sexta-feira, 29 de abril de 2011

sobre dúvidas das memórias

oi pessoas, algumas das dúvidas de alguns alunos sobre as memórias.

precisa ser entregue digitado e nas normas da ABNT? prefiro que todos digitem as memórias mas, se alguém estiver sem computador, pode entregar escrito a mão, desde que a letra seja bem legível. O texto não precisa ser escrito em formato de artigo ou dentro das normas da ABNT. Pode ser um diário de bordo.

qual a diferença entre memória e ata? na memória você precisa explicar conceitos, aprofundar algumas questões centrais que apareceram em nossas aulas e nas palestras. na ata você apenas registra que tal questão foi explicada, mas não trata de COMO ela foi explicada.

fui matriculado depois no início do semestre. preciso entregar a memória de todas as aulas? os alunos nessa situação devem fazer um resumo dos textos de leitura obrigatória das aulas que eles faltaram em virtude da matrícula ter sido posterior. os alunos que faltaram a conferência do professor naomar devem fazer um resumo do texto dele que integra o mesmo arquivo do texto do professor boaventura, cujo link está em nosso cronograma.

qual o tamanho do texto das memórias? o tamanho que você considerar o necessário para explicar e sistematizar as idéias centrais discutidas em cada aula e/ou palestra/atividade. obviamente, todos precisarão gastar algumas boas páginas para fazer isso, não é? vou ler elas com atenção e, como dizem os alunos, "com muito carinho".

lembro novamente que a data de entrega das memórias foi adiada para dia 9 de maio.

mais alguma dúvida? postem nos comentários e respondo assim que puder.

bom trabalho, leandro

quinta-feira, 28 de abril de 2011

aviso urgente

pessoas
na próxima segunda, dia 2 de maio, inicia o nosso II seminário de pesquisa do ihac. todos devem participar. as atividades iniciam com uma abertura no auditório do paf 3, às 18h30, e depois nesse mesmo local teremos uma mesa redonda sobre universidade. Outras mesas sobre universidade ocorrem no mesmo horário. confiram a programação em http://seminarioihac.blogspot.com/ e façam as suas inscrições.

ficará muito complicado recolher as memórias, por isso, fica adiada a entrega para dia 9 de maio, com a necessidade de incluir a noite desse seminário nesse primeiro trabalho das memórias, ok?
um abraço, leandro

terça-feira, 19 de abril de 2011

Sobre racismo

Pessoas.
Ontem começamos a debater as cotas.
Hoje sai esse texto na Folha de S. Paulo.
Para combatermos o racismo e outros preconceitos, uma pergunta é vital para cada um de nós: o meu discurso, as minhas práticas, a minha forma de ler o mundo é influenciado/a pelas relações de poder racistas? Terminei a aula de ontem dizendo para alguns alunos: às vezes reproduzimos discursos racistas e nem sabemos. Pensem nisso. O combate ao racismo começa no questionamento dos nossos discursos.
Um abraço, Leandro




TENDÊNCIAS/DEBATES
É o racismo, estúpidos!

JOSÉ VICENTE



O racismo é perigosamente destrutivo e enganador; tanto quanto repudiá-lo, também é indispensável combatê-lo sem trégua e sem piedade


