domingo, 20 de março de 2011

No A Tarde de hoje

EDUCAÇÃO Poucos investimentos e barreira do idioma são alguns dos empecilhos para que as instituições brasileiras integrem a relação das melhores do mundo

FABIANA MASCARENHAS E TÁSSIA CORREIA

Apesar do aumento na produção científica e do fortalecimento dos seus programas de pós-graduação, o Brasil ficou fora da lista das 200 melhores universidades do mundo elaborada pela publicação britânica educacional Times Higher Education (THE). As instituições brasileiras que chegaram mais próximo forama Universidade São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo (Unicamp), que ocuparamo 232º e 248º, respectivamente.

Se ocupar um lugar de destaque é uma realidade ainda distante para as instituições paulistas–comlarga tradição em pesquisa –, as universidades baianas têm um caminho ainda mais longo a percorrer.

Apesar de terem pesquisadores e cursos reconhecidos nacional e internacionalmente, as instituições de ensino do Estado ainda não fazem parte nem mesmo da lista das dez melhores universidades brasileiras.

Os avanços existem e são reconhecidos por boa parte dos pesquisadores,mashá algumasimportantes barreiras que impedem o País – e as universidades baianas em especial – de integrar o ranking das melhores instituições de ensino do mundo. A começar pelas diferenças do valor investido em educação.

“O Brasil investe 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB).

Precisamos nos próximos dez anos que esse percentual dobre para chegar ao desejável", comentou o presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), Mário Neto Borges. Os EUA, por exemplo, investem cerca de 3% do PIB em educação superior.

Quando se toma como referência os estados brasileiros, a situação não é diferente.

De acordo com o último levantamento do Confap para orçamentos executados–correspondente ao período de 2007 a 2009 –, a Bahia ocupa o quarto lugar no ranking nacional em volume de investimentos na área, com R$ 136,5 milhões.

Investimento Apesar disso, o Estado ainda aparece com distância significativa para os primeiros colocados.

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), que aparece na terceira posição da lista, por exemplo, investiu quase cinco vezes mais que a baiana, com R$ 648 milhões no mesmo período. São Paulo desponta com R$ 1,9 bi e o Rio de Janeiro aparece em segundo com R$ 787 milhões.

“Além de ser necessário investir mais nos estados nordestinos, o governo precisa investir nas universidades estaduais. Somente na Bahia temos quatro instituições de ensino estaduais, mas o recurso disponibilizado ainda é muito pequeno a ponto de atingirmos um patamar de excelência”, comenta o reitor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Lourisvaldo Valentim.

O fato de o País não ter domínio na língua inglesa éum outro fator que reduz a competitividade.

“Os países que estão melhor representados no ranking são de língua inglesa, o que torna a produção científica mais acessível de uma maneira global. Esse fator nos distancia das universidades mais conceituadas porque a maioria dos artigos acadêmicos é publicada e citada em inglês”, explica a reitora da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Dora Leal.

A língua também é uma barreira no que se refere à internacionalização, que é a capacidade de atrair alunos e funcionários de outros países, um dos critérios normalmente utilizados nos rankings para avaliar as universidades.

No Imperial College (9º no ranking), de Londres, há alunos de 158 países diferentes no campus. Em Harvard, 19% são de fora dos EUA.

Em Stanford, 21%. A Ufba teve 141 estudantes estrangeiros em 2010, não à toa, em sua maioria de países como Espanha e Portugal.

“Ao contrário de outros países, a comunidade acadêmica brasileira ainda não domina a língua inglesa, o que dificulta o intercâmbio entre estudantes e o aumento da visibilidade da pesquisa brasileira em publicações científicas em bases de dados internacionais”, pontua o pró-reitor de ensino de pós-graduação da Ufba, Robert Verhine.

Um comentário:

  1. Ainda há muito que caminhar Brasil... O investimento em educação, ao meu ver, seria o ponto de partida para mudar esse quadro. Dessa forma, com alunos mais preparados, a pesquisa seria consequencia comum.

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