valores, onde os jovens do sexo masculino sonham em ser jogadores de futebol e os do sexo feminino,dançarinas de pagode.

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