Dez anos depois da primeira Conferência Mundial contra o Racismo e a Xenofobia de Durban, África do Sul, as mazelas e os perigos do racismo acenderam a luz vermelha e a ONU, instituindo 2011 como o Ano Internacional dos Afrodescendentes, volta a conclamar a comunidade de nações a se debruçar sobre os equívocos e a ineficiência das políticas antirracistas, por conta do recrudescimento dos níveis de racismo e discriminação racial contra os negros no mundo.
Recentes bananas oferecidas aos jogadores brasileiros Neymar e Roberto Carlos, as agressões verbais, os sons imitativos de macacos e as vaias das torcidas nas praças esportivas contra jogadores negros dão a dimensão da gravidade da situação, obrigando a Fifa e órgãos ligados ao esporte a tomar medidas severas para prevenção, punição e combate ao racismo, dentro e fora dos gramados.
Surrealismo, ambiguidade, hipocrisia, cinismo, desfaçatez, indiferença e tantos outros adjetivos jorram na literatura quando se analisa a tão vilipendiada trajetória do negro no Brasil. Todos apontam o racismo e ninguém consegue encontrar um racista. Junta-se a eles, a partir de agora, a estupidez.
Estúpido, este foi o adjetivo com que o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT/SP), definiu seu colega Jair Bolsonaro (PP/ RJ), por ocasião de suas maldades racistas e preconceituosas contra a cantora negra Preta Gil e os homossexuais em geral por meio de veículos de comunicação de massa.
O adjetivo em questão, seguramente, pode ser estendido a seus colegas congressistas Jaime Campos (DEM/ MT), que se referiu ao ministro negro do STF, Joaquim Barbosa, como "moreno escuro", por ter esquecido seu nome, Marcos Feliciano (PSC/SP), que responsabilizou a África e os negros africanos por todos os males do mundo, e ao senador Demóstenes Torres (DEM/GO), que, no plenário do STF, disse que a mulher negra gostava de ser seviciada pelo senhor.
Como inocentes úteis, tais nada inocentes parlamentares, protegidos pela impunidade, destilam em praça pública os venenos que reservavam para ambientes privados.
Flertando com os veículos de comunicação, são a fina e rejuvenescida flor daquela corrente que faz um mau uso do direito de expressão para fins pessoais inconfessáveis, colocando o mandato popular a fomentar, voluntária ou involuntariamente, mas de modo igualmente irresponsável, o ódio racial.
Como a resultante dos estúpidos é a estupidez, a retórica dissimulada em ideia livre e democrática é, na verdade, a correia de transmissão para os também estúpidos integrantes das gangues organizadas que, em São Paulo, no ambiente cibernético e à luz do dia, pregam e praticam a perseguição, a agressão e a eliminação de negros, de judeus e de homossexuais.
É o combustível que encoraja os estúpidos das forças policiais, que, na Bahia, conforme noticiou esta Folha, dizimam a juventude negra brasileira. É o estímulo final aos seguranças de shopping centers e supermercados de grife, que vigiam os negros nas passarelas e batem em sua caras nas salas de segurança e em estacionamentos.
O racismo é perigosamente destrutivo e sutilmente enganador. Ele tateia sutilmente pelas frestas e se mistura sinuosamente como naturalidade cotidiana; tanto quanto repudiá-lo, é indispensável combatê-lo sem trégua e sem piedade.
Sem diminuí-lo e sem ignorá-lo. A ONU e a Fifa estão corretas, assim como o deputado Vaccarezza. É o racismo, estúpidos!


JOSÉ VICENTE, advogado, mestre em administração e doutorando em educação pela Universidade Metodista de Piracicaba, é reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares.

Apenas um exemplo

Pessoas lindas

Eis aqui um exemplo muito elucidativo daquilo que eu falava ontem sobre a formação profissional (no caso aqui de um jornalista, mas que pode ser pensado para muitas outras profissões. Pense em como um psicólogo, sociólogo, médico ou artista poderia lidar com esse tema da mesma forma que a dita jornalista).

Por isso, a pergunta: de que vale a formação técnica se a compreensão dos problemas do mundo é tão limitada/problemática e, em especial SIMPLIFICADORA? Por isso, precisamos enfrentar a COMPLEXIDADE do mundo (o que nos dá muito mais trabalho) e combatermos a SIMPLIFICAÇÃO do mundo. Aguardo os comentários.

http://www.youtube.com/watch?v=K6kRpsoqeC8&feature=player_embedded

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Nosso cronograma - esqueci da atividade da próxima semana

Pessoas
na próxima segunda, dia 25, teremos mais uma atividade no auditório do PAF 1 (mesmo local onde tivemos a palestra com Messias). Iremos exibir o filme Utopia e barbárie e depois debateremos com a presença no professor Umbelino. Eu esqueci de lembrar vcs dessa atividade na aula de hoje. Aproveito para publicar novamente o nosso cronograma.
Leandro 




