sexta-feira, 17 de abril de 2009

Fichamento do texto de Maffesoli

Oi pessoas. Muitos alunos e alunas tiveram dificuldades de entender o texto do Maffesoli, que não é um autor complicado de entender. Eu acredito que boa parte das dificuldades se devem ao fato do estudante não ler o texto com um certo método. Ler um texto acadêmico requer um método que muitas vezes os alunos que ingressam na universidade ainda não possuem. Para tentar ajudar, eu resolvi compartilhar o meu fichamento do texto. Ele está com alguns acréscimos para explicar o texto em detalhes. Eu sugiro que todos, ao lerem um de nossos textos, façam algo semelhante. Tenho certeza que assim os textos serão bem mais facilmente compreendidos. E lembrem-se: sempre é necessário ter um dicionário ao lado. Ou todos já sabiam o que significa "prometéico", "exações", "deidade", "anódinas", "hieratismo", etc etc?? Buscas no google para conceitos também são interessantes. Por exemplo: o que é compensação no sentido freudiano?

Fichamento do texto de Maffesoli, A teatralização da vida cotidiana.

Qual é o principal argumento do texto?

A teatralidade é o fio condutor da vida cotidiana. Tanto isso é verdade que ela pode ser encontrada em vários domínios da vida, tais como na política, na imprensa, na rua e dentro de nossas casas.

Como ele sustenta o seu argumento? Como ele tenta nos convencer? Que dados, exemplos, raciocínios etc ele nos oferece?

Ele usa termos caros ao teatro para construir seus argumentos. Alguns deles: drama, paixão, ritual, encenação, representação e espetáculo.

- na vida cotidiana, o drama e a paixão estão sempre presentes. São eles quem dão consistência às grandes categorias econômicas e culturais usadas, em geral, pelos sociólogos, para analisar as relações sociais;

- os ritos não são uma novidade na vida cotidiana. Eles tiveram uma importante função social. Por exemplo, os ritos dos sacrifícios e suplícios, sempre teatralizados, tiveram a função de reconstituir a soberania social abalada pelo crime. Os nossos ritos diários fazem o mesmo, ou seja, permitem a comunicação, as trocas entre os seres humanos, nos tornam seres sociais;

- os ritos também estão muito presentes nas religiões. Os religiosos produzem os ritos para ligar o divino (deidade) com os profanos;

- o sagrado e o jogo se encontram no momento em que funcionam como um espaço de ludismo para que os seres humanos resistam ao grande poder “prometéico” (referência ao mito de Prometeu, que teria roubado o fogo do Olimpo para entregá-lo ao povo). Isso gera a necessidade da compensação, no sentido de Freud (é preciso encontrar fugas para suportar a vida cotidiana, ou melhor, bem no sentido freudiano, para suportar as repressões que alicerçaram a construção de nossa subjetividade);

- a repetição (importantíssima no teatro), a exemplo dos ditos populares, provérbios, etc, constituem o fundamento da teatralidade;

- a encenação de papéis também ocorre na vida privada, a exemplo das relações entre marido e mulher. O exemplo que ele oferece sobre a mulher que faz de conta que nunca ouviu o marido contar uma anedota aos amigos é bem sintomático;

- as encenações que as pessoas realizam não são falsas, ou necessariamente falsas, mas a expressão da duplicidade de papéis que assumimos cotidianamente.

- as profissões também sobrevivem graças à teatralidade (não só a dos palhaços, mas todas);

- as teatralizações ocorrem muito na política:

1) e isso não é novo, pois os regimes políticos, inclusive os revolucionários, logo instituíram seus rituais, cerimônias, festas, grandes figuras;

2) nas eleições a teatralização fica ainda mais evidente, via espetacularização da política:

a) o apelo eleitoral é mais pelo afeto do que pelo intelecto;

b) mais vale tocar o eleitor do que convencê-lo;

c) vota-se em quem oferece o melhor espetáculo;

d) vota-se ou não vota-se por falta de paixão, emoção e afeto na eleição e não pela falta de debate;

- na imprensa, os protagonistas no espetáculo político estão bem claros em seus papéis: o que tem caráter, o sensível, o sábio, o gozador etc.

Quais os argumentos paralelos que valem a pena ser destacados?

Grandes categorias explicativas não dão conta de analisar as relações sociais. Veja o exemplo da questão do marido e da mulher. Trata-se mais de uma duplicidade estratégica do que qualquer outra coisa. A relação entre dominado e dominante não é unívoca;

Proposta do autor é fazer uma sociologia do imaginário, “abrindo, assim, um vasto campo de investigação de uma parte desconhecida que, até então, parecia indigna de uma abordagem explicitamente científica” (p. 132)

O objeto de estudo, portanto, está em todo “microrritual da vida cotidiana” (p. 134).

2 comentários:

  1. Caro professor

    Gostaria de sabe em qual livro de Maffesoli poderia encontrar esse texto.

    Grato

    GFrancisco

    ResponderExcluir