CRONOGRAMA DE AULAS DE ESTUDOS DA CONTEMPORANEIDADE I - 2011.1
PROFESSOR LEANDRO COLLING - leandro.colling@gmail.com
SEGUNDAS – 18H30 ÀS 22H30, sala 104, PAF 3

MARÇO

14 – Acolhimento dos estudantes/apresentação do programa do componente/exibição de filme sobre o que é contemporaneidade.
21 – O que caracteriza a contemporaneidade? Discussão da reportagem O que é ser contemporâneo?, de Patrícia Mariuzzo (enviado pro e-mail da turma e disponível em http://luz.cpflcultura.com.br/o-que-e-ser-contemporaneo-,1.html.) Leitura complementar AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo e outros ensaios. Chapecó: Argos, 2009, p. 55 a 73 (enviado para mail da turma).
28 – Mesa redonda sobre a formação dos profissionais dos Bis – Auditório do PAF1

ABRIL

4 – O contemporâneo nas lentes de Milton Santos – Exibição de filme e discussão do texto: SANTOS, Milton. Por uma outra globalização – do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000, p. 37 a 78. (texto enviado para o mail da turma - Leitura obrigatória é a parte III – leitura complementar – todo o restante do livro)
9 – sábado pela manhã – conferência com professor Naomar na reitoria (local a confirmar)
11 – Por que a crise na educação é um problema contemporâneo? Debate sobre conferência do professor Naomar e aula expositiva sobre Universidade e conhecimento. Discussão do texto SANTOS, Boaventura. A universidade do século XXI. Disponível em http://www.boaventuradesousasantos.pt/media/A%20Universidade%20no%20Seculo%20XXI.pdf (leitura complementar, texto de Naomar no mesmo livro)
18 - Idem
25 – Mesa redonda e debate de filme no auditório do PAF 1

MAIO

2 – Seminário de pesquisa e extensão do IHAC. Atenção: antes de ir ao seminário, entrega da primeira memória das aulas. 
9 – O que é, afinal, interdisciplinaridade? Discussão do texto POMBO, Olga. Interdisciplinaridade e integração dos saberes. (enviado para mail da turma e disponível em http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/investigacao/porto%20alegre.pdf)

14 – sábado pela manhã – conferência com professor Albino Rubim na reitoria (local: reitoria da ufba-canela)
16 – Por que a cultura se transforma em um problema contemporâneo? Tudo é cultura? Discussão do texto Coelho, Teixeira.A cultura e seu contrário: cultura, arte e política pós-2001. São Paulo: Iluminuras/Itaú Cultural, 2008, p.  17 a 48. (livro enviado para mail da turma)
23 – Mesa redonda no auditório do PAF 1.
30 – Exibição de filme e debate no auditório do PAF 1.

JUNHO

6 – Continuação das discussões sobre cultura - Discussão do texto Coelho, Teixeira. A cultura e seu contrário: cultura, arte e política pós-2001. São Paulo: Iluminuras/Itaú Cultural, 2008, p.49 a 68. (livro enviado para mail da turma)
13 - Diversidade cultural – Discussão do texto Canclini, Nestor Garcia.Diversidade e direitos na interculturalidade global, páginas 143 a 151, publicado no Observatório Itaú Cultural, número 8. Esse texto está disponível on line no http://www.itaucultural.org.br/bcodemidias/001516.pdf
20 – O que é, afinal, identidade cultural. A questão das identidades de gênero e sexual. Aula expositiva com exibição de curta-metragem.
27 – Continuação das discussões. Entrega da segunda memória das aulas. Solução de dúvidas para a prova.

JULHO
4 - Prova
11 – Entrega de provas e memórias. Avaliação geral do semestre.

Formas de avaliação:

Primeira nota:
Participação em sala através da leitura e discussão de textos e responsabilidade em trazer questões suscitadas pelos textos de leitura obrigatória: até 3 pontos (três)
Memória das aulas: cada uma vale até 3,5 pontos.

Segunda nota: prova geral – até 10 pontos.

Sobre o que falávamos na aula passada - um exemplo na Folha de hoje


França bloqueia trem com imigrantes 

Autoridades suspenderam por toda a tarde de ontem tráfego ferroviário vindo da Itália para evitar chegada de tunisianos

Estrangeiros faziam parte de protesto que, segundo os franceses, não tinha permissão; Itália critica medida


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Autoridades francesas bloquearam durante toda a tarde de ontem o tráfego ferroviário proveniente da Itália para evitar a chegada de um trem com cerca de 60 imigrantes tunisianos, que participavam de protesto pela liberdade de acesso à Europa.
Vinda da cidade de Ventimiglia -no norte italiano, a sete quilômetros da divisa com a França-, a manifestação, batizada de "Trem da Dignidade", seguiria até Marselha, no sul da França.
Desde as revoltas na Tunísia que, em 14 de janeiro, derrubaram o ditador Zine El Abidine Ben Ali, a Itália tem recebido imigração maciça de tunisianos, que tentam escapar da instabilidade política em seu país de origem.
Calcula-se que cerca de 30 mil imigrantes da Tunísia já tenham sido redistribuídos por abrigos em diversas regiões da Itália. A grande maioria deles chegou de barco à ilha italiana de Lampedusa, mais próxima do norte da África do que da Sicília.
O Ministério do Interior francês alegou que os manifestantes vindos da Itália -ao todo, cerca de 300, somando os imigrantes- não tinham permissão para o ato.
Segundo a França, além disso, a decisão de reter o trem com os tunisianos provocou manifestações na região de Menton (cidade francesa na fronteira com a Itália), o que obrigou a suspender os trens temporariamente para "evitar incidentes".
A decisão dos franceses foi criticada pelo ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, que manifestou seu "firme protesto" contra a interrupção do tráfego ferroviário, e pelo presidente do Conselho Europeu, o belga Herman Van Rompuy.
Van Rompuy afirmou que os franceses não devem "exagerar o perigo das migrações" e instou o país ao cumprimento dos acordos europeus sobre o assunto.
"Nem Itália nem França fizeram nada de ilegal até agora, mas há o risco de não respeitar o espírito dos tratados sobre livre circulação de pessoas", disse o político belga.

Sobre o que falávamos na aula passada - um exemplo


França bloqueia trem com imigrantes 

Autoridades suspenderam por toda a tarde de ontem tráfego ferroviário vindo da Itália para evitar chegada de tunisianos

Estrangeiros faziam parte de protesto que, segundo os franceses, não tinha permissão; Itália critica medida


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Autoridades francesas bloquearam durante toda a tarde de ontem o tráfego ferroviário proveniente da Itália para evitar a chegada de um trem com cerca de 60 imigrantes tunisianos, que participavam de protesto pela liberdade de acesso à Europa.
Vinda da cidade de Ventimiglia -no norte italiano, a sete quilômetros da divisa com a França-, a manifestação, batizada de "Trem da Dignidade", seguiria até Marselha, no sul da França.
Desde as revoltas na Tunísia que, em 14 de janeiro, derrubaram o ditador Zine El Abidine Ben Ali, a Itália tem recebido imigração maciça de tunisianos, que tentam escapar da instabilidade política em seu país de origem.
Calcula-se que cerca de 30 mil imigrantes da Tunísia já tenham sido redistribuídos por abrigos em diversas regiões da Itália. A grande maioria deles chegou de barco à ilha italiana de Lampedusa, mais próxima do norte da África do que da Sicília.
O Ministério do Interior francês alegou que os manifestantes vindos da Itália -ao todo, cerca de 300, somando os imigrantes- não tinham permissão para o ato.
Segundo a França, além disso, a decisão de reter o trem com os tunisianos provocou manifestações na região de Menton (cidade francesa na fronteira com a Itália), o que obrigou a suspender os trens temporariamente para "evitar incidentes".
A decisão dos franceses foi criticada pelo ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, que manifestou seu "firme protesto" contra a interrupção do tráfego ferroviário, e pelo presidente do Conselho Europeu, o belga Herman Van Rompuy.
Van Rompuy afirmou que os franceses não devem "exagerar o perigo das migrações" e instou o país ao cumprimento dos acordos europeus sobre o assunto.
"Nem Itália nem França fizeram nada de ilegal até agora, mas há o risco de não respeitar o espírito dos tratados sobre livre circulação de pessoas", disse o político belga.

domingo, 17 de abril de 2011

Nosso autor da semana na FSP de hoje

TENDÊNCIAS/DEBATES
Portugal precisa de ajuda 

BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS



Embora precise de ajuda, as medidas de austeridade e a intervenção do FMI em nada contribuirão para melhorar a sua credibilidade econômica

Portugal precisa de ajuda, mas não da ajuda que acaba de pedir à União Europeia e ao FMI.
A crise da dívida europeia desabou sobre Portugal de uma maneira violenta, e o país está a ser usado como estudo de caso do que está mal no atual sistema financeiro internacional. Nos últimos meses, Portugal foi vítima do componente mais perverso do sistema de avaliação de riscos: a notação por contágio -definir o risco financeiro atribuído a um país em função daquilo que se passa noutro.
A perversidade consiste em criar dificuldades reais a um país a partir de um risco inventado, que só se torna real depois de declarado.
É reconhecido por todos que o problema português não é financeiro, é econômico. Não está, por exemplo, no horizonte a falência dos seus bancos de referência.
O problema português é a competitividade da sua economia, por estar inserida numa moeda excessivamente forte. Sendo assim, as medidas de austeridade e a intervenção do FMI em nada contribuirão para melhorar a credibilidade financeira e econômica do país.
Aliás, é isso o que já se passa com a Grécia. O que neste momento se está a definir como "solução" para a crise que o país atravessa não fará mais que aprofundá-la.
A um brasileiro ou a uma brasileira não soará estranho o seguinte itinerário. A intervenção do FMI começará com declarações solenes de que a situação do país é muito mais grave do que se tem dito.
As medidas impostas serão a privatização do que resta do setor empresarial e financeiro do Estado, a máxima precarização do trabalho, o corte nos serviços e subsídios públicos, o que pode levar, por exemplo, a que o preço dos transportes suba de um dia para o outro para o triplo, despedimentos na função pública, cortes nas pensões e nos salários (a começar pelos subsídios de férias e de Natal, um "privilégio" que os jovens do FMI não entendem) e a transformação do Serviço Nacional de Saúde em residual.
Tudo se fará para obter o "seal of approval" do FMI, que restabelece a confiança dos credores no país. O objetivo não é que pague as dívidas (sabe-se que nunca as pagará), mas antes que vá pagando os juros e se mantenha refém do colete de forças para mostrar ao mundo que o modelo funciona.
Perante o agravamento previsível da crise, como buscar uma saída que restitua aos portugueses a dignidade de existir? Não discuto aqui quem serão os agentes políticos democráticos que tomarão as medidas necessárias.
As medidas são as seguintes.
Realizar uma auditoria da dívida externa que permita reduzi-la à sua proporção real, por exemplo, descontando todos os efeitos de rating por contágio de que o país foi vítima nos últimos meses.
Resolver as necessidades financeiras de curto prazo contraindo empréstimos, sem as condicionalidades do FMI, com países dispostos a acreditar na capacidade de recuperação do país, tais como a China, o Brasil e Angola.
Tomar a iniciativa de promover um diálogo entre os países do sul da Europa, depois alargado a toda a União Europeia, no sentido de refundar o projeto europeu, pois o atual está morto. Promover a criação de um mercado de integração regional transcontinental, tendo como base a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e como carros-chefes Brasil, Angola e Portugal.
Usar, como recurso estratégico nessa integração, a requalificação da especialização industrial, em função do extraordinário avanço do país nos últimos anos nos domínios da formação avançada e da investigação científica (hoje 1,7% do PIB e previsivelmente 3% em 2020).


BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS, sociólogo português, é diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (Portugal) . É autor, entre outros livros, de "Para uma Revolução Democrática da Justiça" (Cortez, 2007).

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Na FSP de hoje


CONTARDO CALLIGARIS 

Realengo 



A matança nos dá uma lição sobre os riscos do aparente consolo oferecido pelo fanatismo moral e religioso


1) EM MARÇO de 2009, em Wendlingen, Alemanha, um jovem de 17 anos entrou no colégio do qual ele tinha sido aluno e começou uma matança que terminou com seu suicídio e custou a vida a 15 pessoas.
Na época, notei que, para os suicidas-assassinos de massa, encarnar o anjo da morte é sempre uma demonstração pública. E perguntei: uma demonstração de quê?
Pois é, num mundo dominado por máscaras e aparências, talvez os únicos eventos que se destaquem por serem indiscutivelmente reais sejam o nascimento e a morte. Nessa ótica, as meninas, para nos obrigar a levá-las a sério, podem engravidar e dar à luz. Quanto aos meninos, o que lhes sobra para serem levados a sério é morrer ou matar.
Por isso as meninas pensam no amor, e os meninos, na guerra; as meninas sonham em ser mestres da vida, os meninos sonham em ser mestres da morte.
Em suma, atrás da singularidade das razões de cada um, os suicidas-assassinos (todos homens) parecem agir na tentativa desesperada de se levarem a sério e de serem, enfim, levados a sério: "O mundo me despreza e me desprezará mais ainda, mas, diante de meu ato mortífero, não poderá negar que sou gente grande, um "macho de respeito'".
Mais um detalhe. Cada vez mais, a preservação da vida parece ser nosso valor supremo. Todos estão dispostos a qualquer coisa para não morrer; não é estranho que, de repente, aos olhos de alguns, a verdadeira marca de superioridade pareça ser a facilidade em matar e se matar.
2) É possível que a vida escolar de Wellington, o assassino de Realengo, tenha sido um suplício. Mas a simples vingança pelo bullying sofrido não basta para explicar seu ato. Eis um modelo um pouco mais plausível (e infelizmente comum).
Durante sua adolescência, um jovem é zombado pelos colegas e, sobretudo, pelas meninas que despertam seu desejo. Para se proteger contra a recusa e a humilhação, o jovem se interdita o que ele deseja e que lhe está sendo negado: "As meninas que eu gosto riem de mim e de meu desejo por elas; para não me transformar numa piada, farei da necessidade virtude: entrarei eu mesmo em guerra contra meu desejo. Ou seja, transformarei a exclusão e a gozação num valor: não fui rechaçado, eu mesmo me contive -por exemplo, porque quero me manter ilibado, sem mancha".
Wellington, o assassino de Realengo, na sua carta de despedida, pede para não ser contaminado por mãos impuras. Difícil não pensar no medo de ele ser contaminado por suas próprias mãos, e no fato de que a morte das meninas preservaria sua pureza, libertando-o da tentação.
A matança, neste caso, é uma maneira de suprimir os objetos de desejo, cuja existência ameaça o ideal de pureza do jovem. Ora, é graças a esse ideal que ele transformou seu fracasso social e amoroso numa glória religiosa ou moral. Como se deu essa transformação?
Simples. Para transformar os fracassos amorosos em glória, o fanatismo religioso é o cúmplice perfeito. Funciona assim: você é isolado? Sente-se excluído da festa mundana? Pois bem, conosco você terá uma igreja (real ou espiritual, tanto faz) que lhe dará abrigo; ajudaremos você a esquecer o desejo de participar de festas das quais você foi e seria excluído, pois lhe mostraremos que esse não é seu desejo, mas apenas a pérfida tentação do mundo. Você acha que foi rechaçado? Nada disso; ao contrário, você resistiu à sedução diabólica. Você acha que seu desejo volta e insiste? Nada disso, é o demônio que continua trabalhando para sujar sua pureza.
Graças ao fanatismo, em vez de sofrer com a frustração de meus desejos, oponho-me a eles como se fossem tentações externas. As meninas me dão um certo frio na barriga? Nenhum problema, preciso apenas evitar sua sedução -quem sabe, silenciá-las.
Fanático (e sempre perigoso) é aquele que, para reprimir suas dúvidas e seus próprios desejos impuros, sai caçando os impuros e os infiéis mundo afora.
Há uma lição na história de Realengo -e não é sobre prevenção psiquiátrica nem sobre segurança nas escolas. É uma lição sobre os riscos do aparente consolo que é oferecido pelo fanatismo moral ou religioso. Dito brutalmente, na carta sinistra de Wellington, eu leio isto: minha fé me autorizou a matar meninas (e a me matar) para evitar a frustrante infâmia de pensamentos e atos impuros.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Na FSP de hoje

Peru vive onda de racismo pós-eleição

Vitorioso no primeiro turno, candidato Ollanta Humala é atacado na internet e em jornais por sua origem indígena

Esquerdista e filha de Fujimori farão 2º turno; para críticos dos dois, escolha é entre "perder dinheiro ou valores" 

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ENVIADA ESPECIAL A LIMA 

Uma onda de racismo tomou conta da internet, dos jornais e das redes sociais peruanas diante da vitória do candidato de esquerda, Ollanta Humala, no primeiro turno do pleito presidencial.
Humala, que é de origem indígena, disputará o segundo turno no dia 5 de junho com a candidata Keiko Fujimori, de direita. Ela é filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que cumpre 25 anos de prisão por corrupção e violações de direitos humanos.
Na internet, blogs e o Facebook amanheceram lotados de xingamentos aos "cholos" (termo depreciativo para se referir a indígenas) e "índios" favoráveis a Humala.
"Porcaria de cholo, se você for presidente eu prefiro ser preso", dizia um internauta. "Ollanta é um índio de merda, e todos os pobres votam nele porque ele vai tirar o dinheiro das pessoas normais", afirmava outro.
As manifestações eram semelhantes ao movimento no Twitter brasileiro contra os nordestinos que votaram na candidata Dilma Rousseff na eleição do ano passado.
Até os jornais peruanos entraram na guerra suja verbal. No editorial de ontem do jornal "Peru21", o diretor Fritz du Bois afirma: "É tão evidente a tentativa de Humala de se branquear e se apresentar como moderado, que é difícil dar resultados".
No diário "Correo", o diretor ultraconservador Aldo Mariátegui foi mais longe e disse que "já começou a operação de pentear o macaco".
Mais adiante, comparou Humala ao ditador alemão Adolf Hitler. "Isso me lembra quando a direita alemã tentou domar Hitler e o nomeou chanceler junto com o centrista Papen", escreveu. "A "lulificação" de Humala (...) não passa de uma miragem."
A onda de ofensas levou Gastón Acurio, o mais famoso chef peruano e um ídolo no país, a pedir calma em sua página no Facebook.
Os ataques a Humala geraram reações na parcela de centro-esquerda da população, que não votará em Keiko por considerá-la autoritária como seu pai -em um "autogolpe", Fujimori fechou o Congresso em 1992.
"Temos de escolher entre perder nosso dinheiro [com Humala, por causa da estatização da economia] ou perder nossos valores [com Keiko, por causa da corrupção]", disse o publicitário e escritor Gustavo Rodriguez.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Dúvida

Uma aluna ficou em dúvida sobre um trecho do texto do Giorgio Agamben. Não anotei a página do trecho.

Alguém lembra?

Duchamp

Oi pessoas

Ontem tivemos um gritado debate sobre Duchamp. Acordei pensando nele e resolvi procurar na net um texto pequeno que aprofunde um pouco o que falei ontem. Aproveito para informar que a obra O Urinol é de 1917.

http://www.substantivoplural.com.br/o-urinol-de-duchamp-e-a-arte-contemporanea/

Esse é um desafio de um estudante/professor interdisciplinar: quais os impactos dessas características do mundo contemporâneo nas artes, na sociologia, na psicanálise, na economia, na ciência e na tecnologia, na saúde?

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Aula de hoje

Olá pessoas
Já estou melhor (ainda não 100% pq a dose de criptonita foi grande) e hoje teremos aula normal.
Estive na palestra de Naomar no sábado e espero que todos tenham gostado. Algumas das questões que ele levantou teremos a oportunidade de aprofundar um pouco, assim que terminarmos esse nosso primeiro e pequeno bloco sobre o mapeamento de algumas características gerais da contemporaneidade:

No vídeo que passamos em aula, os professores (eu, inclusive), apontamos algumas dessas características. Vou apontar algumas delas abaixo, mas é importantíssimo que cada um saiba explicar o que estamos querendo dizer com isso, ok? Elas não estão em ordem de importância:

- valorização da micropolítica x desvalorização da macropolítica;
- pensamento único no nível macro;
- compressão do tempo / espaço;
- período é glocal;
- excesso de informações (excesso de luz);
- convergência tecnológica;
- impossibilidade de saber quem toma as decisões;
- mundialização do capital/internacionalização dos mercados;
- poder financeiro sobrepõe o poder do Estado;
- liberalização/desregulamentação;
- trabalhos nômades, flexíveis e precários;
- vida em tempo real;
- do espaço geográfico ao midiático;
- mídia como ator político;
- espetacularização da política;
- reino das sensações/imagens/simulacro x racionalidade/argumentação de ideias;
- crise na democracia representativa;
- reino da lógica das mercadorias e do consumo;
- homogenização cultural x singularidade;

quem não sabe o que cada um desses tópicos significa, por favor, se manifeste nas aulas e/ou por aqui.

abrs

quarta-feira, 6 de abril de 2011

como fazer as memórias

Oi pessoas

Aguns alunos mandam mail para saber como fazer as memórias das aulas, que irão compor uma das notas de nosso semestre. Vejam as datas de entrega no cronograma, em mensagem postada no mês de março de 2011 aqui no blog. Não aceitarei, de forma nenhuma, memórias fora dos prazos estipulados.

Trata-se de um texto livre, no qual o aluno aborda os assuntos que foram discutidos em sala e sistematiza os conhecimentos/discussões/conceitos/idéias centrais dos autores dos textos básicos e das reflexões levantadas em sala de aula pelo professor e pelos demais alunos da turma. Vejam que não se trata de um resumo dos textos, mas um diário de bordo das aulas. 


Cuidado: não façam uma ata, ata não é memória. O texto de uma ata diria que no dia tal o professor apresentou um vídeo com professores que trataram sobre as características do mundo contemporâneo (e só). E quais são essas características? Como você as explica? Essas questões devem ser respondidas na memória de uma aula como essa, sacaram? Sinceramente, não sei como determinados alunos pensam em fazer memórias sem anotar nada em sala. 


As memórias devem tratar de todas as atividades do componente, inclusive as realizadas em conjunto com as demais turmas. Quem foi matriculado depois do semestre iniciar, está liberado para apenas fazer, nesses respectivos dias, um resumo dos textos discutidos em sala naqueles dias.


Outra coisa: ontem, terça, abri uma pasta na xerox de Letras, com textos de Boaventura Souza Santos (o obrigatório e o opcional (opcional é o que foi publicado no livro Pela mão de Alice) e o capítulo do livro do Milton Santos, que iremos discutir na próxima aula.


Lembro a todos que teremos conferência do ex-reitor e professor Naomar no sábado, dia 9 de abril, às 9h, no auditório da reitoria, que fica no Canela.



segunda-feira, 4 de abril de 2011

urgente - minha ausência

pessoas
acordei com uma forte gripe e febre que não cessa.
não tenho condições de ministrar nossa aula hoje, dia 4 de abril.
por favor, avisem os colegas.
sugiro que vcs assistam as aulas do professor messias ou da professora ângela, que são ministradas no mesmo horário, em salas do mesmo andar no paf 3 (primeiro andar). temos mais ou menos o mesmo programa, ok? (passo cópia dessa mensagem para ele e ela).
para não atrasar tanto, peço que vejam o vídeo sobre milton santos, o link está em nosso blog: http://estudosdacontemporaneidade.blogspot.com/
conto com a compreensão de vcs
abrs, leandro

ps; nos vemos no sábado, dia 9 de abril, as 9h, na conferência do professor naomar, na reitoria da ufba, canela.

Milton Santos

Oi, vejam trechos do filme sobre Milton Santos

http://pagina50.blogspot.com/2011/03/assista-ao-documentario-sobre-milton.html